Justiça de Minas Gerais reforça proibição de venda de ativos de Eike Batista

Justiça de Minas Gerais reforça proibição de venda de ativos de Eike Batista

setembro 14, 2022 Off Por JJ

O processo de venda direta das debêntures emitidas pela Anglo American e que são parte da massa falida da MMX, do empresário Eike Batista, voltou a ser suspenso, por uma nova ordem do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).

Desta vez, o TJ acatou um recurso contra o processo movido pela Argenta Securities, um dos investidores interessados na aquisição das debêntures. A Argenta havia vencido um leilão realizado em dezembro do ano passado, com uma oferta de R$ 612 milhões, que acabou não sendo integralizada.

As outras duas decisões anteriores de suspensão dadas pelo TJ atenderam a pedidos da defesa de Eike. O TJ determinou a paralisação da venda até que a Juíza Cláudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte (MG), se manifestasse sobre questionamentos feitos quanto à lisura do processo.

Fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast disseram que a juíza teria se manifestado hoje quanto aos embargos de declaração de Eike, portanto, dentro do tempo necessário para conduzir a venda. O administrador judicial, Bernardo Bicalho, determinou que o processo de venda terminaria nesta terça-feira, até às 14h, com a escolha do vencedor – o que não ocorreu.

A venda das debêntures – que são tidas como um dos ativos mais valiosos na massa falida da MMX e cujos recursos serão destinados ao pagamento dos credores e do acordo de cooperação firmado por Eike com a Justiça, no âmbito da Lava Jato – tornou-se um campo de batalha. Esses papéis dão direito a royalties de US$ 2,1 bilhões a partir de 2025, por 30 anos – valor que pode oscilar, já que dependem de receitas da MMX.

Venda privada x leilão

No dia 18 de julho, a Justiça mineira decidiu que a venda dos papéis passaria a acontecer em um processo privado, após o leilão público de agosto não ter sido bem sucedido. Para este leilão, a Juíza estabeleceu R$ 1,25 bilhão como preço mínimo para os papéis.

O banco de investimentos BR Partners havia sido nomeado desde o início do processo de venda, no fim do ano passado, para encontrar um comprador para as debêntures. Mas a possibilidade da venda privada eliminou o interesse para este último leilão, uma vez que as ofertas poderiam ser feitas bem abaixo desse valor.

A venda por meio de processo privado foi bastante contestada por vários interessados nas debêntures. A disputa esquentou na semana passada, com a decisão do administrador judicial de aceitar, no último dia 6, proposta de R$ 360 milhões do BTG Pactual, seguindo a orientação do edital do dia 18 de julho.

Embora a orientação já fosse pública desde julho, a juíza deixou claro nos autos que a venda privada estava em andamento, quando o administrador judicial também comunicou as condições para que outros interessados apresentassem propostas até esta segunda-feira, 12.

A XP e o Banco Modal entraram em seguida com uma proposta de R$ 390 milhões. Na venda direta, o administrador judicial também considerou que não mais seria necessário que a BR Partners participasse do processo.

Os advogados de Eike recorreram das decisões da juíza e do administrador judicial, por meio de embargos de declaração, pedindo à juíza esclarecimentos sobre os prazos do processo de venda direta e sobre o valor mínimo estabelecido.

Posteriormente, eles foram à segunda instância, com um mandado de segurança, o qual foi concedido liminar favorável pelo desembargador Newton Teixeira Carvalho, do TJ-MG, no sábado, suspendendo o processo de venda direta. A decisão foi reiterada ontem por um segundo desembargador do tribunal.