Tesouro Direto: prefixados perdem piso de 12%; Tesouro IPCA+ 2032 e 2040 voltam a negociar na 2ª (15)

Tesouro Direto: prefixados perdem piso de 12%; Tesouro IPCA+ 2032 e 2040 voltam a negociar na 2ª (15)

agosto 12, 2022 Off Por JJ

Em dia de agenda econômica esvaziada no Brasil, agentes financeiros acompanham a divulgação de dados da Europa nesta sexta-feira (12). O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido recuou 0,1% entre abril e junho deste ano em relação ao trimestre anterior, segundo leitura preliminar do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês).

O resultado veio melhor do que o esperado por economistas consultados pelo The Wall Street Journal, que aguardavam uma contração de 0,2%.

Investidores também monitoram a queda nos contratos futuros de petróleo na manhã desta sexta-feira. Porém, tanto o Brent quanto o WTI caminham para terminar a semana com alta de até 5%, recuperando parte das perdas de 14% da semana passada.

Mesmo após dados de inflação ao consumidor e ao produtor melhores do que o esperado nos Estados Unidos, agentes financeiros acreditam que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve seguir o ciclo de aperto monetário. Para a reunião de setembro, maior parte do mercado acredita que a autoridade monetária deve elevar os juros em 0,5 ponto, segundo o CME Group.

No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos opera com os juros em estabilidade, em sua maioria, na manhã desta sexta-feira (12). Depois de recuperar o patamar mínimo de 12% ao ano na sessão anterior (11), mais uma vez o piso dos prefixados volta a ser de 11,97% ao ano, na primeira atualização da manhã. O título que oferecia a remuneração em questão era o Tesouro Prefixado 2025.

Já a taxa oferecida pelo Tesouro Prefixado 2029 era de 12,11% ao ano, em linha com os 12,12% ao ano registrados um dia antes.

Entre os papéis atrelados à inflação, o juro máximo era entregue pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 5,95% ao ano, mesmo valor visto na véspera (11).

As negociações do Tesouro IPCA+2032 e o 2040, ambos com juros semestrais, seguem suspensas desde a última segunda-feira (9). Os papéis voltam a ser negociados no dia 15 de agosto de 2022, quando ocorre o pagamento do cupom.

Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que têm cupom de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (12): 

Fonte: Tesouro Direto

PIB do Reino Unido e dados da Europa

O destaque da cena internacional está em dados da Europa. Embora tenha recuado no segundo trimestre deste ano, o PIB do Reino Unido avançou 2,9% na base anual, em linha com as expectativas dos analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

A produção industrial da zona do euro, por sua vez, subiu 0,7% em junho ante maio, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta sexta-feira pela agência oficial de estatísticas da União Europeia, a Eurostat.

O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,1% na produção.

Na comparação anual, a produção industrial do bloco teve expansão de 2,4% em junho. Neste caso, a projeção do mercado era de ganho de 0,4%.

A Eurostat também revisou para cima o acréscimo mensal da produção industrial em maio, de 0,8% para 2,1%.

Postura do BC

O mercado também repercute entrevista de Fábio Kanczuk, head de macroeconomia da ASA Investments. Ao jornal Valor Econômico, o economista disse acreditar que o Banco Central pode ter feito a última alta de juros neste mês e que a autoridade monetária deixará a Selic estável em 13,75% na reunião de setembro.

Kanczuk foi diretor de política monetária do BC até dezembro. O executivo também destacou que prevê nova ação da autoridade já no começo de 2023, seja para baixar a taxa, ou para subi-la.

A entrevista está em linha com a maior parte do mercado. Segundo os contratos de opção de Copom negociados na B3 nesta sexta-feira (12), há 69% de chance de o Banco Central manter a Selic em 13,75% na próxima reunião, contra uma probabilidade de 27% de que ele eleve os juros em 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano.

Virada nos juros beneficia prefixados

Com a sinalização de que o ciclo de aperto monetário está chegando mesmo ao fim, as taxas de juros – especialmente de papéis prefixados – passaram por um forte ajuste nos últimos dias, e para baixo. Com isso, títulos públicos, que chegaram a registrar desvalorização nos preços em julho e nos meses anteriores, agora apresentam valorização de até 10,02% em menos de 30 dias.

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Nos últimos dias, a alta mais expressiva foi registrada pelo Tesouro Prefixado 2029. Títulos de prazo mais longo como esse, que vence só daqui a sete anos, tendem a sentir mais os efeitos dos movimentos da curva de juros.

O preço do papel em questão era de R$ 441,02 no dia 20 de julho, quando a taxa de remuneração oferecida por ele atingiu o pico de 2022, de 13,59% ao ano. E saltou para R$ 485,21 na manhã de ontem (11), dia em que a taxa entregue caiu para 12,04% ao ano. Apenas a título de comparação, no mês anterior inteiro, o papel havia desvalorizado 0,41%.

Outros papéis prefixados, como o título com vencimento em 2025, também registraram avanço nos preços. Ao bater a taxa máxima de 13,51% ao ano no dia 20 de julho, o valor de mercado do papel alcançou R$ 733,62.

Na primeira atualização da última quinta-feira (11), porém, o título era negociado a R$ 764,97, oferecendo um juro de 11,91% ao ano. Na prática, a variação de preços nesses dias representou uma valorização de 4,27% no preço do Tesouro Prefixado 2025.

O efeito de aumento nos preços dos títulos, em momentos de recuo das taxas de remuneração, tem como explicação a chamada marcação a mercado. Durante a existência de um papel, seu preço é marcado diariamente conforme as taxas que o mercado precifica a cada dia.

Na prática, os papéis prefixados costumam valorizar quando as taxas de juros estão em tendência de queda. O contrário também é verdadeiro: os preços dos papéis normalmente caem quando as taxas de juros sobem, como estava ocorrendo nos meses anteriores, enquanto o mercado precificava uma provável continuação do ciclo de aperto monetário para além de agosto. Por isso, até o vencimento, alguns papéis ficaram com rentabilidade negativa em alguns momentos deste ano.

Consignado para beneficiários do Auxílio Brasil

Já na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou decreto que regulamenta o artigo da Lei nº 14.431, de 3 de agosto de 2022, que autoriza a concessão do crédito consignado para beneficiários de programas sociais do governo.

O decreto ainda deverá ser publicado no Diário Oficial da União (DOU), segundo nota da Secretaria Geral da Presidência divulgada na véspera (11).

“A célere regulamentação do dispositivo citado possibilita que os beneficiários do Programa Auxílio Brasil tenham acesso facilitado a crédito, com taxas de juros mais baixas, o que permitirá a tomada de crédito responsável, sem o comprometimento excessivo da renda”, afirmou a Secretaria.