Ibovespa Futuro cai na contramão do exterior com correção e preocupações sobre a Petrobras

Ibovespa Futuro cai na contramão do exterior com correção e preocupações sobre a Petrobras

fevereiro 8, 2021 Off Por JJ

Mão segura um celular e consulta um gráfico em frente a um painel de movimentação de ações em Bolsa - mercado fracionário
(scyther5/Getty Images)

SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre em queda nesta segunda-feira (8) corrigindo parte dos ganhos da semana passada, quando o índice à vista avançou 4,5%. Lá fora, por outro lado, os futuros das bolsas americanas sobem em meio às expectativas positivas para a aprovação do pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão defendido pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Por aqui, os investidores seguem acompanhando o noticiário sobre a Petrobras (PETR3; PETR4) e a política de preços, que movimentou a sessão da última sexta-feira e deve seguir no radar.

Na última sexta-feira (5), a companhia emitiu fato relevante comunicando uma mudança na sua política de preços realizada no primeiro semestre do ano passado, o que levantou questionamentos quanto à transparência das decisões da estatal.

Às 9h08 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 tinha leve queda de 0,41%, a 120.005 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial sobe 0,49% a R$ 5,409 na compra e a R$ 5,41 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em março avança 0,7%, a R$ 5,411.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe um ponto-base a 3,42%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de quatro pontos-base a 4,98%, o DI para janeiro de 2025 avança quatro pontos-base a 6,36% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de quatro pontos-base a 7,01%.

Sobre o coronavírus, as variantes mais contagiosas encontradas inicialmente na África do Sul e no Reino Unido continuam a se propagar pelos Estados Unidos. Na sexta, agentes de saúde do estado americano da Virgínia reportaram o primeiro caso local da variante sul africana.

No domingo (7), a África do Sul pausou a distribuição da vacina produzida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, após um novo estudo de pequena escala indicar que a variante causa “proteção mínima” contra casos leves de covid causados pela variante do coronavírus descoberta inicialmente no país.

O estudo envolveu cerca de 2.000 voluntários com idade média de 31 anos. Comentando o trabalho, pesquisadores da Universidade de Oxford afirmaram, no entanto, que “a proteção contra casos moderados e severos da doença, hospitalização ou morte não pôde ser avaliada neste estudo, à medida que os participantes tinham risco muito baixo”, devido a sua idade.

A notícia coloca em perspectiva a eficácia daquela que é uma das principais apostas para a vacinação, globalmente. No Brasil, o imunizante desenvolvido pela AstraZeneca é a principal aposta do governo federal para vacinar a população. Nesta segunda, as ações da AstraZeneca se mantêm estáveis. A empresa afirma que já está se preparando para adaptar sua vacina às novas variantes do vírus.

Nos Estados Unidos, há maior otimismo quanto à perspectiva de um acordo sobre um novo plano de estímulos como proposto pelo atual presidente, o democrata Joe Biden.

Na sexta, o Senado e a Câmara dos Estados Unidos aprovaram, separadamente, uma resolução que dá início a um processo de reconciliação que pode vir a permitir a aprovação do pacote de estímulos com uma maioria simples em ambas as Casas.

Assim, Biden poderia levar o projeto adiante apenas com os 50 votos dos representantes democratas no Senado, aliados ao voto de minerva de sua vice, Kamala Harris, já que parlamentares republicanos ocupam outros 50 assentos.

Na sexta, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, afirmou: “Na segunda começaremos a trabalhar em pontos específicos da lei”. O líder da maioria democrata na Câmara, Whip James Clyburn, afirmou que haverá votos para aprovar a medida, apesar de haver preocupações entre representantes do partido quanto ao seu custo.

As bolsas asiáticas fecharam em sua maioria com altas. Os investidores monitoram como as ações de gigantes de tecnologia da China reagem após a divulgação de novas diretrizes antimonopólio determinadas no final de semana.

Em paralelo, reguladores do país multaram a loja de descontos on-line Vipshop em 3 milhões de yuans, quase US$ 500 mil, sobre atos anticompetitivos. Com isso, a China endureceu as restrições às plataformas de internet do país, e sobre uma queda nas reservas cambiais do gigante asiático.

