Covas afirma que não existe segunda onda de coronavírus em SP e descarta novo lockdown
novembro 19, 2020
SÃO PAULO – Bruno Covas (PSDB), prefeito da cidade de São Paulo e candidato a reeleição, afirmou nesta quinta-feira (19) que não existe segunda onda de coronavírus e que a pandemia está “estável” em São Paulo. Também descartou a possibilidade de um novo lockdown na cidade, “como infelizmente alguns vêm espalhando”, afirmou.
O prefeito reiterou, por duas vezes, que a cidade de São Paulo está em “estabilidade de evolução na pandemia” e que não vai flexibilizar nem retroceder, por enquanto, ações de quarentena. “Vamos mostrar que não há segunda onda na cidade”, disse Covas.
Durante coletiva de imprensa após compromissos com a agenda da campanha eleitoral, o atual prefeito disse que em São Paulo “não há espaço para nenhum discurso extremista”, sem dar mais detalhes sobre quais discursos seriam radicais.
Embora sustente que não há risco de segunda onda, Covas confirmou a elevação da taxa de ocupação de leitos de UTI no município. Mas justificou o aumento com a redução no número de leitos.
“Há uma estabilidade em relação ao número de casos e óbitos na cidade de São Paulo, mas há uma variação positiva em relação à taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 aqui na cidade de São Paulo”, disse Covas.
Também durante a coletiva, Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde, afirmou que a rede pública da capital tem 45% de ocupação de UTIs em leitos para a covid-19, enquanto a rede privada tem 76%.
O secretário também reforçou o argumento de Covas sobre a inexistência de uma segunda onda na capital paulista. De acordo com Aparecido, o comportamento da pandemia foi diferente em relação a outros lugares como a Europa, onde o aumento de casos e óbitos ocorreu após uma grande queda nos índices.
“O comportamento da pandemia em São Paulo e no Brasil é diferente do que foi no resto do mundo. Ainda estamos no primeiro processo, com variações constantes de óbitos e internações. Não dá para dizer que estamos em uma segunda onda”, disse Aparecido durante a coletiva.
As afirmações do prefeito e do atual secretário da saúde sobre a não existência de uma segunda onda da Covid-19 na cidade ocorrem em um momento de alta de casos e internações na capital, principalmente nos hospitais privados – informação que contradiz a visão de alguns especialistas sobre a situação da pandemia.
Dados do consórcio de imprensa divulgados ontem à noite mostram alta de 71% na média móvel de mortes no estado de São Paulo. Até a última quarta-feira (18), o estado já havia registrado 1.184.496 casos e 40.927 mortes por covid-19. Na capital, são 387.228 casos e 14.066 óbitos, com 1% de alta na quarta-feira, segundo dados da Prefeitura.
Médicos pedem lockdown em São Paulo
São Paulo prorrogou a quarentena até 16 de dezembro, acompanhando um aumento nas internações. Segundo a Folha de S.Paulo, os hospitais municipais tinham 693 internados em decorrência da Covid-19 no dia 13 de novembro (última sexta-feira). As internações cresceram ao longo dos dias e chegaram a 814 nesta terça-feira.
O Governo de São Paulo afirmou, também na terça-feira, que as taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 48,2% na Grande São Paulo e 42,7% no Estado. Na sexta-feira, as taxas eram de 45,2% na Grande São Paulo e 41,4% no Estado.
Ainda de acordo com o jornal, um grupo de infectologistas de São Paulo enviou uma carta a amigos para alertá-los de um “aumento expressivo de casos de Covid-19 nos hospitais de São Paulo”. As instituições de saúde estariam completamente lotadas por conta de aumento de “100%” em alguns serviços.
Na carta, os médicos recomendam novamente praticar o isolamento domiciliar. “Não ir a bares, restaurantes e festas. Não organizem encontros ou eventos sociais. Acreditamos que vocês estejam cansados de tudo isso, mas lembrem-se que nós estamos MUITO mais…. e ainda estamos vendo pessoas morrerem, famílias inteiras contaminadas, e os casos aumentando progressivamente sem nenhuma medida sendo tomada por parte dos governos”, escrevem.
O Jornal Nacional, noticiário da TV Globo, afirmou que o aumento de internações também pode ser visto em hospitais privados. O Albert Einstein, em São Paulo, tinha visto uma média de 50 a 55 pacientes internados por Covid-19 nos últimos três meses. O número começou a subir e foi para 68 na última sexta-feira (13). A ocupação de leitos por conta da doença chegou a 93 na última terça-feira (17).
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