Cidades inteligentes podem gerar economia aos cofres públicos pós-pandemia
novembro 9, 2020
Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios aponta que boa parte das 5.570 cidades brasileiras estão com as finanças comprometidas. Nos primeiros quatro meses de 2020, 806 delas haviam estourado o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e outras 1.300 estavam em situação emergencial ou prestes a romper o teto legal.
O contexto de pandemia deixou a situação ainda mais delicada. O aumento de despesas com saúde e assistência social se contrapõe com a queda de arrecadação por causa do isolamento social e do fechamento do comércio. Neste cenário, o conceito de smart cities (cidades inteligentes) ganha força no Brasil como uma possibilidade de economia e otimização dos serviços que podem ajudar na retomada dos municípios.
Na prática, as chamadas cidades inteligentes usam a tecnologia para melhorar a infraestrutura, otimizar a mobilidade urbana, criar soluções sustentáveis e atender às necessidades específicas dos cidadãos e de cada município. Apesar de ser novo, esse mercado já movimenta globalmente, por meio de suas soluções, cerca de US$ 408 bilhões por ano.
“A iluminação pública pode ser considerada a porta de entrada da cidade inteligente”, diz Francisco Scroffa, presidente da Enel X no Brasil, linha de negócios globais da companhia Enel dedicada ao desenvolvimento de produtos inovadores.
O setor de energia está passando por uma grande transformação devido à crescente urbanização, descarbonização e digitalização. As soluções sustentáveis e tecnológicas podem contribuir para a superação dos desafios. “Pesquisas relacionadas ao tema apontam que, até 2050, 60% das pessoas vão morar em cidades e, por isso, precisamos mudar as infraestruturas para mais inteligentes, conectadas e sustentáveis”, defende o presidente.
A Enel X tem uma linha de produtos inovadores e uma consultoria específica para criar projetos capazes de contribuir para a gestão dos gastos e investimentos dos municípios. O objetivo é transformá-los em oportunidades para aumentar a eficiência e tornar as cidades mais sustentáveis e tecnológicas. “Neste modelo, aproveitamos as oportunidades das leis vigentes para construir os projetos sem qualquer ônus para os clientes públicos”, diz Scroffa.
Redução de até 40% nos gastos com energia
Segundo o executivo, é possível chegar a uma redução de pelo menos 40% na conta de energia de iluminação pública. Uma parte desse ganho é destinada à remuneração do investimento efetuado em curto prazo. Mas a vantagem também chega ao cliente final. “Além da redução do custo com energia, investimentos desse tipo possibilitam o crescimento por meio da modernização e a adoção de novas tecnologias, aumentando a satisfação dos clientes e a melhoria da sua relação com a cidade”, afirma.
A Enel X é o principal competidor global no segmento de iluminação pública e responde por cerca de 2,8 milhões de pontos de luz no mercado global. No Brasil, já há iniciativas utilizando o conceito de parcerias público-privadas, as PPPs, com contratos de longo prazo e garantias públicas.
Para Scroffa, a preocupação principal é de que os planos sejam exequíveis e de que as tecnologias tragam benefícios ao cidadão, sem custos desnecessários ou necessidade de reequilíbrio contratual futuro.
O primeiro passo, segundo ele, é a modernização da iluminação pública em leds com tecnologia, que além de ter maior eficiência energética, proporciona o aumento da sensação de segurança, a valorização dos prédios históricos e monumentos, a contribuição para a redução da poluição luminosa e se volta para a questão da sustentabilidade.
Além disso, há a possibilidade de utilizar a rede de conectividade multisserviços para atender ao telecontrole das luminárias como sendo a porta de entrada para as cidades inteligentes. “É possível criar cenários específicos para programar a redução da iluminação ou apagar um circuito, com segurança e criptografia, para determinados eventos, aumentar a vida útil dos componentes efetuando uma dimerização, ou seja, a redução do fluxo luminosos sem comprometer a segurança, em caso de não haver movimentação ou com horários programados”, explica.
Referências no mundo
A Enel X tem vários projetos distribuídos pelo mundo. Um dos destaques é Bologna, na Itália, onde partindo do controle da Iluminação pública inteligente já se chegou aos semáforos inteligentes, iluminação adaptativa, câmeras de monitoramento em tempo real, implantação da mobilidade elétrica e adoção da plataforma de mobilidade City Analytics, solução criada para auxiliar governos e instituições na criação de estratégias de mobilidade urbana.
Scroffa garante que é possível implementar uma smart city em municípios de qualquer porte. “Esperamos que no horizonte de dois a três anos tenhamos as primeiras smarts cities consolidadas no Brasil”, diz Scroffa.
No Brasil, a Enel X atua em quatro frentes: e-City, voltada à administração pública, com serviços integrados, soluções de conectividade e soluções digitais para cidades inteligentes e mobilidade elétrica urbana, além da Iluminação Pública e eficiência energética com prédios inteligentes; e- Industries, com soluções para clientes corporativos de diferentes portes e setores, como consultoria e eficiência energética, geração distribuída, soluções off-grid e de resposta à demanda; e-Mobility, com foco em mobilidade elétrica, como infraestrutura de carga, conexão de veículos à rede (V2G) e serviços de reutilização de baterias; e e-Home dedicada aos consumidores residenciais, com serviços desde instalação, manutenção e reparo domésticos até soluções para casas inteligentes, capazes de gerar bastante economia de energia.
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