Carnaval na Bolsa? As ações que estão descontadas e podem ganhar com a vacinação

Fevereiro chegou e eu adoraria dizer que estamos no mesmo ritmo que estávamos há um ano: prontos para o Carnaval (apesar de a Covid-19 já existir naquele momento, ela ainda parecia algo distante do Brasil). Só que não.

No entanto, diferentemente de nós, a Bolsa está melhor do que estava no ano passado.

Enquanto continuamos em casa aguardando a vacinação em massa para poder comemorar o Carnaval, o Ibovespa, depois de muito sambar, fechou janeiro/21 nos 115 mil pontos, 1% acima do fechamento de janeiro/20.

Porém, isso não quer dizer que todos os mercados se recuperaram.

Diferentes setores da economia foram impactados pela pandemia, cada um de uma forma. Houve quem soubesse se adaptar e sair dela melhor e mais bem cotado no mercado. Mas houve também aqueles que, por dependerem da população nas ruas para alavancar suas atividades, continuam em quarentena.

Basicamente como nós, esperam que tudo melhore logo para comemorar o Carnaval.

Há quem diga que a Bolsa já está cara. E, de fato, vimos uma recuperação forte de muitas ações desde novembro. Inclusive foi essa puxada final que fez o Ibovespa fechar acima do nível de janeiro de 2020.

Os motivos dessa guinada são diversos, desde a entrada de capital estrangeiro até estímulos fiscais no Brasil e no mundo.

Mas aqui eu quero focar nas oportunidades de mercado. Quais são os papéis que, assim como nós, estão esperando a população sair às ruas para então comemorar?

Fizemos um estudo entre os papéis mais negociados da Bolsa para entender onde ainda estariam as oportunidades. Expandimos o universo Ibovespa e olhamos os 100 papéis mais negociados do último ano.

Dois setores que chamam a atenção são: shoppings e transportes. É fácil entender por que esses papéis seguem sendo os mais descontados.

Mas o que eu quero dizer com “descontados”? E quão descontados esses ativos estão?

As ações de shoppings estão sendo negociadas entre 50% e 60% do valor de um ano atrás, inclusive em janeiro de 2020 elas estavam na máxima dos últimos três anos.

O cenário mudou, os hábitos de consumo não são exatamente os mesmos e, para mais detalhes, precisaríamos olhar o caso a caso de cada empresa.

Com certeza o setor vai ter desafios pela frente: renegociação de aluguel com lojistas, os contratos de compra de energia e a vacinação em massa, que ainda não tem data confirmada.

No entanto, é muito difícil imaginar uma volta à normalidade sem supor que o brasileiro não saia eufórico para umas comprinhas no shopping. Digo isso por mim: afinal, praia de paulista é shopping.

Depois dos shoppings, o outro setor com ações sendo negociadas a um valor inferior ao do ano passado é o de transporte. As rodovias estão cotadas entre 65% e 70% do preço das ações no ano passado.

Da mesma forma que os shoppings, a geração de receita das rodovias (os pedágios) depende da livre circulação de pessoas.

Durante os primeiros meses da pandemia, o trânsito do agronegócio ajudou a “segurar” esse setor. Mas vimos uma melhora gradual ao longo do segundo semestre. Apesar de os números ainda apresentarem queda na comparação com o ano anterior, eles têm mostrado uma contínua retomada.

Na última divulgação da EcoRodovias, o volume de tráfego de março do ano passado até janeiro de 2021, estava apenas 6% abaixo do mesmo período em 2019, em comparação com 2020.

Esses dois não são os únicos setores com papéis negociados a preços inferiores ao ano anterior. Mas, ao agruparmos por indústria, essas são as que mais chamam a atenção.

Enfim, estou na expectativa de melhora desses setores assim como torço por um grande Carnaval em breve. Afinal, ambos dependem da vacinação em massa para a retomada das atividades.

Mas enquanto isso não acontece, cabe a nós ficarmos de olho nas oportunidades do mercado. No lugar de festa, esses quatro dias vão ser ótimos para descansar e colocar os meus investimentos em dia.

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