Ipea: 40% dos informais pararam de trabalhar no 2º trimestre
novembro 6, 2020
Dos trabalhadores que tinham vínculos informais no setor privado no primeiro trimestre, 60% continuaram trabalhando no segundo trimestre, aponta pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), divulgada hoje (6).
O percentual reforça que esse grupo foi o mais vulnerável aos efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho, já que, quando considerados os trabalhadores com todos os tipos de vínculo, a probabilidade de permanecer trabalhando no segundo trimestre foi de 73,8%.
Entre os trabalhadores informais do setor privado, 8,61% dos que trabalhavam no primeiro trimestre perderam o emprego no segundo trimestre e procuraram outra função, enquanto 17,68% mantiveram-se inativos. Outros 13,94% foram afastados temporariamente de suas funções.
A chance de continuar trabalhando também ficou abaixo da média geral para trabalhadores informais do setor público (68%) e trabalhadores por conta própria (67%). Já o percentual foi de 77% para militares e servidores estatutários, 78% para trabalhadores formais do setor privado e 79% para empregados públicos contratados pela CLT.
Estudo
O estudo do Ipea se baseia em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Ipea mostra que, em 2020, aumentou o percentual de trabalhadores ocupados que foram afastados temporariamente, e se tornaram desocupados ou passaram a ser considerados inativos. O percentual dos que trabalhavam no primeiro trimestre e se afastaram no segundo trimestre, 13,1%, superou de forma expressiva o dos anos de 2018 e 2019, que foi 1,5%.
O afastamento temporário foi ainda mais frequente entre os trabalhadores informais do setor público (21,42%) e entre os militares e servidores estatutários (21,37%). Entre os trabalhadores da iniciativa privada, a probabilidade de ser afastado no segundo trimestre foi de 13,92% para os formais e de 13,94% para os informais.
Desempregados e inativos
O fluxo em direção à desocupação cresceu de maneira menos expressiva, de 3,4% em 2018 e 2019, para 3,8% em 2020. É classificado como desocupado aquele que não está trabalhando, mas declarou que buscou emprego nos últimos dias.
Já os inativos são aqueles que não têm nem estão procurando um posto de trabalho. Em 2020, 9,3% dos trabalhadores que estavam ocupados no primeiro trimestre transitaram para a inatividade no segundo. Em 2018, esse percentual foi de 6,8%, e, em 2019, de 5,8%.
O Ipea analisa que o aumento da inatividade está associado ao desalento, comum a períodos de queda na economia, e aos efeitos específicos da pandemia sobre a oferta de trabalho, como as medidas de distanciamento social e as restrições à mobilidade das pessoas. Além disso, o instituto avalia que há um “significativo efeito renda proporcionado pelo auxílio emergencial, especialmente para as famílias de menor renda”.
Os trabalhadores por conta própria apresentaram o segundo maior percentual de fluxo para a inatividade: 14,3% dos que estavam trabalhando deixaram de ter ocupação no segundo trimestre e não procuraram outro posto de trabalho. Outros 4,04% passaram a ser considerados desempregados.
Para os trabalhadores formais do setor privado, esse percentual foi bem menor: 3,12% se tornaram desempregados, e 5,14%, inativos.
O Ipea prevê que, caso a situação da pandemia permita a continuidade da flexibilização do distanciamento social, o grupo dos inativos deve diminuir, elevando a participação da população na força de trabalho, seja como população ocupada ou como desempregados procurando emprego. A redução do valor do auxílio emergencial também deve contribuir para esse movimento, e o retorno desses trabalhadores à busca por um emprego deve continuar a aumentar a taxa de desocupação no curto prazo, mantendo-a em um patamar elevado por algum tempo.