XP lança recurso que traz saldos de outros bancos via Pix e libera compartilhamento de dados
outubro 25, 2022A XP anunciou, nesta terça-feira (25), duas soluções para pessoas físicas no âmbito do Open Finance, sistema em que dados financeiros são compartilhados com a autorização do cliente.
A primeira é a opção de consentimento de dados. O cliente poderá optar em compartilhar informações de outras instituições nas quais tem conta com a XP com a finalidade de obter algum produto ou serviço. A segunda é a possibilidade de trazer saldos de outras contas para a conta digital do banco XP via Pix ou mesmo TED para movimentar o dinheiro da maneira que quiser, como em pagamentos ou transferências.
Com essas novidades, a instituição dá seus primeiros passos na oferta de recursos de Open Finance para pessoas físicas. O consentimento já está liberado a partir desta terça-feira (25) para todos os clientes. Já a opção de trazer saldos de outras contas para a XP será ofertada de forma gradual — a expectativa é alcançar 100% da base de consumidores até o final de novembro.
Entre os benefícios que o cliente poderá obter ao aderir os recursos de Open Finance, a XP ressalta a possibilidade de aumento do limite do cartão de crédito, caso tenha limite pré-estabelecido, e melhores taxas em linhas de crédito.
“Nossa área de banking é nova. Por isso, muitos clientes concentravam esses serviços bancários fora da XP. Agora queremos dar auxílio na gestão financeira com os nossos próprios produtos e portfólio. A agenda do Open Finance é muito positiva e vai nos permitir ser mais assertivos em termos de oferta”, afirma Marta Pinheiro, sócia e diretora de Banking Services da XP.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Como funcionam os recursos
O cliente vai encontrar no aplicativo da XP, dentro da aba de “conta digital”, o botão “Open Finance”. Nesse campo, poderá optar por compartilhar informações, além de trazer saldos de outras contas para a conta do banco.
No caso do consentimento, o cliente vai escolher qual informação quer passar, de qual instituição e por quanto tempo — sendo o limite 12 meses. A empresa ressalta que será necessário autorizar cada etapa do processo no ambiente da XP e também no ambiente da outra instituição quando houver o direcionamento.
Para a opção de trazer o saldo de outra instituição, o cliente vai selecionar a instituição da qual quer trazer o saldo e o valor. Do ponto de vista de segurança, o processo é bem similar: o usuário deve autorizar a transação no ambiente da XP e também na outra instituição.
Esse depósito da conta “B” para a conta da XP será feito via Pix. Depois disso, o cliente poderá pagar boletos, fatura de cartão e utilizar o dinheiro da maneira que entender dentro da conta digital e do ecossistema do banco.
Esse processo é um pouco diferente do que alguns concorrentes já lançaram no mercado. No Bradesco, o cliente tem a opção, dentro da jornada do Pix, de puxar o saldo de outras contas. Na XP, o usuário trará o saldo para a conta digital primeiro e, depois, escolherá o que vai fazer com o dinheiro disponível — podendo ser um Pix, entre outros serviços disponíveis no app. A ideia é a mesma: o consumidor pode trazer saldos de outras contas para efetuar pagamentos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Thiago Pontes, head de Open Finance e API da XP, pontua que esse modelo evita que o cliente tenha mais uma tela na hora de utilizar o Pix. Para acessar os recursos, os clientes que já possuem o aplicativo da XP não precisarão fazer nada — a opção aparecerá automaticamente na interface. O app da conta digital do Banco XP é integrado com a conta da corretora e com a central do cartão de crédito.
Pontes afirma que os clientes vão ser notificados sobre as novidades durante o uso. “O cliente que for fazer algum serviço vai receber um aviso educacional sobre o Open Finance, por exemplo, quando for pagar uma conta utilizando código de barras, ou ver o extrat. Nossa ideia é ir explicando como o ecossistema aberto funciona”.
O executivo ressalta, porém, que esses estímulos serão responsáveis, sem incomodar o cliente com notificações e pushs. “Vamos estudar e entender o que faz sentido para cada cliente utilizando a comunicação mais adequada”, diz.
A expectativa da empresa é oferecer todos os recursos de Open Finance para a base de clientes do grupo XP, composta por 3,8 milhões de pessoas, a longo prazo.
Ao fazer o compartilhamento, o dado fica na posse do Grupo XP. Pontes ressalta que a empresa segue todas as regras de segurança da governança do Open Finance, incluindo a LGPD.
Foco no Investidor
A XP também ressaltou que sua base de clientes tem uma ligação forte com investimentos e que a ideia é também, via Open Finance, transformar cada vez mais clientes em investidores.
