“Buy and hold”: conheça esta estratégia de investimento em ações no longo prazo

“Buy and hold”: conheça esta estratégia de investimento em ações no longo prazo

outubro 7, 2022 Off Por JJ

Buy Hold Sell
(Fonte: GettyImages)

Nomes icônicos do mercado financeiro como Warren Buffett e Charlie Munger, além de megainvestidores brasileiros como Luiz Barsi Filho e Lírio Parisotto, são alguns dos principais seguidores de uma das mais eficazes estratégias de investimento de longo prazo: a chamada “buy and hold”. 

Essa metodologia teve como precursor o economista Benjamin Graham (1894-1976), que serviu como inspiração para nomes como Buffett e Munger. Mas, afinal, o que significa e quais são os fundamentos do buy and hold? Quais os passos que os investidores devem seguir para ter sucesso nessa estratégia? 

Neste guia produzido pelo InfoMoney, você saberá, em detalhes, como ser bem sucedido ao optar pelo buy and hold no momento de investir em ações. Também mostramos as vantagens e desvantagens do método, quais são os melhores ativos, como e onde se informar sobre as empresas mais sólidas para se investir, entre outras informações importantes. 

O que é buy and hold?

O termo buy and hold é uma expressão do mercado financeiro que significa, em tradução livre, “comprar e segurar” – quando o investidor compra ativos e os mantém por um longo período. Um dos objetivos é fazer com que o dinheiro renda com a valorização das cotações e o recebimento de proventos. 

Na prática, quem investe por meio do buy and hold – também chamado de holder – aposta em boas empresas, em companhias mais sólidas, de credibilidade e com as quais haja grande maior identificação. A ideia é manter essa relação enquanto o investidor considerar que as empresas seguem como bons negócios, independentemente do valor das cotações. O foco é o longo prazo, e não o imediatismo do dia a dia do mercado. 

Grosso modo, o holder cumpre três etapas antes de fazer um investimento: 

  1. Primeiro, ele define os critérios e fundamentos para entrar em um negócio. 
  2. Depois, compra os ativos de acordo com seu perfil de risco e seus objetivos. 
  3. Por fim, monitora e diversifica sua carteira de investimento, acompanhando se os ativos que comprou mantém os fundamentos estabelecidos inicialmente.

Assim, o holder não determina um prazo de saída de um investimento, tampouco fixa um preço-alvo. Ele tem como plano se tornar sócio e obter retorno no longo prazo, por meio dos juros compostos. Via de regra, o investidor manterá seus papéis por um longo período e fará o monitoramento dessas ações periodicamente. 

Análise fundamentalista de ativos

O conceito do buy and hold tem como base, principalmente, a análise fundamentalista de ativos. Como o próprio nome já diz, ela prevê que os ativos devem ser escolhidos com base em seus fundamentos, por meio da interpretação de indicadores que consideram o cenário atual e também projetam o potencial de crescimento de uma empresa. A análise fundamentalista é o primeiro e possivelmente mais importante passo para que o investidor escolha as ações que comprará focando no longo prazo. 

Em linhas gerais, acredita-se que empresas mais sólidas tenham mais condições de superar crises e períodos econômicos turbulentos – com isso, acabam se valorizando ainda mais com o passar do tempo. Dessa forma, os investidores têm uma chance maior de obter ganhos e ter suas potenciais perdas compensadas no longo prazo.  

Por meio da análise fundamentalista de dados, é possível ter mais segurança no momento de fazer um investimento em determinada empresa. No buy and hold, a meta não é aproveitar cenários momentâneos para especular com ações, mas buscar uma participação real nos resultados da empresa, com mentalidade de sócio.

Entre os indicadores mais relevantes para que se faça uma boa análise fundamentalista de dados, estão:

  • P/L
  • Retorno sobre o Patrimônio (ROE)
  • Retorno sobre Capital (ROIC) 

O P/L leva em consideração o preço sobre o lucro da ação. Por meio de uma comparação entre empresas do mesmo setor de atividade, é possível saber se uma ação está descontada ou não – ou seja, se a cotação da empresa está abaixo do que seus fundamentos evidenciam (portanto, a ação tem chance de subir, pois o preço nominal não reflete o valor real). 

O ROE, por sua vez, é medido a partir da divisão entre o lucro líquido e o patrimônio líquido da empresa. Esse indicador mostra o potencial de retorno do negócio, tendo como base seu patrimônio. 

