Ações da Gol caem até 11% após balanço e puxam papéis da Azul; Vivo sobe com recomendação elevada

Ações da Gol caem até 11% após balanço e puxam papéis da Azul; Vivo sobe com recomendação elevada

maio 4, 2020 Off Por JJ

SÃO PAULO – Em  ajuste após o feriado e repercutindo o cenário de maior aversão ao risco global com a elevação nas tensões entre EUA e China, a sessão é de queda para o Ibovespa.

Atenção ainda para a repercussão da temporada de resultados. As ações da Gol (GOLL4) caem forte, até 11%, após a companhia divulgar dados não-auditados do primeiro trimestre, informando que revelará os seus números auditados no dia 15 de maio de 2020. Os papéis da Azul (AZUL4) também registram forte queda.

A Gol teve lucro ajustado por resultados não recorrentes, ganhos e perdas nos Exchangeable Notes e variação cambial de R$ 173,2 milhões no primeiro trimestre, alta de 76% na base de comparação anual.  Isso porque o resultado ajustado exclui a variação cambial e monetária negativa de R$ 2,53 bilhões, resultados não recorrentes de R$ 87,5 milhões de receita e despesa de R$ 17,9 milhões relacionados aos resultados não realizados do Exchangeable Notes e capped calls. Contudo, com os efeitos, o prejuízo foi bilionário, de R$ 2,26 bilhões.

A BB Seguridade (BBSE3) também publicou balanço do 1º trimestre de 2020 na manhã de hoje e informou um lucro líquido de R$ 882,7 milhões no período, uma queda de 12,9% em comparação a igual período do ano passado. Os ativos também registram queda.

Já entre as maiores altas, atenção para a Vivo (VIVT4), que teve a recomendação elevada pelo Credit Suisse. Confira os destaques:

 

BB Seguridade (BBSE3)

A BB Seguridade publicou seus resultados do 1º trimestre deste ano e informou que obteve um lucro líquido ajustado de R$ 882,7 milhões, uma queda de 12,9% em comparação a igual período de 2019. Segundo a seguradora, a queda ocorreu por causa do resultado financeiro, influenciado negativamente pela redução da taxa Selic.

“Houve perdas de marcação a mercado nos títulos pré-fixados longos e pelo descasamento temporal na atualização de ativos e passivos dos planos de previdência de benefício definido”, comentou a empresa. A BB Seguridade informou que embora o lucro líquido tenha caído, houve uma expansão de 19,6% na receita operacional líquida combinada das empresas do grupo, “puxada principalmente pela redução da sinistralidade nas operações de seguro e pelo bom desempenho comercial no seguro rural, no seguro prestamista e na arrecadação em planos de previdência”.

O volume total de prêmios de seguros, contribuições de previdência e arrecadação com vendas de títulos de capitalização avançou 19% sobre o 1º trimestre do ano passado, para R$ 13,3 bilhões no 1º trimestre deste ano. Segundo a BB, este movimento de expansão parou na metade de março, após a pandemia da Covid-19 chegar ao Brasil. Segundo a empresa, por causa da pandemia, a BB Seguridade optou por suspender seu guidance para 2020. Outro ponto de destaque nos resultados foi a queda de 7,4 pontos porcentuais no índice de sinistralidade no trimestre. Segundo a BB, também houve uma expansão de 25% no volume de contribuições previdenciárias. A seguradora informou que encerrou o trimestre com reservas de PGBL e VGBL totalizando R$ 275,5 bilhões.

A Gol Linhas Aéreas publicou balanço do 1º trimestre de 2020 e reportou um prejuízo líquido de R$ 2,26 bilhões no período. O resultado é não ajustado e não foi auditado.

A empresa foi golpeada, antes da epidemia do coronavírus, pela variação cambial e forte queda do Real frente ao dólar, com impacto não apenas no preço do combustível, cujas despesas subiram de R$ 995,2 milhões no 1º trimestre de 2019 para R$ 1 bilhão em igual período deste ano, mas principalmente por um aumento de 225,7% no preço de material de manutenção de reparo e peças, de R$ 44,3 milhões no 1º trimestre de 2019 para R$ 144,3 milhões no 1º trimestre deste ano.

