Bilionário doa totalidade de empresa avaliada em US$ 3 bi para organização sem fins lucrativos

Bilionário doa totalidade de empresa avaliada em US$ 3 bi para organização sem fins lucrativos

setembro 15, 2022 Off Por JJ

Yvon Chouinard, de 83 anos, fundador da marca de roupas e acessórios para a prática de esportes ao ar livre, Patagonia, levou o conceito de filantropia para um novo patamar.

A empresa, avaliada e US$ 3 bilhões, com lucro anual em torno de US$ 100 milhões, foi doada pelo fundador, sua esposa Malinda e seus dois filhos adultos, Fletcher e Claire. Com a doação, que não conta com nenhum tipo de benefício fiscal, a família pagará US$ 17,5 milhões em impostos e taxas.

Em carta publicada no site da companhia da empresa e assinada pelo fundador, Chouinard destacou que “a Terra é o nosso único acionista” e detalhou que todas as ações ordinárias da companhia (2% do total) foram transferidas para o Patagonia Purpose Trust, um fundo criado especificamente para proteger o valor da empresa, que será supervisionado por membros da família Chouinard e outros conselheiros.

Os 98% restantes, composto por ações sem direito de voto, foram doados para Holdfast Collective, uma organização não governamental dedicada a combater a crise climática e defender a natureza.

Em sua carta, que pode ser considerada de despedida, Chouinard relembrou como começou a companhia, escrevendo que nunca quis ser um “homem de negócios” e começou como um artesão, produzindo equipamentos de escalada para ele e seus amigos.

“Enquanto começamos a observar os efeitos das mudanças climáticas e destruição ecológica e nossa própria contribuição para isso, a Patagonia se comprometeu a mudar a forma como os negócios são feitos”. A intenção, explicou, era fazer a coisa certa e, ao mesmo tempo, conseguir dinheiro suficiente para pagar as contas, enquanto influenciar outros clientes e negócios a mudar a forma de trabalhar.

Patagonia loja em Santa Monica
(Foto: Reprodução)

A Patagonia, uma das fabricantes precursoras do famoso colete que circula pela Avenida Faria Lima, um dos centros financeiros de São Paulo, usa materiais que causam menos danos ao meio ambiente e doava 1% do faturamento anualmente. Apesar dos esforços, Chouinard continua, havia a sensação de que mais poderia ser feito. Uma das opções era vender a empresa e doar todo o dinheiro. “Mas não teria certeza que um novo dono manteria nossos valores e time”, afirma.

Outro caminho ponderado foi de um IPO. “Que desastre poderia ter sido. Mesmo as companhias públicas com boa intenção sofrem muita pressão para criar ganhos de curto prazo ao custo de responsabilidade e vitalidade de longo prazo”, declarou.

Em entrevista ao New York Times, Chouinard afirmou que tem a esperança que sua atitude “influencie uma ‘nova forma de capitalismo’, que não culmine em um punhado de pessoas ricas e muitas pessoas pobres”.

A companhia, por sua vez, continua operando como uma empresa privada, com sede em Ventura, na California, que vende mais de US$ 1 bilhão em jaquetas (e coletes) todos os anos.

Doações bilionárias

Chouinard e sua família fazem parte de uma crescente lista de bilionários que decidiu doar parte ou totalmente suas fortunas para causas.

Nos Estados Unidos, o movimento The Giving Plegde fundado por Bill Gates, Melinda Gates e Warren Buffett, foi criado em 2010 para incentivar pessoas e famílias ricas contribuir com uma parte significativa para causas sociais. Estão comprometidos com a doação personalidades como a empresária americana Sheryl Sandberg, a estilista Diane von Furstenberg, Mark Zuckerbeg, fundador do Facebook, Larry Ellison, fundador da Oracle, Ric Elias, fundador da Red Ventures, Elie e Susy Horn, da Cyrela, e David Vélez, fundador do Nubank

No Brasil, Lia Maria Aguiar, uma das herdeiras do Banco Bradesco, estipulou, em testamento, que sua fortuna de cerca de US$ 1,2 bilhão deve ser inteiramente transferida para a Fundação Lia Maria Aguiar, com sede em Campos do Jordão.

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