Movida (MOVI3): depreciação e juros derrubam lucro e ações fecham em baixa de 8% após resultado

Movida (MOVI3): depreciação e juros derrubam lucro e ações fecham em baixa de 8% após resultado

novembro 8, 2022 Off Por JJ

Apesar de resultados operacionais considerados neutros, as ações da Movida (MOVI3) registraram forte queda, de até 12,4%, na sessão desta terça-feira (8), com os analistas destacando como negativo principalmente a linha do lucro líquido no terceiro trimestre de 2022 (3T33). Os ativos MOVI3 fecharam o pregão com baixa de 8,09%, a R$ 12,39.

A empresa de aluguel e seminovos de carros teve um lucro líquido de R$ 94 milhões, queda anual de 64% e trimestral de 50%, ficando 30% abaixo da estimativa da XP.

A baixa ocorreu por uma queda acentuada na margem Ebitda (Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita líquida) de seminovos com a normalização das vendas de carros, depreciação maior do que a esperada na frota de aluguel de carros (R$ 8.200 por carro, alta de 63% anualmente) e custos financeiros em ascensão (avanço de 30% no trimestre).

Em resumo, a retração se deu principalmente devido ao aumento nas despesas financeiras líquidas, reflexo da contínua elevação da taxa de juros do Brasil e do aumento dos custos com depreciação.

O Credit Suisse ressaltou que já tinha uma expectativa alta para depreciação e despesas de juros, mas esses foram ainda maiores do que o previsto. Embora reconheçam a surpresa positiva no Ebitda do aluguel de carros (RAC) em relação às estimativas, apontou que o grande aumento na depreciação e o consequente baixo lucro líquido seriam o foco dos investidores no pregão pós-balanço.

Neste contexto, os analistas comentam que após uma depreciação por carro RAC de R$ 5 mil no 2T22, a Movida aumentou consideravelmente a depreciação sequencialmente enquanto que, como porcentagem do valor bruto da frota, ela subiu de 5,7% para 9,2%, o que surpreendeu negativamente. A queda nas margens dos seminovos foi outro fator esperado, mas com magnitude maior do que estimava (de 16,7% no 2T22 versus 9,7% no 3T22).

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Os analistas ainda comentam que esperavam um aumento da sua frota em 2,5 mil carros no 3T22, mas o crescimento foi mais forte, em 5,8 mil carros.  O crescimento mais robusto também levou a um maior aumento sequencial na dívida líquida de R$ 1,6 bilhão versus projeção do Credit de R$ 580 milhões. Com isso, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Movida atingiu 3,1 vezes neste trimestre versus 3 vezes no 2T22.

No trimestre, a Movida apresentou crescimento de receita líquida e Ebitda impulsionados pelo crescimento da frota (+26,4% no ano) e aumentos das tarifas, principalmente no RAC que atingiu R$ 139,0 (alta de 44% no ano). O crescimento da tarifa pressionou a taxa de ocupação, porém o número de diárias no trimestre mostra uma demanda aquecida no setor de
locação que deve abrir espaço para novos aumentos na alta temporada do 4T22, avalia a Eleven Financial.

“Apesar desses resultados, a margem Ebitda consolidada apresentou uma redução de 4 pontos percentuais, principalmente pela normalização mais rápida que o esperado no segmento de seminovos, o qual encerrou o trimestre com 9,7% de margem Ebitda (versus 16,7% no 2T22 e versus 12,0% das nossas estimativas). A normalização já era esperada pela companhia, que
renovou a sua frota e agora retoma o ritmo de depreciação dos veículos novos. O aumento da margem Ebitda do RAC de 2,2 p.p. compensou a queda de 1,0 p.p. do GTF (gestão e terceirização de frotas), que sofreu impacto de maiores despesas com mídia e pessoal, além de custos com implantação de frota”, destaca a Eleven.

A Levante aponta que os resultados da companhia estão atrelados à estratégia de crescer em um ambiente macroeconômico desfavorável, “sendo que em algum lugar há de se pagar o preço”.

“Na nossa visão, ficamos tranquilos ao ver que a parte operacional da companhia se mantém favorável, com repasse de preços nas tarifas, ocupação em patamares confortáveis, e cada vez mais a empresa se firmando como a segunda principal competidora do mercado tanto de RAC quanto de GTF. Quando olhamos para o financeiro, por mais que a alavancagem e a depreciação em alta possam assustar alguma parte dos investidores, nós vemos a Movida com um perfil de dívida alongado, uma posição de caixa suficiente para pagar as obrigações dos próximos 3,5 anos, e não vemos grandes preocupações em relação à liquidez”, destaca a casa de análise.

Além disso, aponta, a companhia tem gerado caixa operacional se contar apenas o capex [investimentos em capital] de renovação, ou seja, a partir do momento que a empresa pare de crescer, ela se torna uma geradora de caixa.

“Por conta de um cenário de alta de juros e elevada inflação, acreditamos que agora não seja o melhor momento para a organização em termos de resultado, fazendo com que, quando o ciclo se torne favorável, o papel fique ainda mais descontado em comparação aos seus pares”, avalia, destacando ainda que a Movida negocia com um grande desconto em relação ao seu principal concorrente, a Localiza (RENT3).

A Eleven tem recomendação de compra para a Movida, com preço-alvo de R$ 25, ou um potencial de valorização de 85,5% frente o fechamento da véspera. Por outro lado, o Credit Suisse tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 16, ou potencial de valorização de 19%.

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