Vacina Sputinik V apresenta eficácia “acima de 95%” após 2ª dose, diz Rússia
novembro 24, 2020
SÃO PAULO – A vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya na Rússia, apresentou uma eficácia “acima de 95%” 21 dias após a segunda dose da vacina e 42 dias após a primeira dose, de acordo com os dados preliminares. Os resultados não foram publicados em revista científica.
O estudo clínico da Sputinik considera dados de 18.794 pessoas vacinadas. Dessas, 14.095 receberam a vacina, em ambas as doses. As outras 4.699 receberam o placebo (substância inativa).
De acordo com o comunicado do Instituto Gamaleya, a eficácia provisória da Sputnik V é calculada em três momentos: ao atingir 20, 39 e depois 78 casos de nova infecção por coronavírus entre voluntários tanto no grupo placebo quanto no grupo que recebeu a vacina.
Do total de pessoas que participaram do estudo clínico, foram confirmados 39 casos de Covid-19, sendo que oito pessoas haviam sido vacinadas e outras 31 receberam o placebo.
De acordo com o comunicado divulgado pelo Instituto Gamaleya, nenhum evento adverso inesperado havia sido registrado até esta terça-feira (24).
Parte do grupo de vacinados apresentou efeitos adversos menores, como dor no ponto de injeção e sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo dor de cabeça, febre, fraqueza e fadiga.
Atualmente, os ensaios clínicos da fase 3 estão aprovados e em andamento em regiões como Bielo-Rússia, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
A capacidade de produção russa é de 1 bilhão de doses, o que seria suficiente para 500 milhões de pessoas, considerando duas doses para cada um.
A próxima análise de dados provisória será conduzida ao atingir o terceiro ponto de verificação, de 78 casos confirmados de coronavírus entre os participantes do estudo. A última análise dos dados estará disponível no final dos ensaios clínicos de fase 3.
Segundo o comunicado do instituto, “os dados provisórios da pesquisa serão publicados em uma das principais revistas médicas internacionais” – mas o nome da revista não foi revelado. Após a conclusão dos ensaios clínicos de fase 3 da vacina, o Gamaleya fornecerá acesso ao relatório completo.
Comparação com outras candidatas
A vacina russa está entre as quatro que apresentaram eficácia. Assim como a vacina de Oxford com a AstraZeneca, a temperatura de armazenamento da Sputnik V é de 2°C a 8°C (condições normais de refrigeração).
“Esse regime permite a distribuição da vacina em mercados internacionais, além de expandir seu uso em regiões de difícil acesso, incluindo áreas de clima tropical”, diz o instituto Gamaleya.
Essa é uma vantagem em relação à candidata da dupla Biontech/Pfizer, que precisa ser armazenada a -70ºC durante o transporte, e da Moderna, que precisa ficar a -20ºC.
Há duas semanas, a vacina havia apresentado eficácia de 91,4%, sete dias após a aplicação da segunda dose e 28 dias após a primeira dose.
Vale lembrar que a Rússia foi o primeiro país a registrar uma vacina no mundo, em agosto.
Diversas entidades questionaram a efetividade, como a própria Organização Mundial da Saúde. Alguns dos motivos foram a rapidez na aprovação e a rapidez no desenvolvimento da vacina, que divergem dos procedimentos verificados em outras vacinas, além da falta de dados e de resultados disponíveis.
Em outubro, a Rússia anunciou que concedeu aprovação regulatória a mais uma vacina contra o coronavírus, chamada “EpiVakCorona”. Essa ainda está em fases iniciais de ensaios clínicos.
Custos
Em outro comunicado, o instituto informou que o custo de uma dose da vacina Sputnik V para os mercados internacionais será de menos de US$ 10 – embora seja preciso tomar duas doses.
“Portanto, o Sputnik V será duas ou mais vezes mais barato do que as vacinas de mRNA com níveis de eficácia semelhantes. E a vacinação com o Sputnik V será gratuita para os cidadãos russos”, diz o texto.
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