O ROIC, por fim, é calculado por meio da divisão do lucro operacional líquido pelo capital total. O resultado indica a capacidade de desempenho: quanto maior ele for, melhores possibilidades tendem a se apresentar para a empresa.

Uma ressalva importante: os indicadores devem ser aplicados em conjunto, e não isoladamente, para que se tenha uma visão da totalidade do negócio e do retorno que a eventual compra de ações da empresa pode oferecer no longo prazo. 

Os principais fundamentos do buy and hold

Para ser bem sucedido no modelo do buy and hold, o holder deve seguir alguns fundamentos já consagrados pelos pioneiros dessa metodologia. Como vimos, o objetivo é o resultado no longo prazo, e não o retorno imediato. 

Tendo como base essa premissa, há pelo menos cinco etapas básicas a serem cumpridas na trilha para o sucesso no buy and hold. São elas:

  1. Ser racional, e não emocional: o investidor não deve estar suscetível a momentos de euforia ou de pânico nos mercados.
  2. Investir em bons ativos: evitar empresas que costumam ter prejuízo ou são conhecidas por sua má gestão.
  3. Ignorar o curto prazo: o objetivo não é ter retorno imediato.
  4. Não se preocupar com “modinhas”: escolha empresas que tenham bons fundamentos, e não necessariamente aquelas que estejam “na moda”. 
  5. Evitar operações constantes: holder não é trader, que busca ganhar dinheiro com operações de curto prazo. O objetivo aqui é ser sócio das melhores e mais confiáveis empresas. Nesse sentido, o buy and hold é o oposto do day trade, em que a negociação de compra e venda de ativos ocorre no mesmo dia. 

Em geral, o buy and hold traz bons resultados para os investidores, mas é fundamental ter paciência, resiliência e muita dedicação. Não se deve vender os ativos logo no primeiro momento de queda do valor das ações ou de instabilidade dos mercados. 

O exemplo da Bolsa de Valores de São Paulo é emblemático. Uma análise dos dados das últimas décadas na B3 mostra que a opção pelo investimento de longo prazo tem grandes probabilidades de trazer ganhos. 

Um investidor que, em 1995 – no início do Plano Real – possuía em carteira cerca de R$ 10 mil em ações, hoje teria, se as tivesse mantido desde então, mais de R$ 1,1 milhão  (só em valorização, sem considerar os proventos). Nesse período, houve uma série de crises e quedas acentuadas, mas, no longo prazo, as perdas foram anulados e o holder teria ganhado mais de R$ 1 milhão em pouco mais de 25 anos. 

Para se ter uma ideia, nas últimas duas décadas o Ibovespa – principal índice da Bolsa brasileira – teve fortíssima valorização, saltando de 15 mil pontos (em 2000) para 199 mil pontos (em 2020). 

O passo a passo do buy and hold

Além de se basear na análise fundamentalista de dados para definir as empresas nas quais investir, quem escolhe esse tipo de estratégia para atuar no mercado deve ter em mente algumas recomendações amplamente difundidas pelos mais bem sucedidos adeptos do buy and hold

Fazer aportes mensais

Especialmente quando se trata de renda variável, comprar ativos regularmente e fazer aportes de forma frequente são estratégias que geralmente levam ao sucesso. Com isso, haverá menores riscos no longo prazo, pois o investidor comprará ações tanto em momentos de baixa quanto de alta, ampliando suas oportunidades. 

Reinvestir os dividendos

À medida que se reinveste os dividendos, maiores serão os aportes mensais e, consequentemente, os proventos recebidos também serão mais altos. É um círculo virtuoso. O resultado desse modus operandi é o estabelecimento de um fluxo de investimento que aumentará o patrimônio de forma relativamente rápida. Os dividendos recebidos são importantes para balancear a carteira, potencializando os juros compostos.

Deixar os recursos em uma corretora de investimentos

Uma porcentagem dos rendimentos mensais direcionada aos investimentos deve ser transferida mensalmente para uma correta de investimentos – empresa que faz a intermediação da compra e venda de ações e outros títulos financeiros. Ao fim e ao cabo, a corretora facilita o processo de investimento tanto para quem está começando a atuar no mercado quanto para investidores mais experientes, tornando as aplicações mais seguras. 

Diversificar a carteira

A variedade de investimentos em carteira traz maior segurança ao investidor, diluindo os riscos das operações. Apesar de o objetivo do buy and hold seja investir em empresas confiáveis e com as quais se tem uma relação mais próxima, não é recomendável aplicar todo o dinheiro apenas em uma companhia. 

