Gestoras de ações Navi e Tork procuram nomes à prova de crises; confira a seleção
abril 9, 2020SÃO PAULO – Antes da eclosão da crise, o Ibovespa beirava os 120 mil pontos, o que corresponde a uma distância aproximada de 30% ante os patamares atuais, ao redor dos 80 mil pontos. Esperar que em alguns meses a Bolsa retorne ao nível pré-crise é algo pouco provável, na avaliação de Waldir Serafim, sócio fundador e co-CIO da gestora de ações Navi Capital.
O gestor acredita, contudo, que alguns nomes pontuais podem, sim, voltar aos patamares anteriores ao da escalada da pandemia em um prazo de tempo relativamente curto, de até um ano, seja porque são empresas menos afetadas por seguirem prestando seus serviços ou porque muitos dos seus concorrentes devem ficar pelo caminho.
Entre as companhias que a Navi tem em carteira aparecem nomes como TIM e Lojas Americanas. “Não podemos esquecer que, via de regra, as empresas na Bolsa são as melhores do Brasil”, disse o gestor, durante videoconferência promovida nesta quarta-feira pela XP Investimentos.
No caso da TIM, Serafim explicou que a decisão pelo investimento decorre do baixo endividamento e pelos múltiplos bastante descontados da empresa, além do fato de se tratar de uma companhia que segue com seus serviços em funcionamento.
Já sobre as Lojas Americanas, o gestor da Navi enalteceu o seu braço de e-commerce e destacou ainda as vendas nas lojas físicas, que seguem abertas. “A empresa agiu bem ao alterar a composição dos produtos na prateleira nas últimas semanas, privilegiando artigos mais essenciais”, disse Serafim.
Marcelo Magalhães, da Tork Capital, também presente na videoconferência, corroborou a visão positiva sobre o setor de varejo digital ao citar uma posição em Mercado Livre.
A distribuidora de energia elétrica Equatorial é outra ação que a Tork carrega atualmente. “A Equatorial é um case excelente, que conseguimos comprar por um preço muito atrativo devido às incertezas sobre o negócio nos próximos meses, já que os consumidores poderão ficar inadimplentes sem ter a luz cortada”, afirmou Magalhães, que prevê um pacote governamental bilionário de socorro direcionado ao setor elétrico.
O gestor da Tork ponderou, no entanto, que é difícil montar uma carteira apenas com empresas que conseguem se proteger melhor em momentos de crise. Compõem o portfólio da Tork, por exemplo, as ações da Petrobras, duplamente afetada pela crise do coronavírus e pela guerra de preços de petróleo.
“Na minha visão, quanto pior ficar o cenário melhor será para a Petrobras”, disse Magalhães, explicando que o custo de produção da petroleira é baixo, o que deve lhe dar condições de passar pela turbulência muito melhor que a concorrência de menor escala.
Passado, presente e futuro
Em comum, ambos os gestores disseram ter entrado em março com os fundos altamente comprados, dada a perspectiva positiva que imperava no país até o carnaval e antes do choque de realidade trazido pela pandemia.
Além disso, os profissionais se unem no fato de trabalharem com dois cenários-base principais – um deles um pouco mais positivo, em que a Bolsa não retoma os patamares pré-crise, mas tem alguma valorização, podendo chegar no fim do ano ao redor dos 90 mil pontos, segundo cálculos de Magalhães. No outro horizonte, mais pessimista, a bolsa deve ainda sofrer um pouco mais em 2020, podendo chegar em dezembro próxima dos 60 mil pontos.
“A amplitude de cenários possíveis ainda é bastante grande e é muito difícil atribuir um grau de probabilidade a cada um deles diante do nível de incerteza”, afirmou o gestor da Tork.
Serafim, da Navi, tentou transmitir uma visão um pouco mais otimista. “As curvas de crescimento estão começando a se estabilizar em alguns países mais adiantados no ciclo, com o desenvolvimento de exames rápidos e cada vez mais baratos no mundo inteiro, o que será um grande aliado no combate ao coronavírus”, disse o gestor da Navi.
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