“Ao adquirir o conhecimento do produto que o cliente tem na outra casa, consigo avaliar o seu perfil. Por exemplo, se ele tem dinheiro na poupança, posso fazer sugestões para que ele traga esses valores para a XP e aplique em produtos tão seguros quanto, com rentabilidade maior. Transformo o poupador em investidor”, diz Pontes.
Outro exemplo é de um cliente da XP que investe em fundos e tem um saldo parado todo mês na conta corrente de uma outra instituição porque paga uma conta recorrente no dia 20.
“Quando esse cliente compartilha seu dado, eu tenho uma visão mais completa sobre quem ele é. Nesse caso, eu poderia, por exemplo, oferecer um fundo de liquidez diária e rentabilizar esse valor que fica parado nesse período”, diz Pontes.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Vale ressaltar que o cliente sempre precisa autorizar o acesso aos dados de outras instituições para que essas possibilidades sejam possíveis e não tem nenhuma obrigação em aceitar as sugestões. A ideia é que o cliente tenha mais opções disponíveis alinhadas ao seu perfil, sempre com direito de negá-las.
Principal canal do cliente
O Open Finance tem como premissa aumentar a competitividade entre as empresas dando mais poder de escolha ao consumidor, que pode decidir qual dado quer compartilhar, com qual instituição e por quanto tempo. Assim, cada empresa vai buscar estratégias para reter seus clientes e, naturalmente, atrair novos.
No caso do Banco XP, Pontes afirma que a ideia é oferecer serviços e produtos para que os consumidores centralizem sua movimentação financeira no ecossistema da XP.
“O Open Finance vai trazer oportunidades para conhecermos ainda mais nosso cliente e poder ofertar o que for mais adequado para ele. Vamos buscar simplificar as jornadas para os clientes, sempre reforçando o ecossistema para o investidor e pensando em benefícios que façam sentido”, explica.
Pontes ressalta que a empresa quer usar o Open Finance para ser mais inteligente e ágil em seus processos. “No longo prazo queremos ser um hub onde concentramos 100% da vida financeira do cliente, sendo seu canal oficial”.
A competição pelo tempo de tela do usuário no âmbito do Open Finance tem chamado a atenção das empresas. Afinal, os dados são o insumo mais valioso aos negócios: quanto mais tempo o cliente passa em determinada plataforma, mais informações sobre hábitos e chances de compartilhamento de informações a empresa terá.
Regras do Open Finance
A XP precisou se enquadrar em algumas regras do ecossistema aberto para disponibilizar as duas funções a seus clientes.
Em relação ao consentimento, o Banco XP aderiu, de forma voluntária, à fase 2 do Open Finance. Essa etapa teve início em 13 de agosto de 2021 e permitiu ao consumidor o compartilhamento de seus dados, como nome, CPF/CNPJ, endereço, informações de crédito e cartões.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os grandes bancos, categorizados como instituições S1 e S2 pelo Banco Central (BC), foram obrigados a participar dessa fase, mas outras instituições, como a XP, entraram como voluntárias no ecossistema. Ao decidir participar desta etapa, a XP aceitou enviar dados de seus clientes para outras instituições e receber informações que estão na concorrência, a partir da autorização dos usuários das contas.
Já a opção de trazer saldos de outras contas tornou-se um mecanismo possível porque o Banco XP ganhou autorização do BC para ser um iniciador de pagamentos, ferramenta desenvolvida e liberada ao mercado na fase 3 do Open Finance, em 29 de outubro de 2021.
Os iniciadores de transação de pagamentos (ITPs) nada mais são do que empresas reguladas pelo BC, que poderão iniciar transferências e pagamentos aos clientes.
Para se tornar um ITP, a instituição financeira precisa ter uma certificação e uma homologação do Banco Central, que é o selo de garantia. No total, 14 empresas têm esse status, incluindo grandes bancos como Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, além de BTG, Inter, Mercado Pago e Sicoob.
O Mercado Pago e o Banco do Brasil já oferecem uma opção de cash-in, que permite ao cliente disponibilizar dinheiro de outras instituições para a sua respectiva conta em uma das instituições mencionadas.
No Bradesco, as transações Pix no app do banco podem ser feitas com saldos de outros bancos. O PicPay lançou um agregador de contas, bem similar ao produto que o Guiabolso, adquirido no ano passado, oferecia. Cada empresa está desenvolvendo soluções na direção que acha mais vantajosa.
Veja, abaixo, novidades em vídeo sobre a fase 3 do Open Banking:
Cadastre-se e descubra uma nova forma de receber até 200% acima da poupança tradicional, sem abrir mão da simplicidade e da segurança!