Em meio a coronavírus, gestores têm maior posição em caixa desde atentado de 11 de setembro, diz BofA

Em meio a coronavírus, gestores têm maior posição em caixa desde atentado de 11 de setembro, diz BofA

abril 14, 2020 Off Por JJ

One Hundred Dollar Bill With Medical Face Mask on George Washington
(Feverpitched/Getty Images)

SÃO PAULO – Em um cenário de maior aversão a risco, com a escalada da disseminação do coronavírus, gestores de fundos de investimento têm optado por aumentar suas posições mais líquidas do portfólio.

E, seguindo a expressão “cash is king”, os níveis de caixa alcançaram seu maior nível desde o atentado de 11 de setembro, em 2001, subindo de 5,1%, em março, para 5,9%, em abril – acima da média dos últimos dez anos, de 4,6%. É o que mostra a pesquisa “Global Fund Manager”, elaborada pelo Bank of America com gestores de recursos e feita entre os dias 1 e 7 deste mês.

Diante de grandes incertezas e impactos ainda imensuráveis da crise nas economias, o apetite ao risco de investidores também registra seu menor patamar desde setembro de 2011, com 44% optando por não aumentar a parcela mais arrojada da carteira.

Em ações, as posições foram significativamente reduzidas, com 27% dos gestores afirmando estar com posição “underweight” (abaixo da média do mercado) – a menor alocação em 11 anos. A posição “overweight” (acima da média) no mercado acionário americano, contudo, subiu para 15%, tornando a região a preferida, após cinco meses perdendo a liderança para os emergentes.

Nos portfólios, o movimento tem sido o de saída de ativos cíclicos para a entrada em aplicações mais defensivas, mostra o levantamento.

Na parte comprada, a busca tem sido pela bolsa americana, nos setores de saúde, utilities e tecnologia, bem como bonds (títulos do governo). Na parte vendida (aposta na queda), investidores citam ações no geral, em especial nos segmentos de energia, materials, industriais, bancos e em papéis na zona do euro.

De olho em investimentos mais líquidos, investidores têm aumentado suas posições em instrumentos passivos, caso dos fundos de índice (ETFs), com uma média de 22% dos ativos sob gestão alocados nos produtos, segundo o BofA.

Ainda de acordo com a pesquisa, nos próximos 12 meses, 14% dos entrevistados pretendem mudar a exposição aos ETFs, com 26% cogitando aumentar a fatia e 11%, reduzi-la.

Recessão em 2020 e lenta recuperação

Com um maior pessimismo do mercado, atingindo seu pico neste mês de acordo com o banco americano, 93% dos entrevistados veem uma recessão em 2020, a maior parcela desde março de 2009.

A saída da crise também não deve ser rápida, aponta a pesquisa, com pouco mais da metade dos entrevistados vendo uma recuperação mais lenta, em trajetória em “U”.

Entre as maiores preocupações no horizonte, 57% destacam uma segunda onda de contaminações de coronavírus, enquanto 30% citam um evento de crédito sistemático.

Divulgada mensalmente, a pesquisa do BofA consultou na edição de abril 207 gestores, com um total de US$ 597 bilhões em recursos sob gestão.

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