Ibovespa fecha em queda de 2,2% e volta aos 102 mil pontos com coronavírus e falas de Guedes e de presidentes de BCs; dólar sobe a R$ 5,47
novembro 12, 2020
SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (12) após as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que se houver uma segunda onda do coronavírus no Brasil como está ocorrendo na Europa e nos Estados Unidos o governo precisará estender o estado de calamidade e prorrogar o auxílio emergencial.
Apesar do tom alarmista da declaração, que deixou os investidores bastante preocupados por vir do principal representante do liberalismo e do ajuste fiscal dentro da gestão Bolsonaro, Guedes ressaltou que o “plano A” ainda é que a pandemia vai arrefecer e o programa social cairá junto.
Lá fora, os presidentes do Federal Reserve, Jerome Powell, do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e do Bank of England, Andrew Bailey, mantiveram o tom de cautela na economia apesar dos resultados promissores da vacina da Pfizer e da BioNTech contra a Covid-19.
“Não quero ficar muito entusiasmada com essa vacinação porque ainda há incertezas”, afirmou Lagarde, ao passo que Powell disse que era “muito cedo para avaliar com alguma confiança as implicações para o curto prazo”. “Com o vírus se espalhando os próximos meses podem ser desafiadores”, completou o chairman do Fed.
Nos EUA, os índices fecharam em baixa. Dow Jones caiu 1,08% a 29.080 pontos, S&P 500 recuou 1,00% a 3.537 pontos e Nasdaq teve queda de 0,65% a 11.709 pontos.
O Ibovespa teve queda 2,2%, aos 102.507 pontos com volume financeiro negociado de R$ 31,644 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial subiu 1,14% a R$ 5,477 na compra e a R$ 5,478 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro registrava alta de 1,26%, a R$ 5,461 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 terminou a sessão estável a 3,39%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de três pontos-base a 4,98%, o DI para janeiro de 2025 avançou oito pontos-base a 6,75% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 10 pontos-base a 7,56%.
Os EUA seguem registrando aumentos recordes em novos casos de coronavírus conforme ganha força a segunda onda da pandemia. As hospitalizações pela doença saltaram 10% em cinco dias na maior economia do mundo. A Europa também registra um forte aumento no número de casos, o que reforça expectativas de que as restrições à circulação continuarão.
Hoje também é dia de uma bateria de 30 resultados corporativos do terceiro trimestre, incluindo Eletrobras (ELET6) e Marfrig (MRFG3) que já foram divulgados, e B3 (B3SA3), que sai após o fechamento.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), liberou a retomada dos estudos com a vacina chinesa contra a Covid-19, a Coronavac.
Ainda sobre vacinas, na quarta-feira à noite, a farmacêutica Moderna anunciou que os testes de fase três haviam acumulado casos o suficiente de contaminação pelo coronavírus para enviar os resultados preliminares a uma junta independente de monitoramento.
Entre os indicadores, o volume de serviços no Brasil cresceu 1,8% em setembro frente a agosto, revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação sem ajuste sazonal com setembro de 2019 houve queda de 7,2% na atividade do setor, recuo menor que o esperado pelos economistas. A mediana das projeções compilada no consenso Bloomberg apontava para retração de 7,8%.
Testes com vacina voltam a ser liberados
Menos de 48 horas após ter suspendido testes no Brasil com a vacina chinesa Coronavac, produzida pela Sinovac, devido a um “evento adverso grave”, a Anvisa voltou a liberá-los.
O recuo ocorreu após a imprensa divulgar que o evento se tratava do suicídio de um dos participantes do estudo, de 32 anos. A polícia investiga também uma possível overdose acidental. O Instituto Butantan, responsável pela vacina no Brasil, afirmou que pretende iniciar os testes imediatamente.
A suspensão havia pego o Instituto Butantan e o governo de São Paulo de surpresa, e fora comemorada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Twitter, que a tratou como uma vitória contra o governador de São Paulo João Doria (PSDB).
Ele afirmou “esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.
O caso levantou questionamentos sobre uma ação politizada da Anvisa. Bolsonaro pode ter Doria como opositor na Eleição presidencial de 2022, e desautorizou, em outubro, um anúncio do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, da compra de 46 milhões de doses da Coronavac do Instituto Butantan.
Na terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, deu 48 horas para que a Anvisa explicasse os critérios técnicos para a decisão de interromper os estudos. Antes de o prazo expirar, a Anvisa informou, por meio de nota, que recebeu documentos que garantem que a morte não tem relação com o imunizante.
“Importante esclarecer que uma suspensão não significa necessariamente que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança ou eficácia”, frisou a agência. “A suspensão e retomada de estudos clínicos são eventos comuns em pesquisa clínica e todos os estudos destinados a registro de medicamentos que estão autorizados no país são avaliados previamente pela Anvisa com o objetivo de preservar a segurança para os voluntários do estudo.”
Bolsa Família, microcrédito e eleições
Ainda em destaque, o governo pretende criar um programa de microcrédito de até R$ 25 bilhões para trabalhadores informais que vão deixar de receber o auxílio emergencial. A vigência do programa expira no final de dezembro de 2020.
De acordo com informações publicadas em reportagem de capa do jornal O Estado de S. Paulo, o programa de microcrédito foi discutido na última terça-feira pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O empréstimo poderia ficar em entre R$ 1.500 e R$ 5.000.
De acordo com o jornal paulista, a Caixa Econômica Federal, banco oficial responsável pelo pagamento do auxílio, já teria condições de oferecer, hoje, R$ 10 bilhões para financiar a nova linha de crédito.