Os melhores ativos para o buy and hold

Basicamente, o método buy and hold é utilizado para a compra de ativos em que não há prazo para terminar o investimento. Os principais exemplos são:

  • Fundos Imobiliários (FIIs): fundos de investimento destinados à aplicação em empreendimentos imobiliários. 
  • Brazilian Depositary Receipts (BDRs): certificados de depósito emitidos e negociados no Brasil que representam ações de empresas listadas em Bolsas de outros países.
  • Exchange Traded Funds (ETFs): fundos de investimentos negociados em Bolsa como se fossem ações, que replicam o desempenho de um índice de referência. 
  • Títulos de longo prazo: títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras para captar dinheiro no mercado.

Uma boa carteira de investimentos tem um perfil mais equilibrado, com ações de diversos tipos e empresas de diferentes setores. Também se pode priorizar os chamados small caps – empresas com menor capitalização e boas perspectivas de crescimento no médio prazo. Há também as blue chips, ações de companhias já consolidadas no mercado e que pagam bons dividendos. 

Vantagens

Uma das maiores vantagens do buy and hold é o foco naquilo que realmente importa para o holder: os ativos desvalorizados que podem render bons negócios. O investidor não se preocupa tanto com oscilações do mercado no curto e médio prazo, pois são movimentos pontuais que não afetam de forma significativa seus investimentos. 

Outro ponto positivo é a diminuição dos custos de operação, com menores gastos com corretagem, impostos e taxas em geral – devido ao menor número de compras e vendas. Os juros compostos também têm forte impacto, especialmente ao se reinvestir os dividendos.

Por fim, o buy and hold demanda um tempo de monitoramento do mercado muito menor, ao longo do dia, do que outras formas de investimento – que exigem dedicação praticamente em tempo integral, acompanhando passo a passo as movimentações do mercado. O que se deve consultar, em linhas gerais, são os resultados das empresas nas quais se investiu e daquelas nas quais há interesse em fazer investimentos no futuro. Como os balanços são trimestrais, não é preciso monitorar os números todos os dias. 

Desvantagens

Pode-se dizer que são necessários estudo e dedicação para que o investidor se aprofunde nas informações sobre o mercado, as empresas e o tipo de ação que pretende adquirir. Só assim será possível tomar decisões mais certeiras. Assim, especialmente no início da atuação como holder, inevitavelmente serão consumidas algumas horas diárias até que se monte uma carteira de investimentos promissora. 

Outro ponto negativo elencado pelos investidores mais experientes nesse tipo de estratégia é a dificuldade de saber o momento certo de negociar os ativos – daí a importância da análise fundamentalista de dados que citamos anteriormente. Somente por meio dela se saberá com segurança se uma ação está barata ou cara na comparação com seus equivalentes no mercado.

Outra desvantagem do buy and hold é que, em geral, os resultados esperados pelo investidor demoram um longo tempo para aparecer. É preciso ter paciência, resiliência e controlar a ansiedade. É fundamental, ainda, ter extrema disciplina. Nem todas as pessoas possuem esse perfil. 

Como e onde se informar sobre as melhores empresas

Muitas das informações necessárias para que se faça uma boa análise fundamentalista de dados estão disponíveis, por exemplo, no site da B3, neste link. Basta procurar o nome e o segmento da empresa escolhida e consultar os dados e documentos disponibilizados. 

Também é possível acessar os canais de relacionamento com investidores (RI) das próprias companhias, que fornecem informações importantes. 

Entre os critérios a serem avaliados por um holder antes da compra de ativos de determinada empresa, estão: 

  • Governança corporativa
  • Saúde financeira
  • Potencial de crescimento
  • Riscos e vantagens competitivas
  • Geração de receitas e lucros
  • Análise do mercado

Segurar não é esquecer

O fato de o investimento em ativos por meio do buy and hold consistir na compra de ações de boas empresas e sua manutenção em carteira por um bom tempo, até alcançarem os retornos esperados, não significa que o investidor simplesmente deva “esquecer” suas ações paradas indefinidamente. 

O buy and hold, afinal, não é ou não deveria ser buy and forget (“comprar e esquecer”, em tradução livre). Por mais que não seja necessário um acompanhamento diário do mercado, é importante que o investidor esteja bem informado a respeito das empresas escolhidas e do panorama econômico nacional e internacional. O tempo, por si só, não é capaz de operar milagres.  

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