Ethereum: um playground para inovações
dezembro 12, 2020O Bitcoin é certamente a criptomoeda mais conhecida e aquela que motiva as discussões mais inflamadas.
O ódio e paixão estão sempre juntos na discussão, mas é inegável que a atenção em relação a ele é crescente – e poucos hoje nunca ouviram falar dele.
As notícias mais recentes, inclusive, têm vindo da compra de Bitcoin por grandes empresas, dada sua característica de reserva de valor para o longo prazo.
Mas hoje não falarei sobre o Bitcoin e sim sobre uma outra criptomoeda, ou mais precisamente, sobre um outro blockchain: o Blockchain da Ethereum, com sua crypto Ether.
As diferenças com o Bitcoin são muitas.
Começam pelo fato de a Ethereum ter um criador que não é anônimo e que tem um papel importante no seu desenvolvimento, Vitalik Buterin.
Esse russo-canadense de apenas 26 anos tomou como base o blockchain do Bitcoin e agregou a ele uma funcionalidade que está causando uma revolução em vários seguimentos, os SMART CONTRACTS.
Visto de uma forma simplista, enquanto o Blockchain do Bitcoin permitiu que as pessoas trocassem valores pela internet sem a necessidade de um validador externo, os smart contracts da rede Ethereum permitiram que essas trocas fossem condicionais.
Por exemplo: quem alguma vez já vendeu um carro no mercado secundário já teve a dúvida sobre receber o dinheiro antes ou depois de passar a propriedade do carro ao comprador. Bem, por meio de smart contracts é possível condicionar a transferência da propriedade do carro ao pagamento por ele.
As duas operações seriam vinculadas e condicionadas uma a outra. Dessa forma, o risco que temos nessa operação seria imensamente minimizado.
Agora, expanda isso para a quantidade de negócios que fazemos hoje, em que uma funcionalidade como essa, ou um desenvolvimento dela, poderia ser utilizada.
Existem inúmeros projetos sob a alcunha de DEFI que se utilizam dessa rede e dos smart contracts.
Projetos de empréstimos, em que o empréstimo só é concedido se, somente se, o colateral é depositado (MakerDAO); projetos em que fees de negociação de ativos são pagos a quem tiver depositado o ativo em um pool (UNISWAP); projetos de emissão de ações/tokens de startups em que a ação/Token só lhe é entregue se você tiver pago por ela. Esses são apenas alguns exemplos.
Mas isso não se limita a inovações no mercado financeiro. Projetos como o da HELIUM, que está criando uma rede descentralizada de conexão de internet das coisas (IOT); projetos de NFT (non-fungible tokens), que tem o Cryptokitties como o mais conhecido; projetos de tokenização de direitos de atletas (como o feito recentemente pelo MB com o Vasco da Gama), entre muitos outros que estão sendo desenvolvidos a todo tempo.
Todos esses projetos só foram possíveis devido à rede de blockchain da Ethereum.
Uma das suas vantagens é ter um padrão de desenvolvimento desses SMART CONTRACTS (o ERC-20 é o mais famoso) que facilita sua implementação.
A crypto dessa rede, o Ether, diferentemente do Bitcoin, não tem emissão limitada, e serve como o fee a ser pago nas transações.
Outro ponto importante da Ethereum é ela ter, na imensa maioria dos projetos, código aberto, o que permite que a inovação seja feita de forma descentralizada, mundial e, sob alguns aspectos, incremental, já que várias bibliotecas com soluções para determinados casos já estão disponíveis e podem ser usadas e encaixadas em projetos diferentes do original.
Para se ter um parâmetro ainda melhor do sucesso da Ethereum, em 2020 devemos ter um volume superior a US$ 1 trilhão de transações. Esse valor é superior à somatória de todas as ações negociadas na B3 em 2019, e maior que o volume total projetado de negócios na rede do Bitcoin em 2020.
Para uma rede que está operacional há pouco mais de 5 anos não é nada mal, não é?
Mas todo esse sucesso trouxe um congestionamento da rede. Com isso, o custo das transferências por ela acabou ficando muito altos.
Hoje, a rede Ethereum suporta algo entre 15 e 25 transações por segundo, o que é muito pouco, se comparado a outras redes como Visa/Mastercard, que suportam algo como 50.000.
Mas o caminho para escalar essa rede já está definido e sendo implementado. O que todos chamam de ETH 2.0 teve seu primeiro passo implementado com sucesso no início de dezembro e deve, durante 2021, aumentar muito a capacidade da rede.
A Ethereum tem hoje um papel essencial em tudo que diz respeito ao desenvolvimento de blockchain, e por que não, na inovação em todos os setores.
Muitos dizem que a Ethereum pode ter uma importância tão grande quanto a da internet nos próximos anos. A ver.
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