Tesouro Direto: piso de prefixados cai a 12,36% em meio a quebra do SVB e expectativa de nova regra fiscal

Tesouro Direto: piso de prefixados cai a 12,36% em meio a quebra do SVB e expectativa de nova regra fiscal

março 13, 2023 Off Por JJ

A semana começa com o mercado acompanhando discussões políticas sobre a nova âncora fiscal do País. A expectativa é a de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresente uma primeira proposta nos próximos dias.

Na cena externa, os desdobramentos da falência do banco SVB também estão no radar dos investidores. Os índices futuros dos Estados Unidos operam com sinais distintos nesta manhã desta segunda-feira (13), após abrirem em alta de forma a reverter parte das perdas do pregão anterior, depois que os reguladores anunciaram um plano para apoiar todos os depositantes do Silicon Valley Bank (SVB) e disponibilizar financiamento adicional para outros bancos.

No Tesouro Direto, os títulos públicos começam a semana aprofundando a queda vista na semana anterior. Na primeira atualização do dia, o piso dos prefixados, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 12,36% ao ano, um recuo de 17 pontos-base (0,17 ponto percentual) em relação aos 12,53% de sexta-feira (10).

Os juros mais altos era do Tesouro Prefixado 2033, de 13,10% ao ano, abaixo dos 13,20% da sessão anterior.

Entre os títulos atrelados à inflação, o maior juro oferecido era do IPCA+ 2045, de 6,44% ao ano, abaixo do registrado na sessão anterior, de 6,50%.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (13):

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Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

O peso do SVB

A falência do Silicon Valley Bank, nos Estados Unidos, está afetando negativamente o mercado. “Os mercados devem reagir mal e será possível ver qual vai ser a extensão desse problema, se haverá contágio ou não. O SVB foi o primeiro, mas o Signature Bank também apresentou problemas no domingo (12) e já há indicação de que mais bancos vêm por aí”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

Mayara Rodrigues, analista de research de renda fixa da XP, usou as redes sociais para explicar o movimento de queda das taxas futuras de juros (ao longo de toda a extensão da curva), visto desde a semana passada.  Para ela, o movimento foi direcionado, principalmente, pelas perspectivas de apresentação da nova âncora fiscal e pela maior probabilidade de antecipação do início do ciclo de afrouxamento monetário no País pelo Banco Central.

“Na seara internacional, houve aumento da aversão ao risco em decorrência da quebra de do banco americano Silicon Valley Bank, maior instituição financeira dos EUA a quebrar desde a crise financeira de 2008”. Por isso, avalia Mayara, os investidores correram para a segurança dos títulos públicos, fazendo seus preços subirem e, por consequência, reduzindo seus rendimentos (yields).

Focus

A projeção de inflação para 2023 feita pelo analistas de mercado foi elevada de 5,90% para 5,96% nesta semana, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (13) no Relatório Focus, do Banco Central. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu a mesma para os anos de 2024 e 2025 e subiu novamente em 2026..

A projeção de inflação oficial de 2024 foi mantida em 4,02% e a de 2025 permaneceu em 3,80%. A de 2026 avançou para 3,79% ante os 3,77% da semana anterior.

Especificamente para os preços administrados, a projeção do IPCA manteve a tendência de alta verificada há 15 semanas e passou de 9,05% para 9,13%. Há um mês, a projeção estava em 8,53%. A estimativa para 2024 foi mantida em 4,40%. A de 2025 ficou nos mesmos 3,94% e a de 2026 estacionou em 4,0%.

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Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa nesta manhã de evento em que a reforma tributária e seus desafios serão debatidos. “Entendo quando ruído sobre medidas econômicas faz preço, mas deveria ser menor”, disse o ministro. Segundo ele, o olhar deveria se voltar para as medidas do governo que estão sendo apresentadas ao Congresso.

Haddad disse também que não está no planos de governo implantar a CPMF e que a reforma tributária pode ser votada na Câmara em junho ou julho.

O ministro criticou a quantidade de impostos que são pagos na fase de investimento: “Está punindo o investidor, punindo o exportador, o industrial, as famílias de baixa renda, que consomem mais produtos industriais do que serviços”.

Agenda

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado votará amanhã (14) um requerimento para que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, seja convidado a comparecer ao Congresso para explicar por que a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano.

Investidores se preparam para a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, prevista para amanhã. O consenso Refinitiv prevê que o índice de fevereiro registre um avanço de 0,4% sobre janeiro. Esse é um dado de destaque para a próxima decisão de juros do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA. A próxima reunião da autoridade monetária está prevista para os dias 21 e 22 de março.

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam mistos na sessão de hoje, com os reguladores dos EUA anunciando planos para apoiar tanto os depositantes quanto as instituições financeiras associadas ao Silicon Valley Bank, vistas como uma medida para conter riscos sistêmicos.

O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,96%, liderado pelas ações de tecnologia, e o índice Hang Seng Tech subiu mais de 3%. Na China continental, a Bolsa de  Shanghai subiu 1,2%, para fechar em 3.268 pontos.

Enquanto isso, os mercados do Japão lideraram as perdas na região, o Topix caiu 1,51%, para fechar em 2.001 pontos, vendo as ações do Softbank caindo 2,3%, pois os investidores continuam avaliando os temores de contágio. O Nikkei 225 caiu 1,11%, para fechar em 27.383 pontos.

Europa

Os mercados europeus operam com baixa, também com os investidores globais se concentrando nas consequências do colapso do Banco do Vale do Silício.

O banco de compensações Bank of London confirmou no domingo (12) que protocolou uma proposta para a compra da subsidiária britânica do Silicon Valley Bank (SVB), fechado na última sexta-feira (10) por reguladores americanos.

Em comunicado, a instituição informou que a oferta foi feita em parceria com um consórcio de empresas de private equity às autoridades do Reino Unido, entre elas o Tesouro, a Autoridade de Regulação Prudencial e o Banco da Inglaterra (BoE), além do Conselho de administração do SVB.

Investidor estrangeiro

O investidor estrangeiro ingressou com R$ 4,9 milhões na B3 (que volta a operar em seu horário normal, encerrando o pregão regular às 17h, horário de Brasília) no dia 9/3. Assim, o saldo de ingresso de estrangeiros na B3 soma R$ 91,4 milhões em março, mas no ano totaliza R$ 10,9 bilhões.

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Já o institucional retirou R$ 470 milhões dia 9/3, elevando as saídas em março (R$ 832 milhões) e no acumulado do ano (R$ 11,6 bilhões). Investidor PF ingressou com R$ 243 milhões no dia 9 – quando a bolsa caiu 1,38% –, elevando o saldo do mês a R$ 19,4 milhões e do ano a R$ 897 milhões