Ibovespa chega a subir 3% com notícia sobre “nova carta aos brasileiros” de Lula, mas fecha em alta menor, de 1,66%; dólar cai 1,39%
outubro 27, 2022O Ibovespa fechou em alta de 1,66% nesta quinta-feira (27), aos 114.640 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira teve seus últimos 30 minutos de pregão um tanto atípicos – por volta das 16h40 ele subia cerca de 1,75%, saltou para uma máxima de 3,08%, mas acabou perdendo boa parte do estirão.
Tudo isso se deu após a publicação de notícias sobre uma carta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual primeiro colocado nas pesquisas para ocupar o cargo novamente em 2023, na qual ele se compromete a ser responsável fiscalmente em um eventual novo governo.
Confira o movimento do Ibovespa na sequência da publicação da notícia, atingindo a máxima do dia por volta das 16h45:
“Minha primeira impressão é que me parece muito marketing e pouca coisa substancial nova. Reindustrialização, criação de novos ministérios, nova reforma trabalhista, gastos sociais, estimulo às obras, novo bolsa família. É muita coisa requentada. Não há indicações de onde virão os recursos ou a responsabilidade fiscal implementar para todas essas ações”, defendeu Dan Kawa, gestor da TAG Investimentos, em rede social.
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Para o especialista, o mercado deve continuar a questionar de onde virão os recursos que Lula pretende usar para colocar seus planos em prática. Na carta, por exemplo, ele promete “investimentos público”, e também privado, para arrancar o país da estagnação.
“Concordo e adoraria que muitos dos planos sociais fossem implementados, mas há uma enorme restrição financeira para isso”, debate Kawa.
Após um momento de euforia, investidores, então, diminuíram o otimismo. Mesmo assim, o Ibovespa performou melhor do que seus pares internacionais.
Fábio Guarda, gestor da Galapagos, vai no mesmo caminho. “O mercado digeriu e entendeu que o conteúdo da carta não tem nada de novo”, defendeu.
“O Brasil, depois de uma semana bem tensa, com segunda, terça e quarta tendo uma sangria, hoje se recuperou parcialmente. Temos uma reversão de parte do movimento que tivemos até ontem. As estatais se recuperam”, destaca Ubirajara Silva, também gestor da Galapagos Capital.
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Porém, parte da alta se deu por conta da menor aversão ao risco global, com a perspectiva de que talvez a inflação mundial tenha chegado a um pico ganhando força.
Apesar de os Estados Unidos terem registrado um Produto Interno Bruto (PIB) crescendo 2,6% no terceiro trimestre, acima do consenso de 2,4% as companhias, por lá, estão trazendo resultados um pouco negativos no terceiro trimestre, sinalizando uma economia menos aquecida.
“O mercado lá fora hoje está mais azedo. Os balanços estão vindo fracos, mas há a interpretação de que a inflação pode ter chegado ao seu pico”, explica Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Os treasuries yields, com isso, voltaram a cair – o para dez anos ficou em 3,915%, recuando 10 pontos-base, e o para dois anos em 4,274%, com baixa de 14,4 pontos.
O Dow Jones subiu 0,61%, aos 32.033 pontos. S&P 500 e Nasdaq, que têm maior peso das companhias de tecnologia, porém, recuaram 0,61% e 1,63%, respectivamente.
A moeda americana, contudo, ganhou força mundialmente. O DXY, que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, subiu 0,78%, aos 110,55 pontos. Frente ao real, porém, a moeda perdeu força e caiu 1,39%, a R$ 5,306 na compra e a R$ 5,307 na venda, também em meio ao repique dos últimos dias – e tendo chegado a ficar a ser negociada a R$ 5,24 após a notícia da carte de Lula.
“O Brasil e sua moeda estavam descolado do restante do mundo nos últimos dias por conta da aproximação das eleições, com investidores ainda bem ariscos em meio às incertezas. Se as pesquisas sinalizassem com força que um candidato está bem à frente, o mercado teria ao menos um cheiro do cenário que teremos no próximo ano e precificaria isso”, acrescenta Velloni.
A curva de juros brasileira acompanhou, em parte, o movimento daquilo visto nas curvas do exterior e também fechou após dias consecutivos de alta. A taxa do DI para 2023 perdeu um ponto-base, a 13,67%, e a do DI para 2025 perdeu 8,5 pontos, a 11,83%. Os DIs para 2027 e 2029 perderam, respectivamente, 14 pontos e 15 pontos, a 11,66% e 11,77%. O DI para 2031 ficou em 11,85%, recuando 14 pontos.
Entre as principais altas do Ibovespa, com isso, companhias ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da Yduqs (YDUQ3) subiram 11,14%, as da Magazine Luiza (MGLU3), 7,93% e as da Qualicorp (QUAL3), 7,25%.
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Do lado negativo, as ações ordinárias da Vale (VALE3) perderam 3,56%, acompanhando o recuo de mais de 5% do minério de ferro na China.