Vendas online de Magalu, Via Varejo e Mercado Livre saltam durante a Black Friday: como os analistas viram os números?

Vendas online de Magalu, Via Varejo e Mercado Livre saltam durante a Black Friday: como os analistas viram os números?

novembro 30, 2020 Off Por JJ

SÃO PAULO – Data que tem se tornado cada vez mais importante para o varejo, a Black Friday, realizada  na última sexta-feira (27), é um evento promocional bastante esperado também pelos analistas do setor de varejo com exposição ao e-commerce, que vem ganhando cada vez mais participação nas vendas das companhias.

De acordo com a Ebit/Nielsen, as vendas online somaram R$ 4 bilhões na última quinta e sexta feira, subindo 25% na base de comparação anual.

Por outro lado, em relação às vendas do varejo como um todo, o ICVA (índice de varejo ampliado da Cielo) sinaliza para uma queda de 14,5% na base anual. O desempenho refletiu principalmente o declínio de 25,5% nas vendas no varejo físico, ainda afetado pela pandemia de Covid-19, enquanto que, de acordo com os dados desse levantamento,  o comércio eletrônico apurou alta de 21,2% ano a ano.

Já a consultoria Neotrust apontou que as vendas na data ficou abaixo das expectativas possivelmente devido à antecipação de compras pelos consumidores. Houve uma antecipação das promoções pela maioria das grandes redes e, com a inclusão de mais consumidores no comércio digital, o efeito pode ter sido sentido de forte mais forte nas lojas físicas.

As companhias também divulgaram resultados preliminares de vendas, dando algumas indicações para os investidores. O Mercado Livre (MELI34), que tem ações negociadas na Nasdaq e também Brazilian Depositary Receipts (BDRs) por aqui, informou um aumento de 130% dos volumes da companhia no Brasil na base de comparação anual.

Além disso, eles destacaram vestuário e casa & decoração com as categorias mais vendidas (em volume). O Bradesco BBI afirma que a variação fica bem acima da estimativa de crescimento do Bradesco BBI para a empresa no quarto trimestre, de 45% e destacou que a companhia poderia ser uma das vencedoras da Black Friday no período. Com isso, a equipe de análise reiterou a sua recomendação outperform (desempenho acima da média) para os papéis negociados na Nasdaq, com preço-alvo de US$ 1.600, frente os US$ 1.513,43 de fechamento na Nasdaq na sexta-feira, potencial de valorização de 5,7%.

O Magazine Luiza (MGLU3), por sua vez, destacou ter antecipado ofertas ao longo do mês de novembro também para evitar aglomerações, informando ter atingido no mês alta de vendas no e-commerce “de triplo dígito médio – acima de 100% para fins de esclarecimento”.

Com isso, de acordo com a Ebit/Nielsen, o Magazine Luiza aumentou em 10 pontos percentuais sua participação de mercado no e-commerce formal brasileiro em novembro, comparado ao ano anterior.

Nas lojas físicas, o crescimento no conceito mesmas lojas em novembro se manteve no patamar
dos meses anteriores, sendo mais forte nas primeiras semanas e relativamente estável na véspera e no
dia da Black Friday, “reflexo da estratégia de antecipação das promoções, evitando aglomerações e
cumprindo todos os protocolos de saúde e segurança”, informou a empresa nesta segunda.

Apenas na categoria de mercado, o Magalu vendeu mais de 1 milhão de itens durante a Black Friday, com alto volume de vendas de itens como cerveja, ketchup, creme de leite, achocolatado, fralda e protetor solar. O aumento de vendas de itens de mercado entre quinta e domingo foi de 225%, setor que a empresa vem focando nos últimos tempos.

Já a Via Varejo (VVAR3) informou nesta segunda-feira que atingiu R$ 3 bilhões em vendas (GMV pedido) durante a Black Friday, superando os R$ 2,2 bilhões de período equivalente em 2019 e assim registrando novo recorde.

