Tesouro Direto: taxas de prefixados chegam a 12,69% com câmbio, inflação na Europa e aversão a risco global
maio 31, 2022
As taxas dos títulos públicos avançam na manhã desta terça-feira (31). Nos prefixados, a pressão altista puxa as taxas de curto prazo, que chegam a subir até 11 pontos-base. Enquanto nos títulos atrelados à inflação, as taxas apresentam avanço de até 5 pontos-base.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, as taxas de juros sobem por conta de alguns fatores.
Na esfera internacional, a divulgação de dados da inflação na Europa, que vieram acima do esperado, causou impacto. Isso fora o acordo da União Europeia para banir a importação do petróleo russo. “Isso deve exercer uma pressão altista nos preços internacionais do petróleo, levando à alta dos juros internacionais e puxando os juros domésticos de curto prazo”, avalia.
Por conta da maior aversão ao risco global, que tem fortalecido o dólar, Borsoi aponta que o fechamento da PTAX mensal deve contribuir com a alta da moeda americana. A PTAX – taxa média calculada pelos valores das transações do mês – é sempre calculada no último dia, o que costuma trazer mais volatilidade para o câmbio. Na visão do economista, a PTAX também deve contaminar as taxas de juros domésticas hoje.
Já no cenário local, Borsoi avalia que a divulgação do superávit primário de abril, que veio melhor do que o esperado pelo mercado, mantém a parte longa da curva de juros sob um certo controle. No Tesouro Direto, por exemplo, as taxas reduzem a alta nos títulos com vencimentos mais longos.
Borsoi cita também a repercussão da piora fiscal com a aprovação do projeto de lei do teto do imposto ICMS e o leilão do Tesouro Nacional, fatores que devem contribuir com a alta nos juros.
Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era no título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 entregava na primeira atualização do dia uma rentabilidade anual de 12,53%, acima dos 12,42% vistos ontem.
Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam um retorno anual de 12,47% e 12,69% ao ano, respectivamente, superior aos 12,41% e 12,64% ao ano registrados na segunda-feira (30).
Nos títulos atrelados à inflação, as taxas avançavam entre 2 e 5 pontos-base. A maior alta era na taxa do Tesouro IPCA+ 2026. O título público oferecia um retorno real de 5,62% ao ano hoje, acima dos 5,57% vistos ontem.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta terça-feira (31):
Taxa de Desemprego
A taxa de desemprego no Brasil continua em trajetória de queda e ficou em 10,5% no trimestre encerrado em abril, resultado bem melhor que o esperado pelo mercado (o consenso Refinitiv projetava 11%), apontam dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgados nesta terça-feira (31).
É a menor taxa para esse trimestre desde 2015 (quando estava em 8,1%) e uma queda de 0,7 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (de novembro a janeiro) e de 4,3 pontos percentuais na comparação anual (de fevereiro a abril de 2021).
O número de pessoas ocupadas (96,5 milhões) é o maior da série histórica, iniciada em 2012, e cresceu 1,1% na comparação com o trimestre de novembro a janeiro (1,1 milhão de pessoas a mais) e 10,3% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (9 milhões de ocupados em um ano).
A população desocupada recuou 5,8% na comparação trimestral (699 mil pessoas) e 25,3% na anual (3,8 milhões de pessoas desocupadas a menos), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar das boas notícias, 11,3 milhões de brasileiros ainda não conseguem um emprego e o rendimento real habitual caiu 7,9% na comparação anual.
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 55,8%, uma alta trimestral de 0,5 ponto percentual e anual de 4,8 pontos percentuais (quando estava em 51,1%).
Superávit
O superávit do setor público cresceu para R$ 38,9 bilhões em abril, segundo o Banco Central.
O número é superior aos R$ 24,3 bilhões registrados em abril do ano passado. O superávit do governo federal ficou em R$ 29,6 bilhões, enquanto o dos regionais ficaram em R$ 10,3 bilhões. As empresas estatais, por sua vez, tiveram déficit de R$ 1 bilhão em abril.
O superávit primário do setor público foi a R$ 137,4 bilhões (1,52% do PIB). A dívida líquida caiu de 58,2% para 57,9% do PIB em abril. A dívida bruta do governo geral ficou em 78,3% do PIB.
PIB
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou em reunião no Palácio do Planalto que os analistas do mercado financeiro caminham para rever suas previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano para um patamar em torno de 2%. O “termômetro” do PIB repassado ao presidente Jair Bolsonaro foi captado pelo BC em reuniões que o comando do banco tem com representantes do mercado financeiro.
A conversa ocorreu, na semana passada, nos bastidores da cerimônia em que Bolsonaro anunciou novas medidas do programa Crédito Brasil Empreendedor, segundo apurou o Estadão com fontes que participaram da reunião.
A projeção do Ministério da Economia utilizada no Orçamento é de alta de 1,5% do PIB neste ano. Já a projeção do BC permanece em 1%, mas deve subir no próximo relatório de inflação (documento que o BC divulga a cada três meses com o balanço de riscos para a inflação e previsões de indicadores econômicos).
Os auxiliares do presidente estão preocupados com o impacto da inflação e dos juros mais altos no crescimento no segundo semestre deste ano, na reta final das eleições. Como admitem ministros políticos do presidente, a economia e os preços elevados, sobretudo dos combustíveis, ameaçam a reeleição.