Ibovespa recua 2%, com cautela em Wall Street e preocupação por China; dólar sobe 2% e vai a R$ 5,37

Ibovespa recua 2%, com cautela em Wall Street e preocupação por China; dólar sobe 2% e vai a R$ 5,37

julho 11, 2022 Off Por JJ

O Ibovespa fechou em queda de 2,07% nesta segunda-feira (11), aos 98.212 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira recuou seguindo a baixa dos benchmarks americanos, mas caindo um pouco mais do que a média desses.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq tiveram baixas de, respectivamente, 0,52%, 1,15% e 2,26%.

“Teremos uma semana movimentada nos EUA, com a publicação do CPI [Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês] e o início da temporada de balanços, com bancos trazendo resultados. É provável que tenhamos empresas trazendo em seus documentos temores com a recessão e com alta de preços”, comenta Henrique Esteter, especialista de mercados do InfoMoney.

Segundo Esteter, é normal que investidores se posicionem com cautela em períodos marcados por uma maior divulgação de dados.

O índice VIX, conhecido como índice do medo, avançou 6,17%, aos 26,16 pontos, indicando que o mercado está adotando uma postura de alerta. Além disso, os principais índices dos EUA, principalmente a Nasdaq, vinham de uma sequência de altas – o que justifica certa realização de lucros.

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, pontua que o mercado como um todo ainda foi muito impactado pelas novas notícias provindas da China, que identificou uma nova variante da Covid-19. O país começou uma nova fase de testagem em massa, o que normalmente antecede lockdowns – e novas medidas de restrição diminuiriam consideravelmente as chances de a economia mundial crescer em 2022.

O preço da tonelada do minério de ferro no porto de Dalian recuou 3,36%, a US$ 107,02. Já no mercado de petróleo, o preço do barril WTI caiu 1,19%, a US$ 103,56; já o brent fechou com leve alta de 0,07%, a US$ 107,10 o barril.

Commodities pesam no Ibovespa

“Com tudo isso, todo o mercado abriu para baixo e o Brasil é muito impactado pelo fato de ser muito exposto às commodities”, explica Velloni. “O aumento do risco, com a perspectiva de menor crescimento global, levou o índice Dólar (DXY) a chegar a patamares históricos, com fluxo para os Estados Unidos. Temos todo um cenário que faz investidores entrarem em holding”.

O DXY, índice que mede a força do dólar frente outras divisas, subiu 1,12%, aos 108,20 pontos, maior patamar desde junho de 2002. A moeda americana subiu 1,96% frente ao real, negociada a R$ 5,37 na compra e a R$ 5,371 na venda.

Esteter menciona que há ainda uma tensão crescente para a relação entre o dólar e o euro. “Há preocupação fiscal na União Europeia, com o Nord Stream 1 podendo ficar fechado após a manutenção programada de dez dias”, avalia.

O fluxo de capital para os Estados Unidos, com investidores procurando segurança, fez os treasuries yields caírem 11 pontos-base, com menor necessidade de o Tesouro manter as taxas mais altas em meio à procura orgânica por títulos.

No Brasil, no entanto, o dia foi de forte de alta dos juros, com pressão principalmente do dólar – os DIs para 2023 e 2025 viram suas taxas subirem 10 e 25 pontos-base, para 13,88% e 13,22%; o DI para 2027, por sua vez, teve seu rendimento avançando 21 pontos, para 13,08%, e o para 2029 teve seu yield ganhando 17 pontos, para 13,20%.

“O mercado brasileiro está internalizando os problemas externos e os maiores riscos fiscais no radar, com eleições se aproximando e os candidatos (até agora os 2 favoritos) sem demonstrar compromissos mais claros sobe a trajetória fiscal do país”, diz Rafael Cota Maciel, gestor de renda variável da Inter Asset.

Entre as maiores quedas do Ibovespa, companhias ligadas ao dólar e à curva de juros.

As ações PN da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) recuaram, respectivamente, 11,79% e 7,55%. Companhias aéreas, normalmente, sofrem pela alta do dólar – e são ainda mais impactadas pelo preocupação do encontro de uma nova variante. As ações ON da Méliuz (CASH3), por sua vez, caíram 8%.

Por peso, os papéis ordinários da Vale (VALE3), que acompanharam a baixa do minério, foram destaques entre os recuos, caindo 3,41%, bem como os da CSN (CSNA3), com menos 5,05%.

Entre as poucas altas do índice, companhias consideradas defensivas: as ações de Vivo (VIVT3) e do Assaí (ASAI3) subiram, respectivamente, 0,80% e 0,46%.

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