Tesouro Direto: taxas de prefixados caem forte para até 11,70%; alta de juros na Europa e Powell estão no radar
setembro 8, 2022Na volta do feriado de Sete de Setembro no Brasil, as atenções estão voltadas nesta quinta-feira (8) para a Europa, com o anúncio da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
A autoridade monetária decidiu dar continuidade ao aperto monetário, só que desta vez com uma alta mais agressiva, de 0,75 ponto percentual. Foi o segundo aumento consecutivo, sendo que o anterior foi de 0,50 ponto.
Novos discursos de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), também devem dar o tom aos negócios na sessão de hoje. Atualmente, 82% das apostas estão em uma alta de 0,75 ponto percentual na reunião de setembro, conforme mostram os contratos futuros dos Fed Funds da CME Group.
Investidores também acompanham a repercussão dos discursos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nas manifestações de Sete de Setembro.
Na avaliação de advogados ouvidos pela Reuters, os atos e as falas de Bolsonaro sugerem suposto abuso de poder e desvio de finalidade nas comemorações do bicentenário da Independência do Brasil.
No Tesouro Direto, os juros oferecidos por títulos públicos registram recuo de até 18 pontos-base (0,18 ponto percentual) nesta manhã. A maior queda é vista no Tesouro Prefixado 2029, em que as taxas estavam em 11,70%, às 9h20 de hoje, contra 11,88% na terça-feira (6).
Já o juro mais elevado oferecido por prefixados era entregue pelo papel de prazo mais curto: o Tesouro Prefixado 2025, aos 11,84% ao ano na primeira atualização do dia, abaixo dos 11,96% vistos na sessão anterior ao feriado.
O fenômeno costuma ser contraintuitivo, já que papéis de prazo mais longo tendem a oferecer taxas mais atrativas do que títulos de prazo menor, já que são mais sensíveis em relação as oscilações do mercado.
Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real mais alto era entregue pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 5,80%, na abertura dos negócios. Percentual que está abaixo dos 5,88% vistos na terça-feira.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quinta-feira (8):
BCE e commodities
Na cena externa, o aumento dos juros anunciado hoje pelo BCE representou a maior elevação em uma reunião desde 1999. Com a alta, a taxa de depósito de referência passou de 0% para 0,75%. Já a taxa principal de refinanciamento subiu para 1,25%, nível mais alto desde 2011.
“Ao longo das próximas reuniões, o Conselho do BCE espera aumentar ainda mais as taxas de juros para diminuir a demanda e se proteger contra o risco de uma persistente mudança para cima nas expectativas de inflação”, disse a autoridade monetária em comunicado.
Investidores também monitoram os preços do petróleo. As cotações da commodity apresentavam leve por volta das 10h (horário de Brasília).
Na véspera, os contratos futuros de petróleo atingiram o menor patamar desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano. Uma das maiores preocupações está na manutenção da demanda mundial pela commodity, diante do risco de recessão global e de dados mais fracos vindos da China.
IGP-DI e manifestações de 7 de setembro
Na cena local, investidores monitoram a divulgação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que recuou 0,55% em agosto. Com esse resultado, o índice acumula alta de 6,84% no ano e 8,67% em 12 meses.
Na avaliação de André Braz, coordenador dos índices de preços, os combustíveis fósseis foram determinantes para a desaceleração da inflação ao produtor e ao consumidor.
“No IPA, a gasolina caiu 8,83% refletindo as reduções de preço deste combustível na refinaria, onde está livre de impostos e frete. No IPC, o preço da gasolina caiu 11,62%, devido a redução do ICMS e dos preços na refinaria”, afirmou Braz.
Já na cena política, o destaque está na informação de que o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, pode ser enquadrado por suposto abuso de poder referente à celebração do Dia da Independência na véspera (7).
Segundo advogados ouvidos pela Reuters, o mandatário pode responder também por possível desvio de finalidade caso haja o entendimento de que ele se apropriou politicamente das cerimônias do Bicentenário da Independência para fazer comício eleitoral a 25 dias do pleito.