Pandemia, estrutura e políticas explicam diferenças regionais no emprego, diz BC

Pandemia, estrutura e políticas explicam diferenças regionais no emprego, diz BC

março 4, 2021 Off Por JJ

Mulher guardando suas coisas após demissão
(Shutterstock)

O Banco Central publicou nesta quinta-feira, 4, um boxe do Boletim Regional sobre as políticas de combate à crise e a recuperação desigual do emprego formal no País. O dado mostra que, apesar dos dados do fim de 2020 apontarem para um retorno à dinâmica de geração de vagas com carteira assinada pré-pandemia, há uma grande variedade no comportamento do emprego entre as microrregiões brasileiras.

Por exemplo, enquanto o Nordeste registrou alta de 2,7% na comparação entre o saldo de dezembro e a média de janeiro e fevereiro de 2020, o Sudeste apresentou retração de 0,8%.

“Dentre os fatores associados a tais diferenças estão os relacionados à pandemia ou à estrutura produtiva local e às políticas públicas”, destaca o BC.

O documento traz cálculos que apontam que as estruturas produtivas locais têm relação com o comportamento do emprego e, desta forma, seriam mais atingidas regiões onde a participação de setores mais sensíveis ao distanciamento é maior. Por outro lado, o auxílio emergencial e os programas de crédito às empresas estão positivamente associados à criação de emprego.

“Em síntese, o exercício realizado neste boxe sugere que fatores relacionados à pandemia, políticas públicas e a estrutura setorial do emprego ajudam a explicar as diferenças regionais de geração de emprego formal em 2020”, conclui o BC. “Convém ressaltar que esse boxe não deve ser visto como uma avaliação formal das políticas econômicas adotadas em 2020 e que os coeficientes estimados podem refletir apenas correlações, em vez de relações de causa e efeito”, pondera o documento.

Exportações

O Banco Central também publicou nesta quinta um box do Boletim Regional sobre a dinâmica das exportações regionais em 2020. O documento aponta que as vendas ao exterior apresentaram “relativa resiliência” em 2020.

A instituição destaca que o resultado das exportações no ano passado contou com um bom desempenho das vendas de produtos básicos, o que resultou na ampliação dos superávits comerciais das regiões Norte e Centro-Oeste. Por outro lado, houve queda significativa no grupo dos manufaturados, impactando nos resultados comerciais das regiões Sudeste e Sul.

“O crescimento das vendas de soja foi disseminado em todas as regiões, destacadamente no Centro-Oeste e Sudeste. O comportamento foi impulsionado pela safra recorde no ano e pela forte demanda internacional, o que repercutiu na disponibilidade interna do produto e impactou os preços ao consumidor. As vendas externas de minério de ferro, concentradas na região Norte, também registraram crescimento significativo, repercutindo aumento dos preços internacionais da commodity, contrapondo à queda no volume exportado”, destacou o BC.

Já as vendas de manufaturados foram bastante afetadas pela desaceleração econômica mundial. O documento destaca as quedas nas exportações de aviões e máquinas e aparelhos para terraplanagem, concentradas no Sudeste, bem como de automóveis de passageiros fabricados no Sudeste, Sul e Nordeste.

Concentração das exportações

O Banco Central publicou ainda nesta quinta um box do Boletim Regional sobre a concentração das exportações de cada região brasileira por país de destino, com o crescimento da China como a principal compradora dos produtos nacionais desde 2010. “Nos últimos onze anos, houve aumento de concentração das exportações em todas as regiões, impulsionado por maiores compras da China. Tal resultado sugere, de forma generalizada, maior influência da evolução da atividade econômica chinesa sobre as vendas externas brasileiras, principalmente para as regiões Norte e Centro-Oeste. Quando excluída a China da análise, observa-se aumento da concentração no destino das exportações apenas no Nordeste e Sudeste”, destaca o documento.

Pelos cálculos do BC, a região Norte apresenta o maior grau de concentração em 2020, tendo registrado o maior crescimento entre 2010 e 2020, com destaque para o aumento da participação da Malásia (sobretudo minério de ferro) e Hong Kong (carnes). Em sentido contrário, os três países com maior retração na participação das vendas externas foram Japão e Alemanha (menores compras de minério de ferro) e Venezuela (carnes).

O Centro-Oeste tem uma concentração semelhante à do Norte, com grande participação da China como destino das exportações. O BC destacou ainda a tendência de aumento das vendas para Vietnã e Turquia, enquanto há redução na importância de Holanda e Rússia para a região.

Já o Nordeste apresenta o menor índice de concentração entre as regiões. O BC destacou o aumento de participação do Canadá e estabilidade nas aquisições dos Estados Unidos, enquanto Holanda e Japão – que adquiriam 10,2% das exportações nordestinas – diminuíram suas participações.

Para a região Sudeste, o destaque foi o aumento da participação dos Estados Unidos e do Uruguai, enquanto houve retração da Argentina e do Japão. No Sul, houve aumento da importância dos Estados Unidos e redução de Argentina, Alemanha e Holanda.

Divulgação completa

O BC divulgará o Boletim Regional completo na sexta-feira, 5, às 10 horas. A publicação trimestral tem o objetivo de trazer uma visão das regiões do País a partir de dados e indicadores econômicos.

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