Eletrobras (ELET6): em busca de “arrumar a casa”, companhia coloca foco em transmissão
março 15, 2023Em uma longa teleconferência de apresentação dos resultados do 4T22, realizada nesta terça (14), a Eletrobras (ELET6) centrou em mostrar os avanços na reorganização da empresa.
Não houve comentário de uma possível ação do governo de reversão da privatização, que está no radar do novo governo. Por outro lado, a ex-estatal, nesse primeiro momento, apontou a transmissão como alvo de investimentos e expansão física.
O programa de demissão voluntária (PDV) segue de vento em popa e prevê 2 mil aposentados e aposentáveis desligados da Eletrobras até abril – a metade do total já se desligou. A partir daí, Wilson Ferreira Junior, CEO da empresa, disse que um novo PDV será criado que pode enxugar até 20% da folha de pagamento da empresa, com cerca de 9 mil funcionários, já excluindo os que se afastaram no primeiro PDV.
O outro tema ligado à organização da empresa é o famigerado Empréstimo Compulsório da Eletrobras (ECE), que tem estoque de contingência no balanço da empresa de R$ 25,8 bilhões no 3T22 e que no 4T22 caiu para R$ 24,3 bilhões devido a acordos judiciais feitos pela empresa. No entanto, a resolução dos processos prossegue ao longo dos próximos anos.
Não estão no item acima as dívidas da Amazonas Energia, concessionária que deve a Eletrobras R$ 7,736 bilhões e que também exigiu da ex-estatal nova provisão no balanço.
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Segundo a companhia apresentou na teleconferência de resultados do 4T22, desde maio de 2022, a Amazonas Energia apresenta adimplência com as despesas correntes de fornecimento de energia; e desde dezembro de 2022 realiza pagamento de valores adicionais às despesas correntes.
Wilson Ferreira reconheceu o resultado atípico no 4T22 por conta de reservas de recursos, que apresentam resultados financeiros não recorrentes e incluem provisão de R$ 2,5 bilhões nas dívidas da Amazonas Energia, R$ 1,2 bilhão para o PDV e R$ 469 milhões com perda de investimentos na UHE Teles Pires, que a empresa passou a deter em dezembro 100% da operação em uma negociação com a Neoenergia.
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Prioridade em transmissão
No primeiro momento, entre geração e transmissão da Eletrobras, o segundo deve ganhar prioridade. “Nós precisamos investir naquilo que traz rentabilidade de longo prazo”, disse Wilson Ferreira Junior. “A gente está olhando isso, conversando com parceiros, para ter competitividade”, complementou sobre a questão de investir em linhas de transmissão a partir de leilões. O próximo leilão de transmissão da Aneel ocorre em 31 de outubro, mas na sexta (17) tem-se início da consulta pública para o certame.
Para o CEO, o negócio de transmissão “traz estabilidade ao resultado” da empresa. “O que não vamos ter é entrar como minoritário em leilão de transmissão”, comentou. “Estamos trabalhando para ser competitivo no leilão”, complementou. Em 2022, o segmento de transmissão teve investimento de R$ 2 bilhões pela Eletrobras, contra R$ 1,3 bilhão em 2021 – investimentos em geração, em 2022, o outro principal negócio da companhia, foram de R$ 1,1 bilhão.
“Foi um pouco mais longo hoje, mas necessário caracterizar esse processo de mudança”, justificou a extensa apresentação na teleconferência. De um lado, ele ressalta a redução de custo com pessoal, e ações de opex e capex, com negociações diversas ocorrendo com fornecedores e prestadores de serviço para redução de recursos em operação e manutenção.
“A estratégia (da Eletrobras), em fase final de conclusão, reforça a linha de crescimento na área de renováveis e transmissão”, concluiu.
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