As ações de empresas de tecnologia tiveram resultados em sentidos variados entre si, com a preocupação de que o governo aumente as restrições sobre o setor. Os papéis da Tencent tiveram alta de 0,48%; os da Meituan subiram 1,25%. Por outro lado, as ações de Alibaba caíram 0,62%; as de JD.com caíram 0,6%.

E as ações das fabricantes sul coreanas de veículos Hyundai Motor e Kia Motors tiveram quedas de 6,21% e 14,98%, respectivamente, após as empresas afirmarem que “não estão conversando com a Apple sobre o desenvolvimento de veículos autônomos”, ao contrário do que vinha sendo aventado pelo noticiário. Com isso, a bolsa da Coreia do Sul caiu, em movimento contrário ao da maioria dos mercados da região.

Relatório Focus

Os economistas do mercado financeiro reduziram suas expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das projeções caiu de um crescimento de 3,50% para um de 3,47%. Já para 2022 as estimativas se mantiveram em expansão de 2,50%.

Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a mediana das expectativas subiu de 3,53% para 3,60% em 2021. Para 2022 as projeções oscilaram de 3,50% para 3,49%.

Sobre o dólar, os economistas esperam que a moeda termine 2021 valendo R$ 5,01, mesmo valor esperado na semana passada. Já para 2022 as expectativas seguem em R$ 5,00.

Por fim, a mediana das projeções para a taxa básica de juros, Selic, manteve-se em 3,50% ao ano para 2021. Já para 2022 a expectativa é de que os juros fiquem em 5,00% ao ano.

Covid e volta às aulas

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de domingo (7), o avanço da pandemia em 24 h no país.

A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 45.620, queda de 11% frente ao período encerrado 14 dias antes, e mais um recorde. Em apenas um dia foram registrados 43.637 casos. A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.004, queda de 5% frente ao patamar registrado 14 dias antes. Em apenas um dia houve 492 mortes.

Até o momento, o Brasil já aplicou 3.598.838 doses de vacinas contra a covid. A segunda dose já foi aplicada em 25.688 pessoas, em Pernambuco e Minas Gerais.

No domingo (7), o Inep anunciou que o segundo dia de exame digital do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) teve abstenção recorde, de 71,3%. No primeiro domingo, 68% dos estudantes não apareceram.

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que está satisfeito com o resultado: “Como era projeto-piloto, a primeira aplicação, entendemos que estamos muito satisfeitos com resultado, porque nós conseguimos entregar aquilo que nós nos propusemos. A participação do estudante é uma opção de cada participante, da nossa parte é garantir que as pessoas consigam fazer a prova e se tiver algum problema, garantir a reaplicação”.

Esta semana é marcada pela volta às aulas nas redes de ensino do estado de São Paulo e da cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a volta pode ser presencial, mantendo medidas de proteção contra covid. Na rede municipal carioca, a volta às aulas será remota, e o ensino presencial deve se iniciar no dia 24 de janeiro, primeiramente pela pré-escola, 1º e segundo anos.

Na semana passada, as instituições de ensino privadas de São Paulo já tinham voltado. Na rede pública municipal paulistana, a volta deve ocorrer em 15 de fevereiro.

Autonomia do BC em pauta e possível saída de Rodrigo Maia do DEM

O novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que pretende se reunir nesta segunda com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para discutir o projeto que pode dar autonomia ao Banco Central. A conversa deve contar com o autor da proposta, deputado Sílvio Costa (Republicanos-SE), e a matéria deve ser votada na Câmara dos Deputados nesta semana.

Em seu perfil no Twitter, Lira escreveu: “Ainda sobre a autonomia do Banco Central, temos uma reunião com o ministro Paulo Guedes, da Economia, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e com o relator do projeto, deputado Silvio Costa Filho”.

Em um trecho do relatório, Filho afirma que a autonomia auxiliaria no combate à inflação, beneficiando os mais pobres. “É, portanto, papel do Banco Central do Brasil defender a nossa população de aumentos de preços, que afetam os mais pobres, ainda muito mais do que aqueles mais favorecidos. É precisamente em defesa dos cidadãos mais pobres e desfavorecidos que uma política severa de combate à inflação se faz necessária. Nesse sentido, um banco central autônomo é seguramente mais eficiente na busca de baixa inflação.”

Além disso, em entrevista ao jornal Valor, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou o presidente do DEM, ACM Neto, e que demorou a perceber que foi traído pelo amigo de 20 anos. Neto determinou que o partido se mantivesse neutro, ao invés de fechar apoio em torno do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de preferência de Maia. O movimento favoreceu Arthur Lira (PP-AL), que venceu a disputa com o apoio do Planalto.

“Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado, ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto”, disse Maia. Para o deputado, isso afasta o apresentador Luciano Huck da sigla. “Se ele decidisse ser candidato [à Presidência], estava 90% resolvido que se filiaria ao DEM”, disse. Agora, Maia afirma que seria possível até mesmo que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se filie à sigla.

Maia afirma que pretende se desfiliar do DEM e seguir para um partido de oposição a Bolsonaro. “Agora, a minha necessidade de informar que não estou mais no DEM é muito importante.”

Radar corporativo

O noticiário sobre Petrobras segue no radar do mercado. A Petrobras comunicou na noite de domingo que os preços nas refinarias continuam alinhados com a cotação do petróleo no mercado internacional e com o dólar, em nota publicada em resposta a “afirmações distorcidas divulgadas pela imprensa”.

“A manutenção da periodicidade de aferição da aderência entre o preço realizado e o preço internacional, adotada desde junho de 2020 e confirmada em janeiro de 2021, foi comunicada equivocadamente pela imprensa como alteração da política comercial da companhia”, disse.

A mudança da política de preços da Petrobras anunciada em fato relevante na sexta-feira – mas na verdade modificada no primeiro semestre de 2020 -, pegou o mercado de surpresa e levantou dúvidas sobre a transparência da decisão, que ao contrário de outras alterações feitas pela companhia desde 2019, não foi comunicada ao mercado.

A Petrobras só emitiu o fato relevante sobre o tema após a informação ter sido revelada pela agência Reuters, na tarde de sexta-feira. No documento, a estatal admitiu que alterou a política de preços de trimestral para anual “estritamente para fins de gestão e diagnóstico interno” em março de 2020, mas que isso nada interfere nas decisões sobre ajuste de preços, que continuam a seguir a paridade internacional.

A empresa alega que “não divulga os detalhes de sua política de preços em razão de sensibilidade comercial”.

“Em 2019, estabeleceu-se indicador gerencial com apuração trimestral. Em 2020, dada a volatilidade dos preços internacionais e da taxa de câmbio, esse indicador passou a ser anual, sem impacto nas decisões de preços”, explicou a Petrobras em nota.

“Prova disso é que a mudança foi implantada em junho de 2020, sem que tivesse sido observado maior espaçamento nos reajustes de preço. Após a revisão de junho, por exemplo, foram aplicados 22 reajustes de gasolina (9 reduções e 13 aumentos) e 18 reajustes no diesel (4 reduções e 14 aumentos)”, reforçou a estatal.

Ainda no radar da companhia, ela informou que concluiu a venda de ativos no Uruguai e que iniciou a fase não-vinculante para venda da TBG E TSB.

Já a Positivo aprovou a emissão de R$ 300 milhões em debêntures. A PetroRio concluiu a aquisição Campo de Frade. Ainda em destaque, as ações de Focus Energia e Jalles Machado estreiam na bolsa.

No radar de resultados, atenção para os números do banco ABC Brasil, BB Seguridade e Porto Seguro antes da abertura do mercado.  O ABC Brasil registrou lucro líquido de R$ 106 milhões no quarto trimestre de 2020, crescimento de 44,2% em relação ao trimestre anterior e queda de 11,4% em relação ao mesmo período de 2019. No resultado acumulado do ano, houve queda de 34,1% em relação a 2019.

Já a BB Seguridade comunicou nesta segunda a distribuição de R$ 948.017.168,77 em dividendos aos acionistas, cerca de 47% do lucro líquido apurado no segundo semestre de 2020.

BR Properties, Duratex e São Martinho divulgarão seus números depois do fechamento.

Ainda no radar, segundo o jornal Valor, a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, deve concluir hoje as negociações para a compra da Biosev, a segunda maior companhia de açúcar e álcool do Brasil, que pertence atualmente ao grupo Louis Dreyfus. A Raízen deverá desembolsar cerca de R$ 3,6 bilhões em dinheiro, além de ações. A Biosev passará a deter cerca de 3,5% da Raízen.

A BrasilAgro comunicou a realização de aumento de capital deliberado pelo conselho de administração, em R$ 440 milhões, mediante a emissão de 20 milhões de ações, por R$ 22 cada uma.

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