Por que o Bitcoin ganha força em meio ao caos dos mercados tradicionais

Por que o Bitcoin ganha força em meio ao caos dos mercados tradicionais

maio 1, 2020 Off Por JJ

O mundo foi pego de surpresa com os efeitos devastadores da desaceleração econômica provocada pela crise sanitária e pelo confinamento em massa decorrentes do novo coronavírus.

Enquanto isso, investidores, especuladores e empresas participantes do mercado de criptoativos já se preparavam para o evento técnico que reduzirá pela metade a emissão de novas unidades de bitcoin. Conhecido como halving, esse ajuste é programado a cada 210 mil blocos gerados pela rede que processa as transações com bitcoin, ocorrendo a cada quatro anos.

O halving de maio de 2020 será o terceiro e chega cercado de expectativas em relação a qual será o comportamento do preço.

A diminuição de 50% da recompensa financeira para os mineradores, operadores que investem em data centers com alto poder computacional, tornará o bitcoin um ativo ainda mais escasso.

No primeiro ajuste, em novembro de 2012, o bitcoin era negociado na faixa dos US$ 12 por unidade. Um ano depois, os volumes de negociação cresceram exponencialmente, fazendo as cotações marcarem mais de US$ 1 mil pela primeira vez.

Já no segundo halving, em setembro de 2016, o bitcoin era negociado abaixo de US$ 700 e novamente após a redução do fluxo de emissão vimos, em dezembro de 2017, o preço saltar para US$ 20 mil.

O bitcoin foi apresentado em 2008 no artigo “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”, sob autoria do pseudônimo Satoshi Nakamoto, cujo identidade é desconhecida até hoje.

O conceito base do bitcoin é permitir que indivíduos ou empresas façam transferências de valores de forma eletrônica, diretamente a outras pessoas ou empresas, sem a necessidade de intermediação de uma instituição financeira.

A rede que valida essas trocas funciona de forma descentralizada, como uma gigantesca planilha compartilhada pelos usuários, na qual as transações ficam registradas de forma imutável e podem ser rastreadas.

Para dar segurança a esse mecanismo, foram criados os dispositivos de incentivo para os agentes que colocam poder computacional para realizar o trabalho de validação dos blocos. Para isso foi estabelecido um estoque total de 21 milhões de unidades, a ser distribuído de forma meritocrática aos validadores.

Atualmente cerca de 80% desse estoque já entrou em circulação e a emissão das unidades restantes se dará de forma programada até 2140. A cada bloco validado, o bitcoin se torna mais escasso, como um ativo de caráter deflacionário.

Essa inovação teve um enorme efeito disruptivo e estabeleceu o conceito de blockchain, uma cadeia de blocos de transações validados por uma rede pública e imune a intervenções externas. A partir de 2015, outros casos de uso foram desenvolvidos utilizando blockchain, mas nenhum chega sequer perto da utilização da rede do bitcoin.

Antes da eclosão da pandemia do novo coronavírus pelo mundo, a expectativa geral era de uma forte valorização do bitcoin, na esteira das altas de 100% em 2019 e do início de ano promissor. No entanto, em meados de março, o bitcoin chegou a desvalorizar 50% com venda generalizada de ativos de risco e a corrida por liquidez provocada pelo choque da COVID-19.

Rapidamente o bitcoin mostrou força e recuperou o patamar dos US$ 7 mil, com os investidores já se preparando para o choque de oferta previsto para maio.

Para projetar o efeito da maior escassez de bitcoin, precisamos voltar para os conceitos econômicos básicos de oferta e demanda.

O bitcoin pode ser considerado a primeira commodity digital escassa e tem registrado um crescimento consistente de demanda ao longo do tempo. A partir disso podemos inferir que o preço tende a reagir para arbitrar a relação entre os atuais detentores de bitcoin e os futuros interessados.

Diversos modelos de precificação foram sendo desenvolvidos com a evolução do mercado, dentre eles um tem se mostrado especialmente interessante para projetar o preço potencial do bitcoin. O modelo conhecido como Stock-to-Flow (S2F) mede a relação de preço de diversas commodities relacionando a capacidade de produção com a demanda do fluxo comprador. Quando adaptado ao bitcoin, o modelo atesta a perspectiva do principal ativo digital alcançar US$ 100 mil dólares em 2021, refletindo o corte da emissão que ocorre em maio.

O mercado de criptoativos é por natureza bastante volátil, o que faz com que os operadores já estejam habituados a grandes oscilações ao longo do tempo. O que tivemos de novo, na atual conjuntura, foi o salto da volatilidade dos demais ativos financeiros, marcando os maiores níveis históricos.

Neste momento, muita gente se pergunta: qual será o efeito do halving no preço bitcoin em meio à maior crise financeira dessa geração ?

O potencial de valorização do bitcoin segue inabalado. Em um contexto onde os Bancos Centrais ao redor do mundo já estão usando todo seu arsenal de medidas para injetar liquidez e acalmar os mercados, é fundamental buscar diversificação em ativos anticíclicos, tornando vital a busca por exposição em instrumentos cuja oferta não se altera com influência do afrouxamento monetário.

O ouro deve funcionar como um porto seguro e seu filho rebelde e digital, o bitcoin, tem tudo para se materializar como uma das melhores alternativas de investimento ao longo da década.

Em meio a tanta incerteza, a diversificação é a melhor aposta para proteger seu patrimônio e gerar rendimentos. Por isso, o meu conselho é bastante direto: caso você ainda não tenha comprado bitcoin, considere isso imediatamente. Dentro de um contexto de pouca previsibilidade, não ignore o potencial da escassez digital programada ser uma alternativa em meio ao caos que pode se intensificar.