Setor de petróleo capta US$ 100 bilhões para amortecer golpe de vírus
abril 17, 2020(Bloomberg) — A indústria global de petróleo está prestes a levantar US$ 100 bilhões em financiamento em uma corrida que começou há cerca de um mês. Os recursos devem ajudar produtores e fornecedores a enfrentarem a queda dos preços do petróleo e o impacto do coronavírus.
A Exxon Mobil foi a mais ativa, tendo vendido US$ 18 bilhões em títulos novos em duas ofertas. A petroleira também levantou US$ 7 bilhões com uma linha de crédito rotativa, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A BP e a Royal Dutch Shell captaram mais de US$ 15 bilhões por meio de títulos e novos financiamentos bancários, enquanto a Petroliam Nasional, da Malásia, vendeu US$ 6 bilhões em títulos, a maior emissão em dólar na Ásia este ano.
Petrolíferas dão gás a uma corrida financeira global desde os primeiros sinais de melhora da pandemia para reforçar dividendos em meio à queda de quase 60% dos preços do petróleo tipo Brent neste ano. O reforço financeiro e planos de cortes de gastos podem ajudar a indústria a lidar com a demanda em queda, já que o coronavírus restringe as viagens e afeta a economia global.
“As empresas de petróleo podem lidar com esse choque”, disse Herve Dejonghe, gestor sênior da Allianz Global Investors, com sede em Paris, que administra cerca de 4 bilhões de euros (US$ 4,3 bilhões). “Estão cheias de dinheiro e emitiram em larga escala para criar um amortecedor extra.”
Dejonghe comprou títulos de empresas de petróleo e gás em ofertas recentes, mas não deu detalhes.
Globalmente, petroleiras venderam cerca de US$ 55 bilhões em títulos em dólar, euro e libra desde 17 de março, segundo dados compilados pela Bloomberg. Esse volume elevou o total acumulado no ano para US$ 83 bilhões, o que já é o primeiro semestre mais movimentado desde 2015.
“Para as grandes e gigantes, vemos a atual onda de emissão como um reforço da liquidez diante da enorme incerteza do mercado”, disse Simon Redmond, líder do setor de commodities na S&P Global Ratings. “Ao pré-financiar os vencimentos futuros dos títulos, os emissores evitam ter que acessar os mercados quando os preços são menos favoráveis ou, na pior das hipóteses, não poder acessar os mercados quando preciso.”
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