Com pandemia, sites de venda de produtos estrangeiros ganham espaço

Com pandemia, sites de venda de produtos estrangeiros ganham espaço

janeiro 22, 2021 Off Por JJ

Privados das viagens internacionais e em busca de preços baixos, os brasileiros durante a pandemia foram com forte apetite às compras pela internet de produtos estrangeiros.

O maior interesse por esse segmento, conhecido como e-commerce cross border, obrigou empresas tanto nacionais quanto internacionais a investir pesado. Primeiro, para reduzir o prazo de entrega, mas também para oferecer condições de venda mais adequadas ao gosto do consumidor, como parcelamento, frete grátis e até devolução da compra sem ônus.

A Americanas Mundo, braço de cross border da Americanas.com, única grande empresa nacional que atua nesse segmento, fechou acordo com três transportadoras para cortar pela metade o prazo de entrega de importados de oito países. Antes da parceria, explica Raoni Lapagesse, diretor de Relações Institucionais da B2W, o prazo girava em torno de 40 dias úteis e agora é de, no máximo, 21 dias úteis. O frete é grátis para todos os produtos.

O executivo não revela qual é a fatia do cross border dentro do e-commerce da empresa nem os investimentos. Mas diz que é “um negócio que vem crescendo rápido”. Lançada em março de 2019, a Americanas Mundo reúne 20 milhões de itens e 200 vendedores internacionais. No terceiro trimestre de 2020, as vendas de cross border cresceram 200% ante igual período de 2019, enquanto o marketplace que vende itens nacionais, avançou 60%. “É uma nova frente que dá certo e tem potencial”, diz.

A forte aceleração de vendas no Brasil durante 2020 foi sentida também pelo AliExpress, do grupo chinês Alibaba, o maior e-commerce cross border do mundo. Há 11 anos no País, o site tem 2,5 bilhões de produtos listados, fornecidos por 8,7 milhões de fabricantes chineses.

Com a pandemia, itens relacionados com conforto da casa ampliaram vendas em mais de 130% e os ligados ao teletrabalho, como webcams, registraram avanço de 3.800%. “Em datas promocionais como Black Friday, dobramos as vendas e outros players também”, diz Yan Di, diretor geral do AliExpress Brasil. O executivo compara essa aceleração de vendas no Brasil em 2020 à pandemia de SARS na China em 2008 e diz que a mudança veio para ficar, mesmo com a vacina.

De olho nesse potencial, a partir do segundo semestre de 2020 o AliExpress freta quatro voos semanais da China para o Brasil. Com isso, reduziu o prazo de entrega para, no máximo, 30 dias corridos e, em alguns casos, chega a sete dias. O frete grátis, que valia para compras de no mínimo US$ 30, foi reduzido para US$ 15.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, diz que o prazo de entrega é o ponto frágil do e-commerce cross border. Pesquisa da entidade mostra que 48% dos brasileiros esperavam mais de 60 dias para receber o produto e que a grande maioria (71%) achava aceitável receber em, no máximo, 30 dias.

Segundo Terra, o e-commerce cross border tinha espaço menor por conta do prazo longo de entrega e do desconhecimento do consumidor. “De um ano para cá, esses dois obstáculos começaram a cair.” Além disso, houve avanço do cross border por meio de redes sociais.

Lacunas

Diante do potencial, os marketplaces buscaram saídas para tornar a venda mais “amigável”. “Verificamos todos os ‘gaps’”, diz Lapagesse. A companhia iniciou o parcelamento em 12 vezes sem acréscimo da compra em reais. Uma vantagem, apontada pelo executivo, é que a empresa tem uma marca nacional forte o que deixa o consumidor mais seguro em relação à aplicação do Código de Defesa do Consumidor, se houver problemas.

Nessa direção o AliExpress abriu uma central que atende o consumidor com profissionais falando português e passou a oferecer devolução grátis da compra por qualquer motivo.

A estratégia desses marketplaces tem endereço certo: conquistar uma fatia maior de um mercado que movimentou em 2018 – o último dado disponível – US$ 2,2 bilhões ou 23% da venda total do e-commerce.

Procurados, Magalu e Via Varejo, dois importantes marketplaces nacionais e que não têm cross border, não quiseram se manifestar sobre o tema.

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