Deputados falam em reduzir medidas de ajuste fiscal do texto da PEC do auxílio

Deputados falam em reduzir medidas de ajuste fiscal do texto da PEC do auxílio

março 8, 2021 Off Por JJ

A votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza uma nova rodada do auxílio pode enfrentar mais dificuldades na Câmara do que no Senado. Aprovado nesta semana em dois dias pelos senadores, o texto já sofre resistência por parte de deputados até mesmo da base do governo.

Eles defendem o enxugamento das medidas de ajuste fiscal, colocadas pela equipe econômica como contrapartida à nova rodada do auxílio. Já os partidos da oposição trabalham pelo fatiamento da PEC para que apenas a autorização da retomada do benefício seja aprovada.

Os partidos devem passar o fim de semana discutindo a proposta e pretendem se posicionar apenas na véspera da votação, marcada para terça-feira.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), designou o deputado Daniel Freitas (PSL-SC) para relatar a proposta na Casa. Ontem, Freitas disse que vai entregar seu relatório até segunda-feira e que os deputados discutirão os detalhes do texto, mas que vão manter o que for prioridade. “Qualquer alteração na PEC emergencial faz o Brasil atrasar”, afirmou, depois de se encontrar com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

A ideia de Lira é iniciar a discussão do texto em plenário na terça-feira e concluir a votação em dois turnos até quarta-feira. Impasses e falta de acordo em trechos no relatório, no entanto, podem atrasar esse cronograma. Líderes da base do governo defendem manter o texto como foi aprovado pelos senadores para acelerar sua promulgação. Uma mudança significativa obrigaria o retorno da proposta ao Senado para nova votação, o que atrasaria sua conclusão e o próprio pagamento do benefício.

“O importante é manter o texto que veio do Senado, para ir logo a sanção”, disse o líder do PP, Cacá Leão (BA). “Temos de aprovar logo a PEC para garantir o auxílio ainda em março”, disse o líder do PTB, Nivaldo Albuquerque (AL). Ele deve reunir a bancada do partido para ter uma posição definitiva sobre a proposta, mas acredita que é possível aprovar o texto até quarta-feira.

Embora defenda celeridade na análise da proposta, Albuquerque admite que o texto pode ser enxugado. Diferentemente de alterações, eventuais supressões de parte do texto não necessariamente obrigariam a PEC a voltar ao Senado.

Já a oposição defende uma desvinculação das regras fiscais da PEC da concessão do auxílio emergencial. O líder do Cidadania na Câmara, Alex Manente (SP), disse que ainda vai conversar com o senador Alessandro Vieira (SE) sobre os detalhes do texto. “Óbvio que a separação seria o ideal”, afirmou. “Queremos ter uma posição sobre isso até segunda-feira. Precisamos entender as justificativas do extra-teto (de gastos) para termos uma posição.”

“Nós queremos desvincular. O Brasil precisa de emergência social, não de emergência fiscal”, disse o líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (PT-RS). “Emergência fiscal vai destruir qualquer chance de serviço público, vai impor cortes para educação e saúde, vai forçar um reajuste fiscal nos Estados e municípios”, disse.

Lei Kandir

Vice-presidente da comissão mista da reforma tributária, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) defende uma discussão mais ampla da PEC na Câmara, com a preservação da Lei Kandir nos moldes atuais. O texto aprovado pelos senadores revoga o dispositivo da lei que gerou compensações bilionárias aos governos regionais pela desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre exportações. “Essa PEC tem de ser melhor discutida na Câmara. No Senado, fizeram a toque de caixa.”

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