Lucro das empresas de capital aberto tem alta de 87% no 3º trimestre; confira o desempenho dos setores
novembro 24, 2020
SÃO PAULO – Em um cenário de recuperação por conta da pandemia do novo coronavírus, o lucro líquido das companhias não financeiras da bolsa brasileira teve alta de 86,9% no terceiro trimestre quando comparado com o mesmo período de 2019, chegando a R$ 20,856 bilhões.
Os dados são de um levantamento da consultoria Economatica, levando em conta 283 empresas de capital aberto, excluindo bancos, seguradoras, a B3 (B3SA3), a Petrobras (PETR3; PETR4) e a Vale (VALE3), já que elas acabam causando uma distorção grande no número consolidado.
Quando consideradas as companhias do setor financeiro, o levantamento sobe para 342 empresas, com o lucro delas subindo 12,53% no mesmo período, para R$ 42,728 bilhões.
Ampliando os dados para toda a bolsa, incluindo a Vale e a Petrobras, o lucro das 344 companhias listadas ficou em R$ 56,797 bilhões entre julho e setembro deste ano, contra R$ 53,6 bilhões no mesmo período de 2019, um avanço de 5,96%.
Para se ter uma ideia da distorção causada pelas empresas financeiras junto com Petrobras e Vale, juntas elas lucraram R$ 35,941 bilhões no terceiro trimestre. No total, são 61 companhias neste grupo, com um resultado 72% superior às 283 outras empresas da bolsa brasileira.
Desempenho dos setores
O setor com maior evolução no seu resultado do terceiro trimestre foi o de construção, com alta de 930% no lucro na comparação anual, segundo a Economatica, seguido pelas imobiliárias, que viram seu resultado subir 120% em um ano.
Entre os motivos para a retomada do setor, os analistas destacam em especial a queda da taxa de juros: além do aumento típico da acessibilidade, os investidores estão transferindo o dinheiro de fundos de renda fixa, que estão com baixo rendimento, para o setor imobiliário, elevando a demanda por imóveis. Já os números das empresas mostraram que há dinheiro em caixa e terrenos para construção.
Por outro lado, o setor com maior lucro total foi o de energia elétrica, que faturou R$ 8,879 bilhões entre julho e setembro.
Já na ponta negativa, as empresas de transporte e serviços viram o seu prejuízo disparar mais de 20 vezes, para R$ 2,662 bilhões – sendo o setor com pior balanço de toda a bolsa -, resultado este bastante impactado pelo isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus.
Os bancos, por sua vez, tiveram uma queda de 18,6% em seu lucro líquido no período quando comparado com 2019, passando de R$ 21,652 bilhões para R$ 17,627 bilhões. Apesar de registrarem uma alta do lucro na comparação com o segundo trimestre, ainda há queda na base anual em meio às fortes provisões para perdas que as instituições tiveram que constituir para se protegerem de eventuais calotes em meio à pandemia do coronavírus.
Confira os dados:
Setor | Lucro líquido no3º tri de 2019 | Lucro líquido no 3ºtri de 2020 | Diferença |
Energia elétrica | R$ 7,488 bilhões | R$ 8,879 bilhões | 18,6% |
Alimentos e bebidas | R$ 3,402 bilhões | R$ 7,149 bilhões | 110,1% |
Comércio | R$ 1,238 bilhão | R$ 2,307 bilhões | 86,4% |
Siderurgia e metalurgia | – R$ 592 milhões | R$ 2,010 bilhões | – |
Construção | R$ 167 milhões | R$ 1,720 bilhão | 929,9% |
Petróleo e Gás (ex-Pretrobras) | R$ 2,714 bilhões | R$ 1,310 bilhão | -51,7% |
Asistência médica e social | R$ 675 milhões | R$ 900 milhões | 33,3% |
Água e esgoto | R$ 1,673 bilhão | R$ 850 milhões | -49,2% |
Máquinas industriais | R$ 485 milhões | R$ 682 milhões | 40,6% |
Imobiliárias | R$ 295 milhões | R$ 649 milhões | 120% |
Outros | R$ 367 milhões | R$ 528 milhões | 43,9% |
Agropecuária e pesca | – R$ 329 milhões | R$ 510 milhões | – |
Locadora de automóveis | R$ 352 milhões | R$ 487 milhões | 38,4% |
Eletroeletrônicos | R$ 1,086 bilhão | R$ 300 milhões | -72,4% |
Têxtil | R$ 205 milhões | R$ 192 milhões | -6,3% |
Software e dados | R$ 489 milhões | R$ 177 milhões | -63,8% |
Minerais não metálicos | R$ 33 milhões | R$ 61 milhões | 84,9% |
Veículos e peças | – R$ 38 milhões | – R$ 471 milhões | – |
Telecomunicações | – R$ 4,328 bilhões | – R$ 1,049 bilhão | – |
Química | – R$ 983 milhões | – R$ 1,115 bilhão | – |
Educação | R$ 192 milhões | – R$ 1,207 bilhão | – |
Papel e Celulose | – R$ 3,313 bilhões | – R$ 1,349 bilhão | – |
Transporte e serviços | – R$ 115 milhões | – R$ 2,662 bilhões | – |
Empresas não financeiras | R$ 11,162 bilhões | R$ 20,856 bilhões | 86,9% |
Seguradoras e corretora de seguros | R$ 4,437 bilhões | R$ 3,108 bilhões | -30,0% |
Bancos | R$ 21,652 bilhões | R$ 17,627 bilhões | -18,6% |
Bolsa de valores | R$ 720 milhões | R$ 1,137 bilhão | 57,9% |
Todas as empresas (ex- Petrobras e Vale) | R$ 37,971 bilhões | R$ 42,728 bilhões | 12,5% |
Petrobras | R$ 9,087 bilhões | – R$ 1,546 bilhão | – |
Vale | R$ 6,542 bilhões | R$ 15,615 bilhões | 138,7% |
Todas as empresas | R$ 53,600 bilhões | R$ 56,797 bilhões | 6,0% |