Tesouro Direto: taxas de prefixados avançam pelo 3ª dia até 12,18% e papéis de inflação se aproximam de 6%
setembro 19, 2022A segunda-feira (19) inicia com decisões de política monetária no radar, com destaque para a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro, ambas na quarta-feira (21).
A aposta majoritária (61%) segue concentrada na expectativa de que o BC mantenha a Selic em 13,75% ao ano na próxima reunião, embora a chance de uma alta de 0,25 ponto não esteja totalmente descartada. Os dados foram retirados dos contratos de opção de Copom negociados na B3 na última sexta-feira (16).
No caso do Fed, a maior parte dos agentes financeiros (80%) acredita que a autoridade monetária elevará os juros em 0,75 ponto percentual para a faixa entre 3,00% e 3,25% na quarta-feira (21).
À espera de que a autoridade americana adote uma postura ainda mais agressiva no encontro desta semana, os rendimentos (yields) oferecidos pelos títulos americanos (Treasuries) passam por nova rodada de alta nesta segunda-feira. Por volta das 9h50 (horário de Brasília), o retorno oferecido pelo título de dez anos, por exemplo, chegava a 3,479%.
Além das decisões de política monetária, o radar dos investidores está focado nesta segunda-feira (19) no Relatório Focus, do Banco Central. Economistas consultados pela autoridade monetária elevaram – pela terceira seguida – as expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024, de 3,47% para 3,50%.
Ao mesmo tempo, houve novos ajustes para baixo nas projeções para o IPCA em 2022, que saíram de 6,40% para 6% nesta semana, e de 5,17% para 5,01%, em 2023.
No Tesouro Direto, os juros oferecidos por títulos públicos operam em alta nesta manhã. As taxas de papéis prefixados sobem pela terceira sessão seguida e alguns títulos oferecem retornos acima de 12,10%, caso do Tesouro Prefixado 2033.
Na primeira atualização do dia, esse título entregava uma remuneração de 12,18% ao ano, valor que é superior aos 12,12% ao ano vistos na sexta-feira (16). A última vez que o papel tinha oferecido um retorno acima desse patamar tinha sido no fim de agosto, ao entregar 12,31% ao ano.
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Papéis atrelados à inflação também registravam alta nas taxas reais, por volta das 9h20 da manhã. Nesse horário, o maior juro real era entregue pelo Tesouro IPCA+ 2055, no valor de 5,97% ao ano, contra 5,94% registrados na sessão anterior.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (19):
Relatório Focus
O destaque da cena econômica está no Relatório Focus. O mercado financeiro voltou a elevar a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Com isso, a estimativa subiu de 2,39% para 2,65% agora.
Ao todo, são 12 semanas seguidas de projeções em alta para a estimativa do indicador.
Já a expectativa para o PIB de 2023 foi mantida em 0,50%, após duas semana seguidas de alta. Por outro lado, o crescimento do PIB em 2024 foi revisto para baixo, de 1,80% para 1,70%.
A estimativa para o dólar, por sua vez, está estável há oito semanas, com cotação prevista em R$ 5,20 por US$ 1, tanto para 2022 como para 2023.
Já para 2024, houve ajustes. A projeção para o dólar subiu, com a cotação cotação prevista em R$ 5,11, ante R$ 5,10 anteriormente.
Enquanto isso, as projeções para a Selic seguiram em 13,75% para este ano, 11,25% para o ano que vem, 8,00% em 2024 e 7,50% em 2025.
Planos de Lula e forças armadas
Na seara política, investidores monitoram a informação do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, acerca de mais detalhes sobre o plano econômico de um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Alexandre Padilha, deputado federal (PT-SP) e um dos interlocutores da campanha do candidato petista, teria conversado na semana passada com um grande investidor estrangeiro, assegurando que o primeiro ano de governo será de aperto, com uma exceção: a necessidade de aumento do salário mínimo acima da inflação, de que Lula não abriria mão.
De acordo com o jornal, o candidato petista também deve deixar de lado, ao menos no primeiro ano, a promessa de campanha para isentar do Imposto de Renda todos aqueles que têm renda tributável de até cinco salários mínimos (R$ 6.060). Hoje, a isenção vale até R$ 1.903.
Também na cena política, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, aprovou o envio de agentes das forças federais, incluindo militares, para reforçar a segurança no primeiro turno das eleições (2 de outubro) em 561 municípios e localidades de 11 estados.
Os estados haviam mencionado o acirramento da disputa eleitoral, cenário de polarização política e dificuldades logísticas para pedir o apoio ao TSE. As equipes de apoio serão enviadas ao Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins.
China e BCE
Na cena externa, o Banco do Povo da China (PBoC) anunciou nesta segunda-feira (19) a injeção de 12 bilhões de yuans no mercado, por meio de operações que visam “manter a liquidez estável” diante da desaceleração da segunda maior economia do planeta.
De acordo com o comunicado, a autoridade monetária restabeleceu uma linha de recompra (repo) reversa de 14 dias e cortou a taxa de juros do instrumento em 10 pontos-base, a 2,15%. A medida adicionará 10 bilhões de yuans ao sistema.
Outros 2 bilhões yuans serão injetados por uma operação de repo reversa de 7 dias, com juro de 2,00%.
Destaque também para a fala de Luís de Guindos, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE).
Guindos admitiu que novas altas de juros podem vir nos próximos meses, reforçando a determinação em fazer a inflação na Europa convergir para uma patamar de estabilidade de preços. O dirigente, no entanto, não quis se comprometer em antecipar quantas vezes isso pode acontecer, nem qual será a intensidade.
“No Conselho do BCE não temos quaisquer estimativas da taxa final – o nível máximo para o qual as taxas podem subir – ou de taxa neutra – a que equilibra a economia em pleno emprego com inflação estável. Não decidimos nada”, disse em entrevista ao jornal português Expresso publicada neste fim de semana.