Ainda vale a pena investir em fundos imobiliários diante da Selic de dois dígitos? Analista da XP responde; Ifix sobe

Ainda vale a pena investir em fundos imobiliários diante da Selic de dois dígitos? Analista da XP responde; Ifix sobe

fevereiro 4, 2022 Off Por JJ

Pela primeira vez desde 2017, a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, alcançou os dois dígitos. Na quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a o indicador em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. O movimento reforçou o questionamento sobre a atratividade dos fundos imobiliários no atual cenário de juros elevados.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (3), Maria Fernanda Violatti, analista da XP, manteve posição otimista em relação aos fundos imobiliários, mesmo com a expectativa de novas elevações da Selic.

“Mesmo com patamares mais elevados da Selic, esperamos que os fundos imobiliários continuem distribuindo dividendos acima da rentabilidade de outras classes de ativos como a poupança, Tesouro Selic e aluguel de imóveis residenciais”, afirma Maria Fernanda, que lembra ainda da isenção dos dividendos distribuídos pelos FIIs.

A analista da XP lembra que o retorno médio com dividendos do Ifix IFIX – índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – está em 11,79% nos últimos 12 meses e deveria ser comparado com os juros longos, e não necessariamente com a Selic. Nesta análise, Maria Fernanda aponta que os dividendos dos fundos imobiliários estão mais de seis pontos percentuais acima do retorno, por exemplo, da NTN-B 2035, título do Tesouro Nacional. A diferença média entre os dois investimentos é de 4,3 pontos percentuais nos últimos quatro anos.

Fonte: XP 

Obs.: Dividend Yield representa o retorno com dividendos dos fundos do Ifix.

Diante do cenário de Selic elevada, Maria Fernanda lembra que os fundos imobiliários de “papel”, que investem em títulos de renda fixa e recebíveis imobiliários, são os mais promissores para o curto prazo. Destaque para os fundos que possuem alocações em CRIs (certificados de recebíveis imobiliários) com indexação ao CDI (certificado de depósito interbancário), que se beneficia da alta dos juros. Isso “levaria a um aumento na receita da carteira e, consequentemente, da distribuição de dividendos”, projeta Maria Fernanda.

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Apesar da sinalização do Copom, de que pode reduzir o ritmo de aperto da política monetária, o mercado financeiro reafirma aposta em uma alta de 1 ponto na taxa Selic na reunião prevista para março. Leia mais ao longo da Central de FIIs.

IFIX Hoje

Na sessão desta sexta-feira (4), o Ifix opera no campo positivo. Às 11h07, o indicador registrava leve alta de 0,02%, aos 2.768 pontos. Ontem, o índice subiu 0,20%. Confira outros destaques de hoje.

Maiores altas desta sexta-feira (4):

Ticker Nome Setor Variação (%)
KFOF11 Kinea FoF Títulos e Val. Mob. 3,12
BLMR11 Bluemacaw Renda+ FOF Títulos e Val. Mob. 1,68
HSLG11 HSI Logística Logística 1,77
SDIL11 SDI Rio Bravo Logística 1,35
KISU11 KILIMA Títulos e Val. Mob. 1,01

 

Maiores baixas desta sexta-feira (4):

Ticker Nome Setor Variação (%)
AIEC11 Autonomy Edifícios Lajes Corporativas -3,54
BPFF11 Brasil Plural Absoluto Títulos e Val. Mob. -1,75
VGIR11 Valora RE Títulos e Val. Mob. -1,3
VILG11 Vinci Logistica Logística -1,16
MGFF11 MOGNO Títulos e Val. Mob. -0,94

Fonte: B3

Imóveis do XP Log (XPLG11) têm valores elevados em 2,4%

Em comunicado divulgado na manhã desta sexta-feira (4), o fundo XP Log informou que foi concluída a reavaliação anual dos imóveis do portfólio, realizada pela Colliers International do Brasil. O laudo aponta elevação de 2,4% no preço justo dos espaços.

O fundo conta atualmente com 17 condomínios logísticos e mais dois empreendimentos em construção, que totalizam uma área de cerca de 956 mil metros quadrados. Os imóveis estão localizados em seis estados, sendo quase metade deles em São Paulo. A receita imobiliária provém de 41 locatários de diversos segmentos, sendo 36% do comércio varejista.

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Levantamento recente do Itaú BBA apontava que o Bresco Logística (BRCO11) foi o destaque da temporada de reavaliação de patrimônio, com elevação de 9%. O estudo não considerou o resultado do CSHG Prime Offices (HGPO11), com uma valorização de mais de 11%.

Giro imobiliário: mercado aposta em uma alta de 1 ponto na taxa Selic em março

A sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de que deve reduzir o ritmo de aperto da política monetária não mudou a expectativa do mercado de um aumento de 1 ponto porcentual para a Selic na reunião do colegiado em março, considerando a mediana das estimativas compiladas pelo Projeções Broadcast – o que levaria a taxa básica de juros de 10,75% para 11,75% ao ano.

A possível mudança de rota foi sinalizada pelo Copom no comunicado divulgado na quarta-feira para explicar a puxada da Selic para 10,75%. O colegiado fala que, neste momento, parece mais “apropriado” um aumento inferior ao ritmo de 1,5 ponto que prevaleceu nas três últimas reuniões. O documento, porém, não estabeleceu um consenso no mercado acerca do momento em que o fim do ciclo de aumentos deve ocorrer, com estimativas divididas entre março e maio de 2022.

“O BC tomou um pouco mais de risco nesse comunicado ao adotar a possibilidade de redução do ritmo de alta. Esperávamos que ele deixasse as possibilidades mais abertas, justamente devido às altas recentes da inflação e às pressões sobre os preços”, afirmou o economista João Leal, da Rio Bravo Investimentos.

O economista prevê que a Selic mantenha o patamar de 11,75% até o fim de 2022, com um ciclo gradual de cortes somente em 2023, levando a taxa a 8,0% no encerramento do próximo ano. “O BC não deve arriscar reduzir os juros antes de ter um cenário mais claro de como será o próximo governo em termos fiscais”, afirma. Leal espera inflação de 5,4% em 2022 e de 3,3% em 2023.