Azul esclarece motivo para controlador David Neeleman se desfazer de mais de 80% de suas ações PN da empresa
abril 14, 2020A Azul (AZUL4) comunicou, após o fechamento do mercado na última segunda-feira, que seu controlador e fundador, David Neeleman, reduziu em quase 50% sua participação na aérea ao se desfazer de mais de 80% de suas ações preferenciais, conforme formulário de posição consolidada enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Clique aqui para acessar o comunicado.
Neeleman vendeu 9,3 milhões de PNs, diminuindo sua fatia de ativos de PNs de 11,4 milhões para 2,11 milhões (uma redução na participação de mais de 80%) e levantando R$ 155,3 milhões com as vendas.
As vendas ocorreram entre os dias 12 e 18 de março e foram feitas pela corretora do Citigroup, atingindo preços de R$ 10,60 a R$ 23,54. O maior volume financeiro transacionado ocorreu no dia 16, quando houve a venda de 2,75 milhões de ações PNs a um preço de R$ 17,16, totalizando um volume de R$ 47,20 milhões.
Neeleman começou a se desfazer de sua posição acionária quando os papéis já estavam sofrendo uma forte queda por conta da crise do novo coronavírus (Covid-19), que levou a restrições de viagens no mundo todo. No ano, os papéis caem mais de 70%, sendo uma das maiores baixas do Ibovespa no acumulado de 2020.
O empresário, contudo, mantém o controle da Azul através das ONs, que proporcionam direito a voto, com 622 milhões de papéis. Cada ação preferencial vale 75 ações ordinárias. Assim, ele possui 8 milhões de ações preferenciais equivalentes, na forma de ações ordinárias. Esse montante, somado às 11,4 milhões de ações preferenciais originais, atingiam as 19 milhões de “ações preferenciais ajustadas”, conforme destaca a companhia. Desta forma, depois da venda de 9,3 milhões de papéis preferenciais, ele possui participação de 3,05% do capital total da Azul, ante 5,8% detidos anteriormente.
Em comunicado, a Azul informou que a redução de fatia de Neeleman foi execução de garantia. O fundador da companhia fez um empréstimo pessoal de US$ 30 milhões em 2019, usando como garantia parte de suas ações na empresa, aponta o informe.
A crise por conta da pandemia do novo coronavírus no mercado de ações, segundo a empresa, “ocasionou uma chamada de margem no empréstimo, e devido à velocidade do movimento e o fato de ele ter outros investimentos no setor sem liquidez como TAP e Breeze, não houve tempo para levantar a liquidez adequada. Assim, os bancos custodiantes executaram a garantia.”
O impacto da pandemia do Covid19 no mercado de ações ocasionou uma chamada de margem no empréstimo, e não houve tempo para levantar a liquidez adequada para evitar a execução a garantia,
diz a Azul. Neeleman “não vendeu de maneira ativa nenhuma ação da Azul”, diz a empresa, afirmando que o fundador acredita no potencial da companhia aérea.
Apesar do esclarecimento, a XP Investimentos avalia que a venda pode suscitar preocupações em relação à situação financeira da empresa.
“Mantemos uma visão cautelosa de curto prazo sobre o setor, mas também mantemos a Azul como nossa principal escolha no setor, principalmente em um cenário de (i) crescimento potencialmente mais alto a longo prazo, associado a (ii) uma perspectiva sólida de rentabilidade com a incorporação de jatos mais novos”, avalia a analista Bruna Pezzin.
A analista ainda reforça que, embora volte o foco para 2021, reconhece que a profundidade da crise será fundamental para determinar a liquidez das companhias aéreas e como elas definirão seus planos de crescimento.
Como se tornar um trader consistente? Aprenda em um curso gratuito os set-ups do Giba, analista técnico da XP, para operar na Bolsa de Valores!