Stuhlberger otimista, Xavier… também? Uma inusitada revelação neste encontro de gigantes

Stuhlberger otimista, Xavier… também? Uma inusitada revelação neste encontro de gigantes

janeiro 27, 2021 Off Por JJ

(CONDADO DA FARIA LIMA) – Luis Stuhlberger (fundador da Verde Asset) e Rogerio Xavier (fundador da SPX), dois dos maiores gestores da história do Brasil, estiveram juntos no evento anual do Credit Suisse na última terça-feira (26). Quem acompanha a opinião deles poderia imaginar que veríamos algum embate sobre opiniões/posições diferentes em suas carteiras, mas fomos surpreendidos por um otimismo consensual – a surpresa vem, principalmente, pelo Xavier.

Ver Stuhlberger otimista não surpreende, já que em 2020 ele foi um dos primeiros gestores a dizer publicamente que estava “enchendo a mão” de bolsa em meados de março (antes das mínimas do ano). Ele inclusive relembrou isso no painel de ontem:

“Em algum momento eu disse ano passado que a gente não sabia qual até onde iria a Covid, mas que quando a gente soubesse já seria ‘too late’ para comprar [ações]. Hoje, nossa dúvida é entender o quanto dessa recuperação já está no preço”, disse o CIO da Verde. Para ele, a própria evolução das vacinas já seria motivo para deixá-lo otimista, mas isso é reforçado pela política de estímulos do novo governo americano: “diria que essas projeções de PIB de 6,5% para os EUA de fato podem se materializar”.

Já Xavier é notoriamente conhecido pela sua visão “pessimista” sobre Brasil (respondendo a isso em outra live, ele disse que não se considera pessimista, mas sim um realista). Três meses atrás, em live feita com a casa de análise Spiti, ele revelou que estava comprado em bolsas americanas mas que “o cenário não estava propício para tomar risco no Brasil” e criticou a política monetária do Banco Central. Já agora em janeiro, a SPX trouxe um tom mais otimista em carta comentando os resultados de 2020, porém ainda cética com Brasil.

Desta vez, o discurso de Xavier foi bem mais pró-Brasil: “O Brasil sempre foi capaz de me surpreender pelo lado negativo, mas nos últimos 7 dias, apareceu uma luz no fim do túnel – e não é um trem vindo na minha direção. 3 fatores muito importantes aconteceram [para isso]”, explica o gestor.

Esses três fatores foram:

  1. Ata do Copom:Recebi com enorme satisfação o resultado da última reunião, sempre fomos muito críticos ao nível da taxa de juros que chegou no Brasil e o foward guidance amarrava ainda mais para essa aberração de juro baixo. Não só o foward guidance cair como ter vindo discussão de alta de juros nesta reunião já me trouxe muito ânimo. Parece que esse ano vai ser o ano de concertação dos exageros cometidos em 2020, seja com juros ou com auxílio”.
  2. Retirada dos auxílios: Caso aconteça algum auxílio, deve ser menor que ano passado, diz Xavier. “Não vai me preocupar dar o auxílio por 3 meses”, diz o gestor. Stuhlberger concordou com o efeito benigno desta extensão.
  3. Eleição na câmara e no Senado: “Isso está com uma cara muito favorável ao governo. Muito provável que o Arthur Lira ganhe na Câmara e o Rodrigo Pacheco no Senado, o que seria uma notícia espetacular para o governo. Mesmo que você aprove um auxílio emergencial novo, é bem provável que você tenha a aprovação de uma PEC importante”.

A Lara Rizério publicou no InfoMoney um belo resumo sobre esse papo de uma hora (link abaixo).

Stuhlberger e Xavier veem cenário mais positivo para o Brasil e o mundo, mas alertam sobre o que já está precificado