Ibovespa fecha em queda, mas tem melhor semana desde março de 2016; dólar cai mais de 4% no período
abril 9, 2020SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (9) com um movimento de zeragem de posições compradas antes do feriado aliado às incertezas a respeito do resultado da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
Primeiro surgiram rumores de que Arábia Saudita e Rússia cortariam suas produções em até 20 milhões de barris por dia. Depois, o valor que surgiu nas notícias foi de 10 milhões, com 5 milhões adicionais de redução para os países que não são membros do cartel.
Nesta quinta, o barril do petróleo Brent caiu 2,31% a US$ 32,08 e o barril do WTI, depois de chegar a subir 12%, terminou a sessão com queda de 6,26% a US$ 23,52. A preocupação é de que o volume de cortes discutido seja equivalente a apenas uma fração da perda de demanda, que alguns operadores estimam em 35 milhões de barris por dia.
O principal índice acionário da B3 teve baixa de 1,2% a 77.681 pontos com volume financeiro negociado de R$ 24,86 bilhões. Já na semana, o Ibovespa subiu 11,71%, sua maior alta desde a semana encerrada no dia 4 de março de 2016, segundo dados da consultoria Economatica, quando o benchmark registrou uma valorização de 18,01%.
A desaceleração nos números de novos casos e mortes por coronavírus na Europa e na Ásia, conjugada aos planos de estímulos econômicos lançados no mundo todo para combater os impactos da pandemia, foi o principal fator de otimismo nos mercados nos últimos quatro dias.
De ontem para hoje, 446 pessoas morreram pela Covid-19 na Espanha, contra 747 no dia anterior, e 610 morreram na Itália, ante 542 na véspera. Nos Estados Unidos, que passam pelo pico da doença, foram 1.326 mortos hoje e 1.940 ontem.
Hoje mais cedo, a Bolsa chegou a subir quase 2% com expectativas pela resolução da guerra de preços de petróleo aliadas ao anúncio do Federal Reserve de US$ 2,3 trilhões em financiamentos para apoiar governos locais e empresas nos EUA.
Amanhã, a Bolsa está fechada por conta da Sexta-Feira da Paixão, o que levou investidores a embolsarem os lucros antes do feriado com medo de ficarem posicionados no fim de semana prolongado sem poderem operar as notícias que vão surgir nos próximos dias.
Também no radar, o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos passou de 6,648 milhões na semana encerrada no dia 27 para 6,606 milhões na semana passada, acima da expectativa mediana dos economistas do mercado financeiro compilada no consenso Bloomberg, que apontava para um aumento a 5,5 milhões de pedidos. A semana anterior havia sido de recorde histórico de pedidos.
Já o dólar futuro para maio tem queda de 0,55% a R$ 5,102. O dólar comercial, por sua vez, apresentou baixa de 1,02%, a R$ 5,0886 na compra e R$ 5,0906 na venda. Na semana, o dólar caiu 4,42%.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu 11 pontos-base a 3,87%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de 16 pontos-base a 5,04% e o DI para janeiro de 2025 recuou 10 pontos-base a 6,66%.
Entre os indicadores divulgados hoje, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março subiu 0,07% na comparação mensal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na base de comparação anual, a alta foi de 3,30%. Foi o menor resultado para o mês de março desde o início do Plano Real.
A expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg era de um avanço para 0,12% em março na comparação mensal e de alta de 3,36% na comparação anual.
Discurso de Bolsonaro
Em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV na noite da quarta-feira (8), o quinto na crise da epidemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso da cloroquina, disse que sempre colocou a vida em primeiro lugar e criticou governadores e prefeitos. De novo, sob panelaços.
“Sempre afirmei que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego, que têm que ser tratados simultaneamente.” Confira clicando aqui.
Pouco antes, em derrota para o governo, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que estados e municípios têm autonomia para impor isolamento social, em ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), informa a Folha de S. Paulo.
Conforme destaca o Valor, além do impacto da covid-19 na atividade econômica, a inadimplência ameaça a receita dos Estados. As projeções para a arrecadação de abril, referente às operações de março, vão de queda de 19% a 32% e contemplam não só a redução do valor em notas fiscais emitidas, mas também o atraso no pagamento do Imposto obre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) devido.
Noticiário corporativo
Como contrapartida para a liberação de recursos do setor, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu exigir das operadoras de planos de saúde que atendam a clientes inadimplentes e pagamento a prestadores de serviço durante a epidemia da Covid-19.
Cerca de 50 milhões de brasileiros são clientes dos planos das operadoras. A não interrupção do atendimento é uma das exigências da ANS para desbloquear cerca de R$ 15 bilhões de um fundo de R$ 53 bilhões de reservas técnicas das operadoras, informa reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
A Ânima Educação contratou um empréstimo de R$ 450 milhões com a International Finance Corporation (IFC). O grupo paulista de educação pagará o empréstimo a partir de 2023 e pretende usar os recursos para fortalecer seu caixa, integrar as empresas adquiridas no ano passado, como a UniCuritiba, e planejar novos negócios.
A IFC é acionista minoritária da Ânima desde 2013. Já a Vale informou ontem que estenderá a paralisação da sua mina de cobre e níquel em Voisey’s Bay, no Canadá, por até três meses. A Vale parou a mina em 16 de março por causa da epidemia do coronavírus. Voisey’s Bay fica no norte da província da Terra Nova e Labrador.