O mundo logo terá vacinas contra Covid-19. Mas as pessoas irão tomá-las?
novembro 19, 2020
SÃO PAULO – Após meses de pandemia, potenciais luzes no final do túnel começaram a aparecer. A CoronaVac produziu 87% de resposta imune na fase 3 e chegou nesta quinta (19) a São Paulo. A vacina da Pfizer/BioNTech registrou eficácia de 95% na prevenção da Covid-19 em sua terceira fase. Resultados preliminares (ainda não publicados em periódicos) da vacina da Moderna mostraram 94,5% de eficiência na fase 3. Por fim, ainda na fase 2 de testes, a vacina Oxford/AstraZeneca induziu resposta imune em todas as faixas etárias.
O mercado financeiro encara com otimismo os resultados com esses testes clínicos. Mas ainda é preciso enfrentar diversos obstáculos: mais testagem, aprovação de entidades reguladoras, produção e distribuição em massa – e, por fim, convencer a população de cada país a se vacinar.
Uma pesquisa do instituto Ipsos-MORI com mais de 18 mil adultos em 15 países, realizada em outubro, mostrou que 73% dos entrevistados se dizem propensos a serem vacinados contra a Covid-19. O número representa uma queda de quatro pontos percentuais em relação ao resultado de três meses atrás.
Os países que mais querem as vacinas
Desde agosto, a intenção de vacinação caiu em 10 dos 15 países pesquisados – incluindo o Brasil, com queda de sete pontos percentuais. Mesmo assim, o país está na lista de países com intenção de vacinação acima da média.
81% dos brasileiros declararam a vontade de tomar a vacina, atrás apenas da Índia (87%), China (85%) e da Coreia do Sul (83%). Reino Unido (79%), México (78%) e Canadá (76%) completam a lista. No outro extremo, os países com menor vontade de tomar a vacina são França (54%), Estados Unidos (64%), Espanha (64%), Itália (65%), África do Sul (68%), Japão (69%) e Alemanha (69%).
Globalmente, mais da metade dos adultos entrevistados (52%) se vacinaria em até três meses depois que a vacina contra Covid-19 se tornasse disponível para a população. 22% tomariam “imediatamente”; 14%, “em menos de um mês”; e 16%, “entre um e três meses”.
Fora dos 52% que se vacinariam em até três meses, 11% tomariam “entre três e seis meses” e 10% tomariam “entre seis e doze meses”. Assim, completam-se os 73% que estão propensos à vacinação.
Especificamente no Brasil, 68% dos entrevistados afirmaram que se vacinariam em até três meses. Nos Estados Unidos, por exemplo, a porcentagem é de 40%.
Por que não tomar as vacinas?
Entre aqueles que não querem tomar a vacina contra a Covid-19, as razões são, principalmente, preocupação com efeitos adversos (34%) e com a rapidez dos testes clínicos (33%). Outras motivações são pensar que a vacina não será efetiva (10%) e que o risco de contrair a doença é muito baixo (8%).
A preocupação com efeitos adversos é mais alta no Japão (62%) e na China (46%). Já brasileiros e espanhóis se preocupam mais com a rapidez dos testes clínicos (48% cada). A rejeição a vacinas em geral é mais alta na África do Sul (21%) e na Índia (19%). Por fim, o sentimento de que o risco de se contagiar pela Covid-19 é baixo é mais comum na China (20%) e na Austrália (19%).