Tesouro Direto: em dia de paralisação nas negociações, títulos públicos apresentam alta; prefixado 2025 tem retorno de 13,06%
dezembro 9, 2022
Sexta-feira (9) de grandes decisões para o Brasil. Além da turbulência nos campos do Catar, onde a seleção foi eliminada da Copa do Mundo pela Croácia, o mercado financeiro reage às escolhas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para os ministérios no governo de 2023.
Para a Fazenda, Lula anunciou o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Ele era o mais cotado para o cargo e o nome mais criticado pelos investidores, já que agentes acreditam que ele tem perfil mais político do que técnico.
O mercado reagiu tão mal às declarações do presidente eleito que as negociações dos títulos públicos via Tesouro Direto chegaram a ser suspensas por aproximadamente meia hora, pouco antes da hora do almoço. A interrupção foi em função da forte volatilidade nos preços e nas taxas.
Além de Haddad, Lula escolheu o atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), para a Casa Civil; o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), para o Ministério da Justiça e Segurança Pública; José Múcio Monteiro, ex-presidente do Tribunal de Contas da União, para o Ministério da Defesa; e o embaixador Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores.
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Para além dos anúncios, o mercado repercute o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,41% em novembro na comparação com o mês anterior. O percentual está abaixo do esperado pelo mercado. Já nos últimos 12 meses, a inflação oficial subiu 5,90%.
Os dados também mostraram que houve queda no índice de difusão – que mede o percentual de itens que registraram aumento de preços – e que fechou novembro em 59%. Esse foi o valor mais baixo já registrado pelo indicador desde novembro de 2021.
Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Investimentos, destaca também que os núcleos – que procuram captar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios de choques temporários – desaceleraram na comparação com o mês anterior. Para ele, os números divulgados hoje reforçam a ideia de que o processo de desaceleração da inflação está em curso, mas que vai ocorrer de forma lenta.
Às 15h25, a maior parte dos títulos públicos opera com os juros em alta. Entre os papéis atrelados à inflação, o único a apresentar ligeira queda era o IPCA+2026, com 6,09%. Na véspera, o retorno do papel era de 6,10%.
Já a taxa real mais elevada era oferecida pelo Tesouro IPCA+2045. O título entregava um retorno real de 6,27%, acima dos 6,24% registrados ontem (8).
O maior retorno oferecido por prefixados era de 13,06% ao ano, valor que era pago pelo Tesouro Prefixado 2025. Um dia antes, o papel oferecia uma remuneração de 13,05% ao ano.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, o mercado não terá mais grandes movimentos hoje. “Na parte da manhã, os DIs estavam caindo, por conta do IPCA, que veio melhor do o esperado. O IPCA impacta a curva de juros de curto prazo. E na curva de longo ainda temos que digerir os riscos fiscais que a PEC da Transição representa para as contas do governo. Os DIs mais curtos caem por conta do IPCA e os mais longos sobem em razão das incertezas diante do orçamento de 2023”, observa o especialista.
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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (9):
PEC
Outro destaque também para a informação do jornal Folha de S.Paulo que diz que aliados de Lula entraram em campo para tentar impedir que o julgamento sobre as emendas de relator no Supremo Tribunal Federal (STF) abale os planos do petista de construir uma base política em seu novo governo.
A ideia é mostrar a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que Lula não atuou contra as emendas de relator junto ao Supremo.
Em relação a texto, uma das principais preocupações do novo governo é a possibilidade de redução do prazo para a ampliação dos gastos, de dois anos para um ano. Segundo apurações do jornal Valor Econômico, o futuro relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na Câmara, deputado Elmar Nascimento (União Brasil -BA), teria interesse em diminuir o prazo.
Eventuais mudanças do texto na Câmara obrigariam o retorno da matéria ao Senado, o que colocaria em risco o prazo para a promulgação do texto na Câmara.
IPCA
Já na cena econômica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,41% em novembro na comparação com outubro, informou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses foi a 5,90%. No ano, a inflação está em 5,13%.
A alta mensal veio abaixo da expectativa do mercado, que era de uma inflação de 0,53% em outubro e de 6,01% em 12 meses, segundo o consenso Refinitiv.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete tiveram alta em novembro. Os grupos Transportes (0,83%) e Alimentação e Bebidas (0,53%) foram os que impactaram de forma mais expressiva o índice do mês. Juntos, os dois contribuíram com cerca de 71% do IPCA de novembro.
Estados Unidos
Enquanto isso, na cena externa, agentes do mercado aguardam a divulgação do relatório do índice de preços ao produtor de novembro, que fornecerá mais informações sobre a eficácia da política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) em domar a alta de preços nos Estados Unidos.
Na próxima semana, mais dados de inflação e a reunião do Federal Open Market Committee (Fomc, na sigla em inglês) são as principais preocupações dos traders. O relatório do índice de preços ao consumidor de novembro, previsto para terça-feira (13), mostrará ainda se a inflação está desacelerando.
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Espera-se que o Fed promova um aumento menor da taxa de juros de 0,5 ponto percentual em 14 de dezembro, o último deste ano. Nos encontros anteriores, a autoridade monetária americana optou por adotar uma política mais dura de ajuste, com altas de 0,75 ponto percentual.