Tesouro Direto: juros de prefixados avançam até os 12,28%; exterior e pesquisas eleitorais estão no foco
agosto 30, 2022Em dia de recuperação dos mercados acionários nos Estados Unidos, investidores aguardam a divulgação do índice de confiança do consumidor americano, além de dados do mercado imobiliário do país, nesta terça-feira (30).
Declarações de membros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) também serão acompanhadas de perto, após uma postura lida como mais hawkish (inclinada ao aperto monetário) de Jerome Powell, presidente do Fed, em discurso na sexta-feira (26).
Agentes financeiros monitoram ainda o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que recuou 0,70% em agosto. Foi uma deflação maior que a de -0,54% esperada pelo mercado. Chama a atenção que houve queda no grupo alimentação, que vem mostrando grande pressão em outros indicadores, como a prévia da inflação oficial (IPCA-15).
Outro destaque está na corrida eleitoral. Na noite de segunda-feira (29), foi divulgada pesquisa do Ipec, que trouxe o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com 44% das intenções de voto – estabilidade em relação ao levantamento anterior.
O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) também continuou com 32%. A margem de erro máxima da pesquisa é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso significa que Lula pode ter no máximo 46%, e Bolsonaro 34%.
No Tesouro Direto, os juros oferecidos por títulos públicos apresentam alta, em sua maioria, nesta manhã. Na primeira atualização do dia, papéis prefixados ofereciam um retorno de até 12,28% ao ano, caso do Tesouro Prefixado 2033. Na véspera, o título entregava uma remuneração de 12,24% ao ano.
Apenas o Tesouro Prefixado 2025 não apresentava alta nas taxas, às 9h50 de hoje, ao oferecer um juro de 12,13% ao ano, em linha com os 12,12% ao ano vistos um dia antes.
Entre os papéis atrelados à inflação, a maior alta era registrada pelo Tesouro IPCA+ 2035 e 2045, que viam a taxa real subir de 5,82% ao ano para 5,92% ao ano.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta terça-feira (30):
Commodities e Europa
Na cena externa, o índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, caiu de 98,9 pontos em julho para 97,6 pontos em agosto, tocando o menor patamar em 18 meses, em meio à inflação recorde e a perspectiva de recessão no bloco.
O resultado de agosto ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 97,9 pontos. Já a leitura de julho foi ligeiramente revisada para baixo, de 99 originalmente.
Atenção também para os preços dos contratos de petróleo. Por volta das 10h (horário de Brasília), o Brent recuava 2,8%, aos US$ 102,16, enquanto o WTI caía 2,22%, aos US$ 94,86.
Pesquisas eleitorais
Um dos destaques da cena local está na pesquisa do Ipec. Além das intenções de voto em Lula e Bolsonaro, o levantamento trouxe que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) segue na terceira posição, com 7% das intenções de voto − oscilação positiva de 1 p.p. em relação ao levantamento anterior.
Já a senadora Simone Tebet (MDB) tem 3% − mesmo movimento ascendente de 1 p.p. O cientista político Felipe d’Avila (Novo) foi de 0% para 1%.
Os nomes de Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Vera Lúcia (PSTU) foram citados, mas não atingiram 1% das intenções de voto cada um. Brancos, nulos e indecisos somaram 13% dos entrevistados pela pesquisa.
Considerando apenas os votos válidos (ou seja, excluindo votos em branco, nulos e eleitores indecisos), Lula teria 51% das intenções de voto − situação que configuraria vitória em primeiro turno. Já Bolsonaro teria 37%. Juntos, os dois candidatos concentram 87% das intenções de voto válido.
O Ipec ouviu 2.000 pessoas entre os dias 26 e 28 de agosto em 130 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.
IGP-M
Agentes financeiros repercutem a divulgação de mais dados de inflação local. Com o resultado de hoje, o IGP-M acumula avanço de 8,59% nos últimos 12 meses até agosto, percentual bem menor do que os 10,08% verificados no mês anterior, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O IGP-M é conhecido como “inflação do aluguel”, por historicamente ser usado como indexador para reajustar contratos de locação. Com a deflação de agosto, o indicador agora acumula alta de 7,63% no ano.
“Os combustíveis fósseis – dada a redução do ICMS e dos preços na refinaria – seguem exercendo expressiva influência sobre os resultados do IPA e do IPC, ambos com taxa negativa em agosto”, afirmou André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV, em comunicado.