Tesouro Direto: prefixados se aproximam de recorde em semana de Super Quarta e avanço nos títulos americanos

Tesouro Direto: prefixados se aproximam de recorde em semana de Super Quarta e avanço nos títulos americanos

junho 13, 2022 Off Por JJ

A segunda-feira (13) tem início com forte movimento de aversão a risco ao redor do mundo. Pesa sobre os mercados a ideia de que os bancos centrais terão que adotar posturas ainda mais agressivas para domar a inflação persistente.

Os rendimentos dos títulos americanos (treasuries) de dois anos, por exemplo, avançavam para além dos 3% ao ano por volta das 9h15 (horário de Brasília). A taxa que não era vista desde 2007.

A curva de juros americana segue invertida, o que significa que o rendimento dos títulos curtos está mais alto que o de longo prazo. Hoje, as taxas das treasuries de dois anos estavam 6 pontos-base (0,06 ponto percentual) acima das vistas nas de dez anos.

O fenômeno é considerado contraintuitivo, já que títulos de prazo mais longo são mais sensíveis ao risco e costumam oferecer juros mais elevados. Quando essa diferença cai e há uma inversão da curva, analistas de mercado consideram que pode se tratar de um indicativo recessão no futuro.

A piora das restrições da China também preocupa agentes de mercado, já que ser acompanhada por uma nova rodada de revisões para baixo do crescimento mundial e do próprio país.

Já na cena local, as atenções estão voltadas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que inicia amanhã (14) e termina na quarta-feira (15).

Boa parte das expectativas de mercado apontam que a autoridade monetária deve elevar os juros em 0,50 ponto percentual na reunião deste mês. No entanto, não há consenso sobre os próximos passos do BC.

No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos registra alta nas taxas na manhã desta segunda-feira. O avanço é maior entre prefixados e alguns títulos voltam a se aproximar de patamar recorde.

Na primeira atualização do dia, o juro oferecido pelo Tesouro Prefixado 2029 era de 12,88% ao ano, valor superior aos 12,76% vistos na sexta-feira (10). Tal percentual está bem próximo do recorde registrado pelo título que é de 12,89%. Esse papel começou a ser negociado em fevereiro deste ano.

Da mesma forma, às 9h25, o Tesouro Prefixado 2025 e 2033 ofereciam retornos de 12,76% e de 12,93% ao ano, respectivamente. Ou seja, acima dos 12,62% e dos 12,84% vistos na sessão anterior. Ambos também estão próximos da máxima histórica que é de 12,81% e de 12,98%, nessa ordem.

Papéis atrelados à inflação também registram avanços, sendo que o maior juro real é oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2055, no valor de 5,89%. Esse percentual também está próximo da rentabilidade máxima oferecida pelo título, que é de 5,93%. O título começou a ser negociado em fevereiro de 2020.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (13): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Aversão a risco, China e commodities

Os índices futuros de Nova York e as bolsas da Europa recuam na manhã desta segunda-feira (13), de olho na perspectiva de aumentos mais agressivos dos juros nos Estados Unidos.

A inflação ao consumidor nos EUA (CPI) de maio veio acima do esperado, na última sexta-feira (10), o que elevou a tensão para níveis máximos, com os receios de que o pico da inflação ainda não foi atingido e que o Federal Reserve (Fed), autoridade monetária americana, está atrás da curva, ou seja, está atrasado na elevação dos juros.

O Fed anuncia a decisão de juros na próxima quarta-feira (15). A autoridade monetária já elevou os Fed Funds duas vezes neste ano, sendo que o último aumento foi de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) em maio.

Os mercados asiáticos também fecharam em forte baixa na sessão de hoje (13), com preocupações em torno da situação da Covid-19 na China e expectativa de um aperto monetário mais forte nos EUA.

Pesa também o fato de que a cidade de Pequim registra novo surto de Covid. Com isso, autoridades locais suspenderam eventos esportivos, atrasaram o retorno às aulas e reforçaram outros controles, poucos dias depois de afrouxá-los.

O endurecimento das restrições também afeta os preços de commodities. Os contratos futuros de petróleo operam em baixa nesta segunda-feira. Por volta das 10h, o petróleo Brent recuava 1,3%, aos US$ 120,44, enquanto o WTI caía 1,417%, cotado aos US$ 118,96.

Copom, combustíveis e TSE

Na cena local, as atenções estão voltadas para o Copom. Analistas estão divididos sobre os próximos passos do colegiado: se esta deve ser a última alta do ano, ou se há necessidade de mais uma elevação em agosto.

O Itaú, por exemplo, prevê que a taxa seja elevada em 0,50 ponto percentual nesta reunião. “Em nossa visão, a elevação estaria de acordo com a mensagem passada após a reunião do mês de maio, na qual a autoridade monetária falou em um ajuste adicional de menor magnitude, em relação aos 100 pontos-base implementados até então”, escreveram os analistas.

O banco acredita ainda que o Copom deve sinalizar que fará mais um aumento moderado na reunião de agosto. “Um aspecto adicional que deve ser considerado desta vez no balanço de riscos do comitê é a possibilidade de redução de impostos que, se implementada, pode implicar em um viés de baixa à inflação projetada para este ano”, complementou a equipe de análise.

Sobre esse assunto, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, marcou para esta segunda-feira (13) a votação do projeto que limita em 17% a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte público.

O projeto já foi aprovada pela Câmara, mas pode retornar aos deputados, caso os senadores mudem o texto inicial. A proposta sofre resistência por parte dos governos estaduais, que temem que a queda da arrecadação comprometa investimentos e o custeio dos serviços públicos.

Também na cena política, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou as etapas de auditoria dos sistemas que serão utilizados nas eleições de outubro, com cronograma de atuação, e definiu as entidades fiscalizadoras do processo de votação. As informações foram enviadas pelo presidente da Corte, Edson Fachin, aos ministros do TSE e do Superior Tribunal Federal (STF).

O documento lista 16 entidades que poderão participar das etapas do processo de fiscalização. Segundo o texto, as Forças Armadas estão entre as entidades fiscalizadoras do processo de votação e de auditoria das urnas, junto com outros órgãos e entidades, como partidos políticos, federações e coligações; Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Ministério Público; Congresso Nacional; STF; Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal.