Mercado debate critérios de pontuação de fundos ESG
outubro 26, 2020
(Bloomberg) — Fundos de índice que seguem temas ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês, atraíram fluxos recordes neste ano, à medida que os Estados Unidos enfrentam a pandemia, o clima instável e protestos nas ruas.
Mas, para quem deseja investir com consciência, pode valer a pena analisar os dados mais de perto.
Os fluxos para ETFs ESG aumentaram para US$ 22 bilhões no acumulado do ano, cerca de três vezes o total de 2019, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O problema é que o rótulo não é monitorado por reguladores dos EUA e não há consenso em como pesar os componentes ESG, o que resulta em algumas posições de fundos surpreendentes.
O ETF IShares ESG Aware MSCI USA (ESGU), da BlackRock, inclui participações na Exxon Mobil e na Chevron, por exemplo, enquanto suas maiores fatias são em empresas de tecnologia sob investigação por abuso de monopólio.
Ações no ETF Xtrackers MSCI USA ESG Leaders Equity (USSG) incluem as do McDonald’s, que está no radar devido ao tratamento de empregados.
“Se você entrar nisso pensando que quer ‘despertar’ seu portfólio e vir aquelas empresas, vai pensar ‘o quê? Não foi para isso que entrei”, disse Eric Balchunas, analista de ETF da Bloomberg Intelligence.
Três produtos da BlackRock dominam o mercado de fundos ESG e constituem a maioria dos ativos totais. Os ETFs IShares ESGU, iShares ESG Aware MSCI EM (ESGE) e iShares ESG Aware MSCI EAFE (ESGD), da BlackRock, respondem por cerca de US$ 13,4 bilhões dos fluxos acumulados no ano.
A BlackRock trabalha com a MSCI para definir as regras de inclusão e exclusão de seus fundos. A MSCI, que pontua os ETFs baseados em suas posições nos riscos ambientais, sociais e de governança e oportunidades, classifica o ESGU e o ESGD como AA, um nível abaixo da maior classificação, enquanto o ESGE é classificado como A.
O índice ESGU acompanha empresas envolvidas com armas de fogo civis, armamentos polêmicos, tabaco, carvão térmico e areias petrolíferas. Um fundo do Vanguard Group adota uma abordagem mais rígida: seu ETF ESG US Stock (ESGV), de US$ 2,2 bilhões, exclui empresas envolvidas em entretenimento adulto, álcool, tabaco, armas, combustíveis fósseis, jogos de azar e energia nuclear.
A categoria ESG é inerentemente subjetiva, disse Ben Johnson, diretor global de pesquisa de ETF da Morningstar. Embora os investidores possam querer “tirar o chapéu” para o ESG, muitos não querem ficar muito atrás do desempenho de indicadores de referência.
Cerca de 53% dos entrevistados em recente pesquisa da Nuveen citaram melhores retornos como razão para escolher o investimento responsável. Apenas 51% estavam mais interessados por causa dos desastres naturais deste ano.
A Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News, está desenvolvendo um sistema de pontuação ESG. E a Bloomberg Intelligence analisa fundos de mudança climática observando sua exposição ao carbono.
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