Outras medidas em estudo poderiam elevar o valor para R$ 25 bilhões. Uma delas seria aumentar os “depósitos compulsórios”, a parcela dos recursos que os bancos são obrigados a deixar no Banco Central.
O Ministério da Economia também estuda reforçar as garantias que dariam suporte a esses empréstimos, por meio, por exemplo dos fundos garantidores FGO, administrado pelo Banco Central, e FGI, gerido pelo BNDES. O público de baixa renda tem dificuldade de acesso a crédito porque não tem como oferecer garantias.
Ainda segundo o Estadão, o Ministério da Economia avalia que não há espaço para continuar fornecendo dinheiro a fundo perdido a trabalhadores informais. A meta seria, portanto, criar a linha de crédito para que possam ter autonomia para trabalhar.
O governo também fomentaria que os trabalhadores se registrassem como Microempreendedores Individuais, de forma que passariam a contribuir com o INSS e obteriam acesso a benefícios previdenciários.
Em paralelo, o governo busca articular com o Congresso um programa que poderia substituir o Bolsa Família, chamado provisoriamente de Renda Cidadã. O desafio é fazê-lo sem estourar o teto de gastos. Também para criar novas formas de oferecer garantias, o governo precisaria encontrar maneiras de encontrar espaço fiscal no Orçamento de 2021.
Já segundo o jornal O Globo, nem auxílio nem Renda Cidadã: o governo planeja ampliar base do Bolsa Família em 2021. Fontes próximas ao presidente Jair Bolsonaro afirmam que ele não trabalha com a possibilidade de renovar o auxílio emergencial, hoje em R$ 300, e que termina em dezembro, e também teria desistido de vez de criar o Renda Cidadã neste ano.
Atenção ainda para as pesquisas eleitorais. A três dias do primeiro turno, o prefeito Bruno Covas (PSDB) ampliou a vantagem sobre seus adversários na disputa pela prefeitura de São Paulo, enquanto três candidatos brigam pela outra vaga para o segundo turno.
É o que mostra a sétima rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta quinta-feira (12). Segundo o levantamento, realizado entre os dias 9 e 10 de novembro, o atual prefeito paulistano conta com 34% das intenções de voto – o que corresponde a um salto de 8 pontos percentuais em apenas uma semana. Veja mais clicando aqui.
Na véspera, o Datafolha também divulgou a pesquisa para a eleição municipal. O atual prefeito se mantém com vantagem, de 32%. Em segundo lugar, há empate técnico entre Guilherme Boulos, que desde a última pesquisa oscilou de 14% para 16%; Celso Russomanno, que oscilou de 16% para 14%; e Márcio França, que oscilou de 13% para 12%.
Já em Macapá, as eleições municipais foram adiadas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, atendendo a pedido do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá. Cidades do estado, incluindo a capital, sofrem com seu décimo dia de um apagão ocasionado pelo incêndio em três transformadores no estado. Ainda não há nova data para o pleito.
Radar corporativo
A JBS, encerrou o terceiro trimestre com resultado acima do esperado pelo mercado. A companhia, dona de marcas como Swift e Friboi, teve lucro líquido de R$ 3,1 bilhões de reais de julho a setembro, frente R$ 356,7 milhões no mesmo período do ano anterior, quando o resultado financeiro havia sido negativo em R$ 3,7 bilhões.
O desempenho foi impulsionado por forte desempenho nas unidades da empresa nos Estados Unidos e no Brasil, além de redução nas despesas financeiras.
A Via Varejo registrou lucro líquido contábil de R$ 590 milhões no terceiro trimestre de 2020, revertendo prejuízo de R$ 346 milhões apurado no mesmo período de 2019. O resultado não recorrente teve lucro de R$ 490 milhões, ante prejuízo de R$ 138 milhões na mesma base de comparação.
A Marfrig viu seu lucro crescer quase sete vezes no terceiro trimestre, chegando a R$ 674 milhões. No mesmo período de 2019, o lucro foi de R$ 100 milhões.
Maiores altas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
TAEE11 | 3.52711 | 31.7 |
HAPV3 | 1.88321 | 69.79 |
BTOW3 | 1.41844 | 75.79 |
KLBN11 | 0.86244 | 23.39 |
PCAR3 | 0.57532 | 66.43 |
Maiores baixas
Ativo | Variação % | Valor (R$) |
---|---|---|
AZUL4 | -6.47651 | 27.87 |
GOLL4 | -5.923 | 19.06 |
ELET3 | -5.82411 | 32.34 |
CCRO3 | -5.72119 | 11.7 |
VVAR3 | -5.62633 | 17.78 |
A Eletrobras registrou lucro líquido atribuível aos sócios controladores de R$ 84,983 milhões no terceiro trimestre de 2019, queda de 7,7 vezes, ou baixa de 87%, frente os R$ 651 milhões no mesmo período de 2019, principalmente por conta da queda de receita de geração.
A CCR teve forte queda no lucro ajustado do terceiro trimestre, de 71,9%, chegando a R$ 93,3 milhões entre julho e setembro. Impactou a companhia a alta do dólar e maiores despesas com depreciação de ativos perto do fim da concessão.
A empresa de tecnologia Locaweb informou lucro líquido no terceiro trimestre de R$ 7,8 milhões, um crescimento de 30,6% sobre os R$ 6 milhões vistos um ano antes. No critério ajustado, o lucro líquido ficou em R$ 12,5 milhões, alta de 30,4% sobre 2019.
A MRV registrou lucro líquido de R$ 158 milhões no terceiro trimestre, queda de 1,6% em um ano, mas aumento de 26,6% na comparação com o trimestre anterior.
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