Vale comprar Petrobras e Eletrobras agora? As avaliações de Brasil Capital e Apex sobre as estatais
fevereiro 24, 2021https://www.instagram.com/tv/CLrlIdBIp04/?igshid=ztwgiv0qmkin
SÃO PAULO – “As estatais têm um peso muito grande no Ibovespa, possuem relevância internacional e podem mover a economia, o pessimismo e o otimismo dos empresários. Mas a possibilidade de que tudo mude, a qualquer momento, na administração dessas companhias é um risco.” É assim que André Ribeiro, sócio e gestor da Brasil Capital, justifica a decisão de não alocar parte do patrimônio do fundo que administra (o Brasil Capital FIC FIA) em Petrobras e outras estatais.
A incerteza citada por Ribeiro pode ser expressa em alguns episódios recentes no mercado brasileiro. Em apenas dois meses de 2021, três notícias envolvendo o comando de grandes estatais abalaram o mercado: a renúncia de Wilson Ferreira Junior da presidência da Eletrobras; a ameaça de demissão do presidente do Banco do Brasil pelo presidente Jair Bolsonaro; e, no último dia 19, a substituição no comando da Petrobras a mando do governo federal, em substituição a Roberto Castello Branco.
Também preocupado com o fator político, o gestor Paulo Weickert, da Apex Investimentos, pondera os riscos de se investir em estatais visando o longo prazo. Na visão da gestora, a governança é central no processo de decisão de investimentos. Quando a empresa é estatal, o controlador é o governo.
“Se o governo é liberal e está fazendo melhorias naquela companhia, priorizando o lucro e o crescimento dela, pode ser que seja um bom investimento”, afirma. “Se o controlador passa a dar sinais de que essa postura liberal pode mudar, aí é uma boa oportunidade para fazer trade e aproveitar a oscilação da companhia, mas, para o longo prazo, é preciso cautela.”
Vale a pena investir em Petrobras?
Em live no Instagram no InfoMoney, os gestores foram questionados pela especialista em investimentos Ana Laura Magalhães (a Explica Ana) sobre o investimento em Petrobras. Na análise de Ribeiro, a petrolífera está atrativa por conta de seu valuation, que ajuda a identificar o preço justo de uma ação.
Portanto, a dúvida em relação à governança da estatal após a saída de Castello Branco assusta o gestor. “Um novo conselho administrativo vai ser formado e não sabemos o que será proposto e como o mercado vai enxergá-lo. A política de preços também pode passar por uma mudança e, assim, a geração de caixa da companhia também vai mudar”, diz. Por isso, Ribeiro prefere focar em companhias mais estáveis.
Além do risco de governança, Weickert aponta que a Petrobras também possui preocupações com o rumo das commodities. “No momento, o preço das commodities está subindo, então é positivo para o petróleo. A tendência é que o preço continue em alta, por conta da forte demanda advinda da retomada econômica mundial. Mas quando essa euforia passar, pode ser que haja uma mudança de curso”, diz.
Investimento em Eletrobras: a MP da privatização vai ser aprovada?
Por fim, em relação à Eletrobras, tanto Ribeiro quanto Weickert são céticos sobre o futuro da empresa, com a avaliação de privatização ainda muito incerta.
O governo Bolsonaro entregou na noite de terça-feira (23) uma medida provisória ao Congresso associada a seus planos de privatização da companhia.
A MP permite que o BNDES inicie estudos sobre a desestatização da companhia e foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Assim, a análise será focada na desestatização da Eletrobras e de suas subsidiárias, com exceção da Eletronuclear e da Itaipu Binacional.
“Achamos que a MP de privatização da Eletrobras vai demorar muito para ir adiante”, sintetiza o gestor da Apex. “Se a privatização acontecer, vai ser muito positivo para a empresa; perde o risco de a governança mudar em um curto espaço de tempo. Mas não estamos posicionados, porque não há uma visão clara sobre esse assunto.”
E Agora, Ana?
O programa “E Agora, Ana?” vai ao ar às quartas-feiras, às 12h, no Instagram do InfoMoney. A série de lives, apresentadas pela especialista em investimentos Ana Laura Magalhães, traz assuntos relevantes para os investidores se posicionarem em investimentos no Brasil. Os temas levam em conta os cenários dos mercados nacional e internacional.