Ipespe: entenda como são feitas as pesquisas eleitorais do instituto pioneiro em levantamentos telefônicos

Ipespe: entenda como são feitas as pesquisas eleitorais do instituto pioneiro em levantamentos telefônicos

agosto 18, 2022 Off Por JJ

pesquisa ipespe
Foto: Getty Image

* Por Marcos Mortari

O Ipespe realiza a maior parte de suas pesquisas de intenção de voto por telefone, com a aplicação dos questionários por entrevistadores treinados, método que adota desde 1994 como pioneiro. O instituto entende que esta modalidade de pesquisa é confiável e representa uma alternativa mais acessível aos contratantes em comparação com levantamentos presenciais.

Instituto: Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas)
Metodologia: Pesquisa telefônica conduzida por operadores
Principal(is) contratante(s): XP Investimentos
Quantidade de entrevistas: 2.000 entrevistas

O questionário das pesquisas Ipespe é feito por uma equipe técnica e submetido a pré-testes para verificação de clareza das perguntas e eventual correção de problemas de programação. “Tudo é elaborado de modo a termos um questionário com a menor taxa de desvio possível e com toda a imparcialidade”, explica Marcela Montenegro, diretora executiva do instituto.

Paralelamente à confecção do questionário, é feito o plano amostral. Respeitando a divisão do eleitorado por região do país, realiza-se um sorteio dos municípios que participarão da pesquisa.

Há um controle por porte de município e uma divisão entre capital, periferia e interior, sempre de acordo com a proporcionalidade da população. Os municípios variam a cada amostra, mas os perfis e suas distribuições são mantidos a cada nova pesquisa.

Definição da amostra

O Ipespe trabalha com cotas de sexo e idade, baseadas em informações do eleitorado oferecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na última pesquisa nacional registrada (BR-08220/2022), o instituto definiu a seguinte distribuição amostral esperada: 47% homens, 53% mulheres; 1% com idade entre 16 e 17 anos; 33% de 18 a 34 anos; 45% de 35 a 59 anos, e 21% a partir de 60 anos.

Há também um controle da amostra pelas variáveis de nível de instrução (39% até Ensino Fundamental, 41% Ensino Médio e 20% Ensino Superior) e renda familiar mensal (48% até 2 salários mínimos, 36% de 2 a 5 salários mínimos, e 16% mais de 5 salários mínimos) ‒ esta última com base em estimativas observando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Neste caso, não são cotas rigorosas. [O controle] é feito a partir do que vem do campo, para mantermos padrão de amostra”, conta Montenegro.

O Ipespe ainda introduziu em suas pesquisas uma variável de controle chamada “recall de votos”, que leva em consideração as respostas dos entrevistados sobre o candidato votado nas últimas eleições e o resultado efetivo das urnas ‒ instrumento usado por outros institutos no exterior.

O objetivo é ter uma amostra que não se distancie da proporção de votos recebidos por Jair Bolsonaro e Fernando Haddad na última corrida presidencial.

As cotas previstas para a amostra são controladas durante a própria realização das entrevistas. Caso os entrevistadores já tenham atingido o percentual estabelecido para um determinado grupo, o próprio sistema está programado para bloquear novas inclusões que possam distorcer a proporção da população representada. O Ipespe prevê diferenças de no máximo 3 pontos percentuais para mais ou para menos entre o perfil usado para o eleitorado e a amostra.

Já no caso das variáveis de controle, os ajustes são feitos posteriormente, com a aplicação de fatores de ponderação, quando houver necessidade. Nestes grupos, a margem de tolerância em comparação com os valores de referência é maior, variando de 5 a 7 pontos.

Margem de erro

O Ipespe costuma trabalhar, em suas pesquisas, com um nível estimado de confiança de 95,45% e uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para cima ou para baixo sobre os resultados encontrados no total da amostra.

Nas entrevistas, o instituto utiliza um modelo conhecido como Random Digit Dialing (RDD) para a realização das ligações. Essa tecnologia consiste no sorteio dos números que participarão da pesquisa (mantendo os DDDs selecionados para a amostra de modo a não distorcer as proporções geográficas), respeitando o princípio estatístico da aleatoriedade.

Os questionários são submetidos a uma fiscalização de cerca de 20% dos questionários aplicados pelos entrevistadores, para verificação das respostas e da adequação dos entrevistados aos parâmetros amostrais. Quando há perguntas abertas, elas passam por um processo de codificação para que respostas semelhantes possam ser agregadas.

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