“A despesa financeira líquida foi de R$ 3,2 bilhões, um aumento de R$ 2,8 bilhões em comparação ao 1º trimestre de 2019, principalmente em decorrência da variação cambial no período, o que resultou em perdas de R$ 2,4 bilhões superiores ao 1º tri de 2019”, explicou a Gol.

A Gol opera apenas com aviões da Boeing, importados dos Estados Unidos. As despesas com o ICMS sobre o combustível subiram 7,1%, para R$ 902,1 milhões no 1º trimestre de 2020. O lucro antes dos impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) da Gol foi de R$ 1,43 bilhão no 1º trimestre, um avanço de 51,3% sobre igual período do ano passado.

A margem Ebitda, segundo a empresa, avançou de 29,6% no 1º trimestre de 2019 para 45,7% no 1º trimestre de 2020. A Gol informou que não divulgará guidance para 2020, por causa da incerteza provocada pela epidemia do coronavírus. A partir de meados de março, a empresa reajustou sua malha aérea, com uma redução aproximada de 90% nos voos nacionais.

Contudo, a Gol divulgou que a receita total deve alcançar R$ 900 milhões no segundo trimestre comparada a R$ 3,1 bilhões, queda de 70%. A companhia espera margem Ebitda recorrente de aproximadamente 6% versus 25,9% no segundo trimestre de 2019. As despesas totais devem diminuir aproximadamente 50%.

A companhia estima relação dívida líquida/Ebitda de 2,9 vezes no final do segundo trimestre. A frota operacional média de 27 aeronaves deverá ter uma taxa de ocupação de aproximadamente 80%.

A Gol diz que “está mantendo um uso mínimo de caixa” e estima que suas medidas de preservação de caixa implementadas durante março conservem aproximadamente R$ 2,4 bi ao longo de 2020. A aérea tinha aproximadamente R$ 7 bilhões de fontes de liquidez em 31 de março. A empresa disse que reduziu em aproximadamente 80% a capacidade no segundo trimestre de 2020 (75% rotas domésticas e 100% internacionais) com a expectativa de contração sequencial do PIB brasileiro em pelo menos 5% no trimestre.

A Klabin teve prejuízo de R$ 3,1 bilhões no primeiro trimestre de 2020, ante dado de R$ 196 milhões negativos no mesmo intervalo de 2019.

Já a receita líquida teve alta de 4%, de R$ 2,4 bilhões para R$ 2,5 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado subiu 2%, a R$ 1 bilhão.

O endividamento líquido da empresa, por sua vez, foi de R$ 12,7 bilhões para R$ 20,3 bilhões, alta de 60% na mesma base de comparação.

Os bancos Bradesco BBI e Itaú BBA avaliaram os resultados da Klabin como “dentro do esperado”. Segundo o BBI, a empresa apresentou um conjunto sólido de resultados, mesmo com o prejuízo de R$ 3 bilhões no 1º trimestre. “O Ebitda de R$ 1,03 bilhão chegou 3,5% acima da nossa estimativa. As vendas de celulose foram fortes, em 383 mil toneladas”, comentou o BBI, avaliando como aspecto negativo que a dívida líquida subiu de R$ 14 bilhões no 4º trimestre de 2019 para R$ 20 bilhões no 1º trimestre deste ano, por causa da desvalorização do real frente ao dólar. Segundo o BBI, a relação dívida líquida sobre o Ebitda da Klabin está em 5,5 vezes (5,5x).

O Itaú BBA avaliou os resultados da Klabin como “Neutros”. O banco destacou que a empresa aumentou as exportações de papel em 35%; embora as exportações de celulose também tenham crescido, o BBA lembra que os preços caíram no mercado internacional para abaixo de

A Copasa teve lucro líquido de R$ 160,835 milhões no primeiro trimestre de 2020, queda de 13,9% frente os R$ 186,73 milhões registrados em igual período de 2019.

