Tesouro Direto: retornos de papéis prefixados sobe para até 12,11%; mercado aguarda Fed e Copom

Tesouro Direto: retornos de papéis prefixados sobe para até 12,11%; mercado aguarda Fed e Copom

setembro 16, 2022 Off Por JJ

Ativos de risco passam por mais uma sessão bastante negativa nesta sexta-feira (16), dando continuidade ao movimento de recuo visto na últimas semanas. Pesa sobre o mercado a revisão anunciada ontem (15) pela gigante de logística americana, FedEx, e que costuma ser um bom termômetro para a economia dos Estados Unidos.

Na véspera (15), a empresa retirou o guidance para o ano inteiro e disse que implementará cortes de custos para lidar com volumes de remessas globais mais fracos.

Investidores também seguem reajustando posições, diante da possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tenha que ser ainda mais agressivo na reunião da semana que vem, com um ajuste de 0,75 ponto ou de 1 ponto percentual. A aposta majoritária, no entanto, segue em 0,75 ponto percentual, segundo a plataforma CME Group.

No Brasil, os olhares dos agentes financeiros estão atentos a novas pesquisas eleitorais. Ontem (15), o Datafolha mostrou estabilidade na corrida eleitoral. 

Chama a atenção também que agentes financeiros estão precificando uma chance um pouco maior de que o Banco Central anuncie outra alta da Selic na reunião da quarta-feira que vem (21). Segundo os contratos de opção de Copom negociados na B3 ontem (15), havia 35% de chance de uma alta de 0,25 ponto percentual. Duas semana antes, essa possibilidade era de 18%.

Embora o percentual de agentes que acreditam em uma nova subida tenha aumentado, as apostas em torno de manutenção da Selic na próxima semana seguem majoritárias (65%), conforme mostram os contratos negociados na B3.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam de forma mista nesta manhã. Papéis prefixados apresentam alta nas taxas, enquanto os retornos da maioria dos papéis atrelados à inflação são negociados em estabilidade, na primeira atualização do dia.

Por volta das 9h20, a remuneração mais elevada era oferecida pelo Tesouro Prefixado 2033, no valor de 12,08% ao ano, acima dos 12,06% ao ano vistos na véspera.

Mais uma vez, o título com vencimento em 2029 era negociado abaixo de 12% ao ano, aos 11,99% ao ano, às 9h20. Valor que é superior aos 11,96% ao ano registrados um dia antes.

No caso dos papéis atrelados à inflação, o maior juro real era entregue pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 5,92% ao ano, em linha com os 5,93% ao ano vistos na sessão anterior.

Entre os títulos atrelados à inflação, apenas o Tesouro IPCA+2035 e o 2045 registravam recuo nos retornos reais. Às 9h20, ambos ofereciam uma taxa real de 5,88% ao ano, abaixo dos 5,91% ao ano da véspera.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (16): 

Fonte: Tesouro Direto

Europa e China

Na cena externa, o mercado repercute a divulgação da inflação da zona do euro, que atingiu 9,1% em agosto, acima dos 8,9% registrados em julho. Os dados são do Eurostat, o serviço de estatística da UE.

O resultado de agosto confirmou a leitura preliminar e veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

Em relação a julho, o CPI da zona do euro subiu 0,6% em agosto. Nesse caso, o consenso do mercado era de alta de 0,5%.

Apenas o núcleo do CPI do bloco, que desconsidera os preços de energia e de alimentos, teve ganho anual de 4,3% em agosto, confirmando a estimativa prévia. No confronto com julho, o núcleo do índice avançou 0,5% no último mês.

As taxas anuais mais elevadas foram registadas na Estônia (25,2%), Letônia (21,4%) e Lituânia (21,1%). As taxas anuais foram observadas na França (6,6%), Malta (7,0%) e Finlândia (7,9%).

Também na Europa, investidores monitoram a informação de que a Alemanha assumiu o controle de uma grande refinaria de petróleo de propriedade russa nesta sexta-feira (16), arriscando uma retaliação de Moscou.

O Ministério da Economia da Alemanha disse que estava colocando uma unidade da petrolífera russa Rosneft sob a tutela do regulador da indústria e assumindo a refinaria Schwedt, que fornece 90% do combustível de Berlim.

Governos de toda a Europa estão correndo para sustentar seus fornecedores de energia e garantir o suprimento de combustível à medida que aumentam as sanções à Rússia, seu principal fornecedor, por causa da invasão da Ucrânia.

Enquanto isso, na China, a produção industrial de agosto no País superou as previsões, crescendo 4,2% em bases anuais e 3,8% no mês. E as vendas no varejo no mesmo mês subiram 5,4% na comparação anual e 2,7% na comparação mensal.

Datafolha, ICMS e piso da enfermagem

A 17 dias das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto com uma vantagem de 12 pontos percentuais sobre seus adversários, segundo pesquisa divulgada ontem (15) pelo instituto Datafolha.

Segundo o levantamento, realizado entre os dias 13 e 15 de setembro, Lula tem 45% das intenções de voto – mesmo patamar da última pesquisa, divulgada na última sexta-feira (9).

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, aparece com 33% das intenções de voto – eram 34% uma semana atrás. O movimento ocorre dentro da margem de erro estimada para a pesquisa, que é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Na sequência vêm o ex-governador Ciro Gomes (PDT), com 8% (ante 7% na semana passada), e a senadora Simone Tebet (MDB), com 5% (mesmo patamar do último levantamento). Já a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) aparece com 2% das intenções de voto (ante 1%).

Destaque também para a notícia do jornal Valor Econômico que trouxe hoje que a arrecadação do ICMS dos 26 Estados e Distrito Federal teve queda real de 8,4% em agosto, em relação a igual período do ano passado, somando R$ 57,57 bilhões.

A queda, segundo o jornal, mostra algum impacto da desaceleração da economia, mas especialmente da redução das alíquotas do imposto para combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transportes determinada a partir de junho.

Ainda na seara política, seis dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) já votaram para manter a decisão que suspendeu o piso salarial nacional da enfermagem. Foram favoráveis à suspensão o relator, Luís Roberto Barroso, mais os ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.

Pela lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, o piso seria de R$ 4.750 para os enfermeiros e de R$ 3.325 para os técnicos de enfermagem. Já auxiliares de enfermagem e parteiras receberiam a partir de  R$ 2.375.