Tesouro Direto: retorno de Prefixado 2033 volta a se aproximar de patamar recorde

Tesouro Direto: retorno de Prefixado 2033 volta a se aproximar de patamar recorde

junho 2, 2022 Off Por JJ

Dados de atividade econômica estão no foco dos investidores nesta quinta-feira (2). Hoje foi apresentado o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que avançou 1% na comparação com o trimestre anterior – desempenho que veio abaixo das estimativas do mercado.

Números de criação de emprego no setor privado (ADP) americano também estão no centro das atenções. Segundo o Departamento de Trabalho, foram criadas 128 mil vagas – percentual que ficou abaixo das projeções dos analistas.

Na véspera, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, destacou no Livro Bege que o mercado de trabalho “apertado” é seu principal desafio na luta contra a escalada de preços.

Atenção também aos preços do petróleo. Investidores aguardam o anúncio da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que pode ditar novos aumentos ou não na produção da commodity.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos operam em alta na manhã desta quinta-feira. Prefixados apresentam alta mais expressiva do que os papéis atrelados à inflação.

Destaque para o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, que apresentava um juro de 12,73%, às 9h20 de hoje, contra 12,65% na véspera (1). Tal percentual está próximo do recorde registrado por esse título no valor de 12,78% e que foi batido em 9 de maio. O papel começou a ser negociado neste ano.

Os demais títulos prefixados, no entanto, seguiam mais distantes de valores históricos.

Já entre os títulos atrelados à inflação, o maior retorno real era oferecido pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 5,86%. Ou seja, acima dos 5,81% vistos um dia antes.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quinta-feira (2): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

PIB

O destaque da cena local está nos números do PIB. A alta de 1,0% no primeiro trimestre representa o terceiro resultado positivo para o indicador, desde o recuo de 0.2% no segundo trimestre de 2021.

Na comparação anual, com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,7% e ficou levemente abaixo das expectativas (1,8%).

Nas últimas semanas, economistas passaram a revisar o PIB do primeiro trimestre e de 2022 para cima, devido à atividade econômica acima do esperado no começo do ano, mas ao mesmo tempo cortaram as previsões para 2023, em meio ao ciclo de aperto monetário do Banco Central.

Sob a ótica da produção, a alta foi puxada pelo setor de serviços, que representa 70% do PIB do Brasil e cresceu 1,0%. Na indústria houve estabilidade (alta de 0,1%) e na agropecuária houve recuo de 0,9%, por causa da estiagem na região Sul.

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7% e o do governo ficou estável (alta de 0,1%). Os investimentos, por sua vez, caíram 3,5%. No setor externo, as importações de bens e serviços regrediram 4,6% e as exportações subiram 5,0%.

Na avaliação de Danilo Passos, economista da gestora WHG, o número veio em linha com a projeção da casa e não trouxe grande surpresa. Segundo ele, a expectativa era que o PIB de agora seria muito determinado por comércio e consumo, diante de pesquisas anteriores que saíram do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Um pouco disso ainda está ligado à reabertura e retomada da economia. Há um resquício desse fim de pandemia ajudando a atividade”, destaca o economista.

O número também não altera muito as projeções da casa para o ano, diz Passos. Ele afirma que a gestora está com estimativa de alta de 1,9% para o indicador em 2022.

Na análise, o economista afirma que o crescimento econômico deve seguir positivo no segundo trimestre deste ano e desacelerar no segundo semestre. A razão, explica, é que na segunda metade do ano teria passado o sentimento positivo gerado com a reabertura das atividades e os efeitos da política monetária seriam mais perceptíveis.

Conta de luz e tributação PIS e Cofins

Na cena política, investidores monitoram a aprovação ontem (1) pelo Senado de um projeto de lei (PL) que prevê a devolução de valores de tributos excedentes recolhidos pelas empresas de distribuição de energia elétrica. Na prática, a medida pode reduzir o valor da conta de luz para o consumidor. Projeto segue para a Câmara.

De acordo com o texto aprovado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) implementará a destinação dos créditos referentes ao Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e à Contribuição sobre o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) que as empresas cobraram a mais de seus usuários. Essa destinação, segundo o projeto ocorrerá na forma de redução de tarifas.

Já a Câmara aprovou ontem (1) medida provisória (MP) que reformula a tributação de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre álcool combustível vendido por cooperativas diretamente ao setor varejista. O texto segue para análise do Senado.

Zona do euro e China

Na cena externa, investidores repercutem a notícia de que os bancos estatais chineses mobilizarão uma linha de crédito de 800 bilhões de yuans (cerca de US$ 120 bilhões) para o financiamento de projetos de infraestrutura, como parte dos esforços do governo para estimular a segunda maior economia do planeta.

Os recursos foram anunciados em reunião do Conselho de Estado presidida pelo primeiro-ministro da China, Li Keqiang, segundo comunicado apresentado nesta quinta-feira.

O montante será distribuído no âmbito de um pacote com 33 medidas fiscais e monetárias anunciado na última terça-feira (31). O objetivo é estancar o recente enfraquecimento da atividade econômica no país asiático, que adotou rígidas restrições à mobilidade em várias cidades após novos surtos de coronavírus.

Destaque também para a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da zona do euro, que saltou 37,2% em abril ante igual mês do ano passado, ganhando força ante o acréscimo anual de 36,9% (dado revisado) observado em março, segundo dados publicados hoje pela Eurostat.

O resultado de abril, porém, veio abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 38,6%.

Em relação a março, o PPI do bloco avançou 1,2% em abril. Nesse caso, a projeção do mercado era de aumento de 2,3%.

Excluindo-se os preços de energia, que tendem a ser voláteis, o PPI da zona do euro subiu 2,6% em abril ante março e registrou alta de 15,6% no confronto anual.