O Ebitda subiu 7,3%, a R$ 474,9 milhões frente os R$ 442,5 milhões no primeiro trimestre de 2019. A margem Ebitda teve recuo de 0,3 ponto percentual, para 38,1%. Em termos ajustados, a margem ficou estável, a 39,7% na comparação anual. A receita líquida, por sua vez, subiu 5,6%, para R$ 1,3 bilhão.

O banco Itaú BBA avaliou como “mais fortes que o esperado” os resultados do 1º trimestre da Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais. “A Copasa mostrou uma forte geração de caixa de R$ 165 milhões. O Ebitda ajustado foi de R$ 505 milhões, 9,8% superior ao 1º trimestre do ano passado e acima das nossas projeções”, comentou o BBA.

O banco comentou que a Copasa obteve melhores resultados porque passou a cobrar tarifa de coleta de esgoto em cinco municípios mineiros, com 56 mil domicílios e estabelecimentos comerciais que passaram a ser atendidos, após obras feitas no ano passado. O BBA notou, como aspecto negativo, que a Copasa tem 11% da sua dívida bruta em moeda estrangeira e sem hedge. O BBA observou que a Copasa irá deliberar até 17 de junho o montante de dividendos a ser pago aos acionistas, por causa do impacto da crise da Covid-19. O BBA mantém sua nota market perform – média do mercado, para as ações CSMG3,com preço-alvo de R$ 64,00 para 2020 – uma alta de 33,3% sobre os R$ 48,00 atuais.

Já o banco Credit Suisse avaliou os resultados da Copasa como “piores que o esperado”. Segundo o CS, houve queda nos volumes e o lucro sofreu com os resultados financeiros mais fracos. O CS comenta que a Copasa não interrompeu o abastecimento de água dos clientes com contas em atraso em março e abril, por causa da epidemia do coronavírus. O banco prevê que isso pode afetar os resultados posteriores da estatal mineira.

Telefônica Brasil (VIVT4)

O Credit Suisse elevou a recomendação para a Vivo de neutro para outperform, destacando que a ação caiu 12% nas últimas duas semanas, enquanto que a bolsa subiu 2% com a taxa de juros estável. “Apesar da nossa visão de resultados fracos, nesse valuation, a maior parte da desaceleração já está precificada”, afirmam os analistas.

Enel São Paulo (ELPL3) 

A Enel São Paulo, maior distribuidora de energia elétrica do Brasil, divulgou seus resultados do 1º trimestre de 2020 e reportou um lucro líquido de R$ 115,2 milhões no período, um crescimento de 124,8% sobre igual período do ano passado.

A receita líquida da distribuidora, que atende a capital paulista e outros 26 municípios da região metropolitana, foi de R$ 3,66 bilhões no 1º trimestre de 2020, expansão de 5,6% sobre igual período do ano passado.

O lucro antes dos impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) avançou para R$ 532,6 milhões, uma expansão de 33,5% sobre igual trimestre de 2019. A margem Ebitda da Enel São Paulo avançou de 11,5% para 14,5% no 1º trimestre de 2020. A Enel São Paulo informou que encerrou o trimestre com 7,36 milhões de clientes, dos quais 6,9 milhões são mercado residencial cativo. Houve um acréscimo de pouco mais de 100 mil clientes no mercado residencial, uma expansão de 1,6% em comparação ao 1º trimestre de 2019.

A empresa perdeu clientes no mercado industrial, um recuo de -1,1% para 25,6 mil clientes, enquanto houve um pequeno ganho no mercado comercial, de 1,6% – a Enel SP fechou o 1º trimestre distribuindo energia para 410 mil estabelecimentos comerciais. Ela destacou que houve, contudo, queda de 4,5% na venda de energia na área de concessão no 1º trimestre deste ano, em comparação a igual período do ano anterior, para 10,6 mil Gigawatts/hora.

