Em dia de decisão do Copom, taxas de títulos públicos sobem com aumento de aversão ao risco
maio 6, 2020SÃO PAULO – As taxas dos títulos públicos negociados via Tesouro Direto começam o pregão desta quarta-feira (6), dia de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), em alta, refletindo a decisão da agência de classificação de risco Fitch de mudar para negativa a perspectiva para o risco soberano do Brasil.
Também corroboram para a valorização das taxas dos papéis o aumento de aversão ao risco por conta das tensões políticas e pelo maior risco fiscal, diante da aprovação na Câmara do auxílio a estados e municípios em meio à pandemia.
Investidores aguardam hoje pela decisão do Copom, que deve cortar a Selic em 0,50 ponto percentual, levando a taxa dos atuais 3,75% para 3,25% ao ano. Após tombo da produção industrial em março, a curva de juros futuros sinalizava ontem à tarde a possibilidade de uma redução até mais agressiva da Selic, de 0,75 p.p., segundo apontou a Bloomberg. A decisão será divulgada hoje, após o fechamento dos mercados.
No Tesouro Direto, o título indexado à inflação com vencimento em 2026 pagava 3,46% ao ano nesta manhã, ante 3,25% a.a. na tarde de terça-feira (5). Os papéis com prazos em 2035 e 2045, por sua vez, ofereciam um prêmio anual de 4,37%, ante 4,30% a.a. anteriormente.
Entre os papéis prefixados, o com vencimento em 2023 negocia a uma taxa de 4,84% ao ano, frente aos 4,74% da sessão anterior. Já o prêmio pago pelo Tesouro Prefixado com juros semestrais e prazo em 2031 subia de 7,78% para 7,94% ao ano.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos ofertados nesta quarta-feira (6):
Noticiário
Entre os destaques do dia, a agência de classificação de risco Fitch Ratings reafirmou ontem rating do Brasil em “BB-“, mas revisou a perspectiva da nota para negativa. O país continua sendo avaliado em grau especulativo, com maior risco de calote.
De acordo com a Fitch, a mudança de perspectiva reflete a deterioração das perspectivas econômicas e fiscais e os riscos negativos de ambas diante das renovadas incertezas políticas, incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso, e incertezas quanto à duração e intensidade da pandemia de coronavírus. A projeção é de que a economia brasileira deva contrair 4% em 2020, com riscos tendendo para o lado negativo.
No ambiente político, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o auxílio de R$ 125 bilhões para os estados, o Distrito Federal e os municípios em razão da pandemia. Entre as mudanças, estão os cálculos para distribuição dos R$ 60 bilhões em repasses diretos e na relação de categorias de servidores que, como contrapartida ao socorro, ficam impedidas de receber reajuste até o fim de 2021. Agora, a matéria deve retornar para análise do Senado antes de seguir para sanção presidencial.
Já a votação em segundo turno da PEC do Orçamento de Guerra, que estava marcada para terça-feira (5), ficou para hoje.
Enquanto isso, no cenário externo, mercados monitoram o relatório de emprego do setor privado dos Estados Unidos, que mostrou a eliminação de 20,2 milhões de postos em abril, em linha com o esperado pelos economistas consultados pela Bloomberg. A atenção dos investidores recai ainda sobre a reabertura gradual das maiores economias, em meio a um longo período de isolamento social por conta da Covid-19.
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