Tesouro Direto: na volta das negociações, prefixados chegam a 13,42%; mercado aguarda coletiva do Banco Central
fevereiro 16, 2023Após quase meia hora de paralisação, as negociações dos títulos públicos via Tesouro Direto voltaram a funcionar às 15h27. A suspensão acontece em função da forte volatilidade nos preços e nas taxas.
Na volta dos negócios, os juros da maioria dos prefixados apresentava alta. A exceção era o Tesouro Prefixado 2026, que oferecia o menor valor entre esses ativos, 12,81% ao ano, ligeiramente abaixo dos 12,82% registrados nesta quarta-feira (15). Os juros dos prefixados 2029 e 2033 eram igualmente de 13,42%, acima dos 13,39% e 13,36%, respectivamente, vistos na véspera.
Já o piso mínimo oferecido por papéis atrelados à inflação era de 6,05% ao ano, a mesma entregue pelo Tesouro IPCA+2029 na sessão desta quarta-feira.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (16):
O mercado está em compasso de espera por conta da primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), do novo governo. Na véspera, o ministro voltou a afirmar que a taxa de juro real de 8% no Brasil é inexplicável. Segundo ele, as maiores economias do mundo e os países emergentes, em sua maioria, têm metas de inflação de 2% e 3%, mas possuem juros reais negativos. A expectativa é de que não haja mudança na meta de inflação. O Banco Central marcou uma coletiva de imprensa para as 18h.
À CNN, Lula disse que o presidente do BC deve cumprir a meta de inflação, tendo noção de que a meta não pode ser a razão para aumentar a taxa de juros. Presidente afirmou que, “se ele topar, quando eu for levar o meu governo para visitar os lugares mais miseráveis desse país, vou levá-lo para ele ver. Ele tem que saber que a gente, nesse país, tem que governar para as pessoas que mais necessitam”. Lula, à CNN, disse ainda que quer que Roberto Campos Neto cumpra a lei que aprovou a independência do Banco Central: “Ele tem que cuidar da inflação, do crescimento, do emprego.”
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O dia começou com a divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um indicador prévio de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que subiu 0,29% em dezembro na comparação com novembro, informou nesta quinta-feira (16) o Banco Central do Brasil.
A alta foi maior que a esperada pelo mercado, que projetava crescimento de 0,10%, segundo o consenso Refinitiv. Em novembro, o indicador tinha mostrado queda de 0,55%. Com o resultado de dezembro, o IBC-Br mostra variação de +2,90% no acumulado de 2022. Em relação a dezembro de 2021, o índice teve crescimento de 1,42%.
“Como já era esperado, o IBC-Br aponta para uma importante desaceleração da atividade econômica no último trimestre de 2022, mas a magnitude da queda sugerida pelo indicador destoa das demais do mercado, revelando alguma fragilidade no ajustamento sazonal do índice”, diz João Savignon, Head de Pesquisa Macroeconomica da Kínitro Capital.
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Para o PIB do quarto trimestre de 2022, a expectativa é de alta. “Pela ótica da oferta, nossa projeção tem como destaque o avanço da agropecuária e leva em conta uma contração da indústria e baixo crescimento de serviços no período. Pela ótica da demanda, destaque para o desempenho do setor externo, com os componentes da demanda doméstica mostrando recuo no trimestre”, ressalta Savignon.
No cenário externo, o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,7% em janeiro, segundo dados dessazonalizados e divulgados hoje pelo Bureau of Labor Statistics. Em uma base não ajustada, o índice de demanda final aumentou 6,0% nos 12 meses encerrados em janeiro de 2023. O consenso Refinitiv apontava para uma alta menor, de 0,4% no mês e de 4,9% no ano.
O núcleo do PPI ficou em 0,5% na comparação mensal e em 5,4% na anual. O índice de demanda final exceto alimentos, energia e serviços comerciais subiu 0,6% em janeiro 2023, o maior avanço desde a alta de 0,9% em março de 2022. Para os 12 meses encerrados em janeiro de 2023, os preços para a demanda final nessa medição aumentaram 4,5 por cento.
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“Dados do índice de Preço ao Produtor (PPI) nos EUA vieram mais fortes do que o esperado, indicando juros altos por mais tempo. Ao contrário do que é visto no Brasil, dados de atividade econômica muito fortes nos Estados Unidos, nesse momento, indicam maior dificuldade para conter a inflação, podendo impactar diretamente na decisão de juros para as próximas reuniões do Fed, o Banco Central dos Estados Unidos”, diz Renan Suehasu, planejador financeiro e sócio da A7 Capital.
Segundo Renan, o mercado aguarda noticias a respeito da primeira reunião do CMN, uma vez que há grandes expectativas a respeito de uma possível revisão da meta de inflação. “Mesmo que já tenha sido mencionado, pelo ministro Haddad, que esse assunto não está em pauta na reunião, vale lembrar que temos visto uma pressão forte do governo sob o BC para uma queda na Selic”.
Para o especialista, essa redução dificilmente ocorrerá enquanto houver sinais de inflação acima da meta. “Porém, uma possível revisão da meta de inflação pode gerar uma descredibilidade do BC em relação ao mercado”.
Haddad
O mercado, nesta quinta-feira, repercute ainda as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicando que o governo federal deve antecipar para março a apresentação de um novo arcabouço fiscal para o país. O mecanismo deverá substituir o teto de gastos – regra fiscal implementada em 2016 que limita a evolução de despesas em um exercício ao desempenho da inflação no ano anterior.
Na noite desta quarta-feira (15), Haddad afirmou, em jantar do grupo Esfera, que a vitória do presidente Lula fará com o que o País volte a crescer. “O Brasil, mais uma vez, vai ter chance de dar certo. O presidente Lula é pé quente”, disse. Segundo ele, as portas da ministério que comanda, antes fechadas, mesmo em governos petistas, estão abertas, conforme registrou o Estadão Conteúdo. “Se ninguém ceder em um acordo, não há acordo. O Brasil precisa disso. Se espíritos estiverem desarmados, não teremos dificuldades. A Fazenda é um ministério aberto, antes era muito fechado, mesmo com o PT”, disse.
IPC-Fipe sobe 0,51% na 2ª quadrissemana de fevereiro
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,51% na segunda quadrissemana de fevereiro, desacelerando marginalmente ante à alta de 0,52% observado na primeira quadrissemana deste mês, segundo dados publicados nesta quinta-feira (16) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Juros EUA
Segundo projeções do FedWatch, do CME Group, os juros que hoje estão na faixa de 4,50-4,75% devem chegar a 4,75-5,00% na reunião a ser realizada em 22 de março pelo Fed (Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos), ou seja, uma alta de 0,25 ponto-base. As chances de haver uma elevação maior, para 5,00%-5,25%, estão em 9,2%. Para a reunião de 3 de maio, a perspectiva predominante (71,5%) é de que a taxa de juros chegue a 5,00%-5,25%.