A companhia disse que segmentou o evento promocional entre 22 e 28 de novembro, a fim de evitar o risco de aglomerações nas lojas físicas diante da pandemia do Covid-19. As vendas online no período cresceram 99% ano a ano, com participação de 62,4% das vendas totais, acrescentou, citando dados gerenciais, preliminares e não auditados.

Na avaliação do Bradesco BBI, no geral, a princípio a avaliação é de que a Via Varejo experimentou uma desaceleração mais acentuada no crescimento do GMV de comércio eletrônico (ante alta de 220% no terceiro trimestre de 2020 ) do que Magalu, mas o desempenho ainda é claramente forte. A taxa geral de crescimento do GMV de 37% para a semana da Black Friday está em linha com a estimativa do banco de alta de 38% para o quarto trimestre como um todo.

Para o Itaú BBA, por sua vez, os números apresentados pela Via Varejo foram marginalmente positivos, com a companhia apresentando um crescimento razoável durante o evento, principalmente para o canal online, o que representou a continuidade dos ganhos de participação de mercado a partir do terceiro trimestre, quando registrou um ganho de 4,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

“Por fim, notamos que o crescimento robusto na modalidade Click & Collect [ em que a compra é feita online com retirada pelo cliente na loja física], de alta de 142% na base anual, provavelmente trará melhor lucratividade, mas precisamos de mais visibilidade para entender como isso poderia mitigar a pressão natural que o evento tem sobre a margem bruta”, apontam os analistas, que possuem recomendação outperform, com preço-justo de R$ 21, para a ação VVAR3.

A Levante Ideias de Investimentos, por sua vez, aponta que, enquanto os números mostram um bom crescimento para o mercado, o Magazine Luiza se mostrou ainda mais forte que a média, destacando ainda os produtos de mercados. “Acreditamos que o bom resultado da Black Friday deve ter impacto positivos em todo o setor de varejo de e-commerce, mas em especial para o Magazine Luiza com um resultado muito expressivo ao longo de todo o mês”.

Segundo informações do Valor, as vendas de Via Varejo, B2W (B2W)e o Mercado Livre teriam crescido acima do mercado, mas ainda há dúvidas sobre qual companhia ganhou uma fatia maior do mercado.

Enquanto os analistas esperam por mais dados nos próximos dias, novembro caminha para o fim tendo como destaque de perdas justamente as ações das varejistas expostas ao e-commerce, que tiveram forte alta durante o auge dos temores com a pandemia do novo coronavírus.

Magalu vê suas ações caírem cerca de 5% no mês, B2W cai quase 4%, enquanto Via Varejo, apesar da alta de cerca de 3,5% no período, registra um desempenho bem abaixo do Ibovespa, que avança 16%. Contudo, o ativo MGLU3 ainda é a segunda maior alta do ano, com ganhos de 96%, enquanto VVAR3 avança 59% e B2W tem alta bem menos expressiva, de 15%, enquanto o benchmark da Bolsa cai cerca de 5% no mesmo período.

Os analistas da XP Investimentos e do BBI possuem recomendação neutra para os ativos de Magalu e B2W e recomendação de compra para Via Varejo (enquanto o BBI também tem recomendação equivalente à compra para as ações do Mercado Livre negociadas na Nasdaq).

Para o Magalu, a recomendação é baseada principalmente por conta da forte alta das ações, com os analistas destacando a ação como já precificada, enquanto destacam ver a B2W como ficando para trás, com desaceleração do número de vendas no resultado do terceiro trimestre e a Via Varejo ainda apresentando oportunidades em meio à reestruturação (veja mais sobre isso clicando aqui). Mesmo com os dados positivos no geral para a Black Friday (mais dados são esperados para B2W), a expectativa é de mais volatilidade para os papéis das empresas de e-commerce no curto prazo, principalmente por conta do desempenho no acumulado de 2020.

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