Verde: “Não enfrentar problemas e se esconder nos atalhos fáceis e populistas só nos levará a mais miséria no futuro”
outubro 7, 2020SÃO PAULO – Com o aumento dos gastos públicos para minimizar os impactos econômicos da pandemia de coronavírus, o momento agora é de cortar gastos ineficientes, respeitar o teto de gastos e usar melhor os recursos da já elevada carga tributária brasileira. A avaliação é da renomada Verde Asset, em sua carta a cotistas do fundo Verde referente ao mês de setembro.
“O caminho de não enfrentar os problemas e se esconder nos atalhos fáceis e populistas só nos levará a mais miséria no futuro”, escreveu a asset, no relatório.
Ao analisar o risco fiscal do país desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a gestora de Luis Stuhlberger chega à conclusão de que o auxílio emergencial foi importante e cumpriu o seu papel na crise, mas avalia que não tem motivos para o programa continuar.
“A decisão acertada do ponto de vista fiscal e do propósito do programa (de compensar emergencialmente a renda perdida durante a pandemia) é a de efetivamente descontinuar o programa a partir de janeiro, sem que isso tenha impactos profundos na renda recebida em relação ao que se observava antes da pandemia”, diz a Verde.
A justificativa é de que o programa teve um gasto muito maior do que o que seria necessário para apenas compensar a queda sofrida em decorrência da crise, e que não há espaço fiscal (de déficit ou dívida) para acomodar mais gastos no país.
“Não é por capricho, portanto, que as reações dos preços de ativos, câmbio, juros e bolsa, são extremamente fortes quando o governo dá mostras de querer abandonar a única âncora que segura toda a sustentabilidade da dívida, que é o Teto de Gastos”, assinala a gestora.
No gráfico exposto a seguir, a Verde compara a dívida pública e os gastos com a pandemia entre países emergentes, mostrando que os únicos países que gastaram um valor semelhante ao do Brasil foram Peru e Chile, ambos com “grau de investimento” e dívidas públicas antes da pandemia próximas a 25% do Produto Interno Bruto (PIB), isto é, com “muita margem de manobra”.
Os gestores destacam que a transferência de renda via auxílio emergencial foi “típica de primeiro mundo”, com um volume de recursos públicos que só poderia ser bancado por um país desenvolvido.
“O problema brasileiro, na verdade, é a combinação de um gasto na pandemia extremamente elevado para nosso padrão de renda com um nível inicial de endividamento muito acima”, argumentam.
A Verde escreve ainda que houve uma queda de consumo ao longo dos últimos meses, apesar do aumento do rendimento dos domicílios, o que resultou em um crescimento substancial da poupança das famílias. E é essa poupança, segundo a gestora, que servirá de amortecedor para o fim do auxílio emergencial, “especialmente se houver confiança na solidez da economia e das contas públicas”.
Em setembro, o fundo Verde apresentou queda de 1,22%, ante variação de 0,16% do CDI. A principal contribuição negativa partiu da alocação em ações, com baixa de 0,94%.
No ano, o desempenho do fundo também é negativo, em 1,47%, diante da variação de 2,28% do CDI.
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