Segundo a companhia, a queda ocorreu por dois fatores: o verão de 2020 foi o mais chuvoso das últimas décadas, com temperaturas abaixo da média; e a epidemia do coronavírus, a partir de março, reduziu o consumo, principalmente no segmento industrial (-14,9%) e no comercial (-10,4%). A dívida líquida da Enel São Paulo recuou 4% no 1º trimestre de 2020, para R$ 4 bilhões. A relação dívida líquida sobre o Ebitda recuou de 3,37 vezes (3,37x) no 1º trimestre de 2019 para 1,61 vezes (1,61x) no 1º trimestre deste ano. Vale notar que a italiana Enel, que controla a Enel São Paulo, fechou o capital da empresa na B3 em novembro de 2019, recomprando todas as ações ELPL3 da antiga Eletropaulo.

Log-In (LOGN3) 

A operadora logística e de fretes marítimos Log-In recebeu e colocou em operação em 1º de maio o navio de contêineres Endurance, que fará as rotas entre portos do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil e a Argentina. O navio tem a capacidade para transportar 2.700 contêineres e a empresa pagou US$ 13,1 milhões – aproximadamente R$ 60 milhões em março – na embarcação. O Endurance foi construído em um estaleiro na China e substituiu uma embarcação antiga que foi devolvida ao fretador.

A Log-In informou que o Endurance é o seu sexto navio próprio e completa a frota. “A entrada em operação conclui o plano de recomposição de ativos, passando a companhia a possuir 6 navios próprios”, detalhou a Log-In.

A Concessionária Nova Dutra (da CCR) informou que entre 24 e 30 de abril houve uma queda de 51,4% no tráfego de veículos de passeio e de 19,8% no de veículos comerciais, que transitaram pelo trecho da BR-116 entre São Paulo e Rio de Janeiro, somando uma queda geral de 31,7% na circulação de veículos pagantes. A comparação é sobre igual período de 2019. No acumulado de janeiro a abril deste ano, o tráfego na Nova Dutra caiu 9,5% em comparação ao primeiro quadrimestre do ano passado.

De acordo com informações do Valor Econômico, o BNDES deve aportar pelo menos US$ 1 bilhão para comprar ações a serem emitidas pela Embraer. A fabricante de aviões negociava um acordo de associação (joint venture) com a Boeing, mas a americana recuou, fazendo com que os ativos EMBR3 registrassem queda de 9,33% em abril (veja mais clicando aqui).

De acordo com o jornal, o discurso será o de que a Embraer foi vítima de traição da Boeing e precisa se recuperar para ser vendida. O Valor aponta que o plano não é de que a União volte a controlar a empresa, mas sim buscar liquidez para atravessar a crise desencadeada pelo coronavírus.

Eneva (ENEV3) e AES Tietê (TIET11)

AES recebeu resposta da B3, que disse que não vai interferir em disputa com a Eneva. Em resposta à AES, B3 diz que objetivo de ofício que trata sobre a interpretação em item de votação não foi interferir em uma disputa societária e tampouco assumir a defesa de qualquer acionista ou grupo em particular, segundo comunicado divulgado pela AES Tietê.

A AES disse que o parecer da B3 interfere diretamente em disputa com a Eneva. No comunicado, a B3 diz que interpretação no sentido de que deveria espontaneamente submeter a interpretação e aplicação de suas regras à arbitragem, exceto se diante de casos omissos, situações não previstas ou excepcionais, não tem base no
regulamento e não pode prosperar.

A B3 afirma que como reconhecidamente não houve omissão ou situação não prevista no regulamento do Nível 2, a Diretora de Emissores é competente para assinar ofícios de interpretação e orientação ao mercado.

A “interpretação foi adequadamente refletida e embasada e, por não se tratar de alteração normativa, prescinde de consulta a todas as companhias listadas no Nível 2”.

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