Integrante do BCE apoia extensão de compras de títulos como estímulo
dezembro 2, 2020
(Bloomberg) – Martins Kazaks, do Banco Central Europeu, disse que uma expansão do programa de compra emergencial de títulos da instituição em 500 bilhões de euros (US$ 603 bilhões) seria “razoável” e que apoia uma extensão até meados de 2022.
Com o ressurgimento da pandemia de coronavírus na zona do euro e o provável impacto negativo sobre o crescimento econômico no próximo ano, o BCE precisa continuar a fornecer apoio, disse o presidente do banco central da Letônia em entrevista da capital Riga. As autoridades devem decidir como aumentar o estímulo em 10 de dezembro.
Nos últimos dias, autoridades do BCE, incluindo os que fazem parte do conselho executivo como Isabel Schnabel, sinalizaram que permitir que o Programa de Compras de Emergência na Pandemia, de 1,35 trilhão de euros, seja executado além da data final, em meados de 2021, como forma de evitar um aperto indesejado das condições financeiras.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, prometeu em outubro que as políticas seriam “recalibradas” em resposta ao agravamento da pandemia.
“Acho que a extensão viria junto com uma extensão do tamanho” do programa, disse Kazaks. “Minha preferência seria uma extensão por mais seis meses, mas, se houver uma proposta de estender por mais um ano, eu não me oporia.”
Número razoável
O BCE terá como foco as compras emergenciais de títulos e empréstimos ultrabaratos como principais ferramentas quando ajustar a política na próxima semana. Até agora, o BCE não deu sinais de querer reduzir ainda mais as taxas de juros, por preocupação com o impacto negativo sobre o setor bancário.
Kazaks disse que o valor de 500 bilhões de euros adicionais na compra de títulos, em sua opinião, parece um “número razoável” e não seria exagerado. Ao mesmo tempo, os formuladores de políticas devem enfatizar que o tamanho prometido das compras indica um máximo que não precisa necessariamente ser usado, disse.
“Precisamos ter em mente que o programa de compras da pandemia é um instrumento de emergência e não deve durar além de quando o impacto da Covid-19 na economia seja eliminado.”
Ecoando comentários anteriores de autoridades, como do economista-chefe do BCE, Philip Lane, e do presidente do banco central finlandês, Olli Rehn, Kazaks sinalizou seu apoio para mudanças no programa atual de operações de refinanciamento de longo prazo, conhecido pela sigla TLTROs em inglês.
Os atuais empréstimos de três anos poderiam ser estendidos para cinco anos, disse Kazaks. O BCE também poderia discutir a ampliação da gama de ativos que aceita como garantia. Mas o foco principal seria garantir que os empréstimos sejam direcionados para as empresas que mais precisam deles.
Pouca ação
Kazaks criticou o impasse político que atualmente atrasa o lançamento da chamada Próxima Geração da União Europeia, o projeto de orçamento para vários anos, e do fundo de resgate da pandemia. Esse atraso poderia sobrecarregar a política monetária, disse. O plano de gastos de 1,8 trilhão de euros da UE está sendo segurado pela Hungria e Polônia devido às condições impostas para acessar o dinheiro.
“Atualmente, a resposta da UE tem sido muito comentada, mas com muito pouca ou nenhuma ação”, afirmou. “A política monetária pode fornecer suporte, mas são principalmente os instrumentos fiscais que podem direcionar o fluxo de suporte para setores específicos.”
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